Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

segunda-feira, novembro 11, 2013

A entrevista de Paul de Grauwe à LUSA.
Simplesmente, notável!
Vamos tê-la em atenção!
Por Brasilino Godinho

Como português que sente no corpo e na alma a opressão e as agressões de que é vítima o povo português, vindas da parte do (des)governo, tenho a obrigação de dar testemunho do meu maior apreço pelas desassombradas afirmações de elevado cunho ético/social e de assinalável expressão técnico/profissional do conhecido e respeitado economista belga Paul de Drauwe, professor de Política Económica Europeia, na London School of Economics e da Universidade de Leuven, Bélgica. Outrossim, manifestar-lhe, em público, o meu profundo agradecimento pela sua oportuna e abalizada intervenção em sede de análise da conjuntura nacional portuguesa. Portanto, reforço o meu propósito de apreço: Bem-haja!
Este meu aplauso a Paul de Drauwe é tanto mais oportuno quanto a sua lúcida análise se apresenta com o vigor de uma voz isenta e autorizada, a sobressair na poluída atmosfera sobreposta ao espaço pantanoso do solo pátrio que nos é adstrito. Acresce que as afirmações de Paul de Drauwe têm a característica de serem acentuadamente convincentes; quer pela acessível linguagem utilizada, quer pelo superior valor intrínseco da formulação dos conceitos e das conclusões analíticas. Também factor relevante nas declarações do economista belga é o que delas decorre como manifesta contradição e repúdio dos teores das falaciosas campanhas diárias desenvolvidas pelos jornalistas e economistas de serviço - nitidamente, prestimosos, subservientes e colaboracionistas (assinale-se!) - alinhados com o governo.
Vem a talho de foice referir a insólita circunstância de, em Portugal, só depararmos com o economista, professor universitário, João Ferreira do Amaral, empenhado na imprescindível destrinça das péssimas consequências derivadas das desastradas políticas prosseguidas pelo chamado governo - este, o maior e desqualificado (no contexto nacional e a nível internacional) causador das desgraças em que está mergulhado o País.

Da entrevista, aqui focada, há que destacar três afirmações lapidares:

01. "É difícil entender como pode o Governo magoar a população e sentir-se orgulhoso disso".
Tal procedimento do (des)governo tem sustentáculo causal no facto de lhe faltar sentido de Estado, idoneidade moral, competência técnica, maturidade política e sensibilidade social.
O escritor António Lobo Antunes, numa crónica publicada na edição de 31 de Outubro de 2013, da revista Visão, escreveu que não há governo em Portugal. O que existe, segundo o conhecido escritor, é "um bando de meninos". Assim sendo, dá para entender porque o (des)governo magoa a população e se sente orgulhoso disso. Esta invulgar circunstância de menoridade dos pseudos governantes portugueses não foi apercebida por Paul de Grauwe. Daí, ele ter dito não entender os aberrantes procedimentos das aludidas criaturas.

02. "Dizem aos portugueses que têm de fazer mais sacrifícios. Para quê? Para pagar a dívida aos países do Norte (da Europa). Isto é explosivo. Os portugueses não vão aceitar isso indefinidamente".
Infelizmente, muitos portugueses (incluindo os 800 novos multimilionários, nados e criados nos últimos 12 meses) vão se acomodando e encarando a situação numa perspectiva de clubite aguda... ou de oportunístico aproveitamento, incidindo na exploração da sua engendrada "Quinta Lusitana" em que transfomaram Portugal.
Este quadro traduz a pungente realidade: o povo português está confrontado com um desmedido estádio de perversão político/social. Ele irá manter-se até quando?

03. "O governo português fez o grande erro de tentar ser o melhor da turma no concurso de beleza da austeridade. Não havia razão para Portugal fazer isso; podia não ser o melhor da turma; podia nesmo ser o pior e isso seria melhor para a economia".
De facto, a pretensão saloia de ser o melhor da turma no "concurso de beleza da austeridade" só podia estar na ideia de gente inapta. Aliás, ela, representação mental, destrambelhada de todo, vem dos tempos de Cavaco Silva enquanto chefe do governo. E aqui chegados vale a pena mencionar, que o actual presidente da República se limita a apoiar o desgoverno que impera em Portugal. Pior, assiste, indiferente, à persistente destruição de todos os sectores vitais do País; a qual, se configura como obscura tarefa irresponsável desenvolvida pelos tais meninos identificados pelo escritor António Lobo Antunes.
O que nem constitui surpresa.
Para ilustrar a antecedente observação sobre o equívoco desempenho da presidencial peça figurativa/decorativa do Palácio de Belém, limito-me a reproduzir as declarações do famoso comentador dos domingos, das televisões e conjecturado candidato às próximas eleições presidenciais, professor Marcelo Rebelo de Sousa, inseridas na edição de 26/5/95, do semanário (já extinto)'Tal & Qual':

"Posso provar que sou isento: nunca ninguém foi capaz de dizer o que eu disse e repito: a incultura de Cavaco Silva, política e não só, é abismal - e o seu triunfo foi o da vulgaridade. Vejam lá se algum comentador teve a coragem de dizer isto...".

