Ó
da guarda!
Anda
por aí o coelho Pedro enfurecido.
Cuidem-se!"
Brasilino
Godinho
O coelho é um mamífero roedor, da conceituada
família dos Leporídeos que existe no estado selvagem em matagais.
De assinalar que há algumas subespécies domesticadas. Entre estas,
o destaque vai para uma especial subespécie que se configura numa
imagem humanoide, ou seja: com traços e forma semelhante ao ser
humano e que, facilmente, se confunde com qualquer vulgar cidadão.
Acontece que, por esquisita aberração da Natureza,
nesta específica subespécie de laparotos, deparamos com exemplares
que apresentam algumas características violentas não conformes com
a sua condição animal. Todos temos, dos coelhos, a imagem de
animais dóceis, pacíficos, de olhar meigo, incapazes de molestar o
ser humano e que despertam a simpatia a qualquer empedernida pessoa.
Infelizmente, isso nem sempre se verifica nalguns casos de distintos
cruzamentos animalescos, como aquele que aqui trazemos à colação.
A nível nacional, o primeiro aberrante caso
conhecido foi o de um tal coelhone, que acorria ao chamamento de
Jorge e que, quando surgiu, provocou um grande alvoroço ao ameaçar
quem se atravessasse no caminho dos familiares da sua coelheira.
Tratou-se de um patético sinal de ameaça ao sossego das envolventes
comunidades afins. Poucos o tomaram a sério. Mas o perturbante aviso
estava feito e constituiu um sombrio precedente para o que poderia
vir a seguir.
E, de facto, o que vem acontecendo em Portugal nos
últimos dois anos veio confirmar os piores receios que então se
geraram.
Os leitores já perceberam que nos estamos referindo
a um coelho Pedro que, para além de vir provocando transes de atroz
pesadelo à generalidade da população, também tem desenvolvido uma
devastação enorme em diferentes áreas de cultivo, com profundos
reflexos nas vidas e actividades dos indefesos e mais carenciados
indígenas deste país.
Sucede a estranha circunstância de