Logo, nesta altura, o prof. Marcelo omitiu as suas mui operosas, exímias, manobras de bastidores no decurso do Congresso do Partido Social Democrata (PSD) realizado em 1985, na Figueira da Foz, que guindou Cavaco Silva à chefia desse grémio partidário (PSD) e a decisiva importância que elas tiveram em tal desfecho de consagração da "incultura política" e do "triunfo da vulgaridade" - componentes qualitativas(...) que, tardiamente, dez anos depois (em 1995), lhe reconheceu. Afinal, assinalados factores distintivos da aludida personalidade cavacal.
Mas, retomando o fio condutor da presente reflexão, regista-se que a passagem do tempo e a cronologia dos acontecimentos políticos em Portugal, vêm confirmando sentido de objectividade às observações feitas em 1995 (reproduzidas no Tal & Qual) pelo conhecido professor das lides televisivas, acerca da cavacal figura.
Também, por demais evidente, se manifesta, correntemente, a vacuidade e imprecisão do rotineiro 'discurso' do professor Marcelo; ambas, marcas impressivas, associadas à sua peculiar desconformidade com a coerência.
Todavia, o professor Marcelo num pronto - e tal como já sucedera anteriormente com o seu protagonismo no congresso PSD, da Figueira da Foz - esqueceu a sua suposta "coragem"... Rapidamente, se dispensou de repetir o que dissera com espavento ao semanário Tal & Qual. E como isso fosse de pouca importância, posteriormente, lesto e audacioso, avançou pelo caminho da leviandade com que se dispõs a promover o subsequente triunfo da "vulgaridade e da incultura de Cavaco Silva" ("política e não só, ainda por cima "abismal") em demarcados domínios da política à portuguesa usança. Recorde-se o fogoso papel do professor Marcelo no lançamento e promoção da candidatura presidencial do professor Aníbal Cavaco Silva. E tal desenvoltura marcelista deu naquilo que deu...
Ao professor Marcelo, pela sua confirmada abismal incoerência política e não só, também devem ser exigidas responsabilidades pelo deficitário desempenho presidencial do actual residente do Palácio de Belém - do qual, a maioria do povo está absorvendo nefastas consequências.
Ainda situando-me na área cavaquista será oportuno evocar o que, sobre Cavaco Silva, escreveu o cronista de assuntos económicos, Daniel Amaral, na edição de 25 a 31 de Maio de 1995, da revista 'Visão':

«... compreende-se agora a política do primeiro-ministro português. Aspirante vaidoso a aluno bem-comportado da Europa, lançou mão a tudo quanto pôde para satisfazer a sua vaidade: uma política cambial desastrada, uma política salarial vergonhosa, uma política fiscal incoerente. O falhanço foi total. Depois, ao verificar como a economia estava de rastos, saiu de cena, aparentando confiar no esquecimento para regressar mais tarde...».
E Cavaco Silva confiou no esquecimento... e voltou! E imagine-se... logo, para a presidência da República. Com os resultados que se conhecem e se vão acumulando com impressionante desconchavo.
As palavras de Daniel Amaral ditas à distância temporal de 18 anos bem poderiam ser aplicadas ao chefe político Pedro Passos Coelho. Por sinal, aluno bem-comportado da escolinha alemã da senhora Angela Merkel e apropriadamente creditado como o "melhor da turma do concurso de beleza da austeridade".

Confrangedora ironia (ou maldição?) do destino: se no tempo do professor António de Oliveira Salazar à juventude se insinuava que: "Lá vamos cantando e rindo"; agora, na era da triste, antipática, figura coelhal, de passos desordenados, sem regular e definido rumo, caímos na dramática rotina de ouvir aos jovens e aos adultos não o absurdo cântico laudatório do regime do Estado Novo, mas, sim, o angustiante clamor: Cá vamos gemendo, chorando e sofrendo...
Clamor, qual grito de alma dos oprimidos, acintosamente submetidos ao terrífico clima de austeridade; o qual, sublinhe-se, é agressivamente imposto pelo grupo de meninos (usando a oportuna, precisa, denominação do escritor António Lobo Antunes) que desgoverna a nação portuguesa.
Fim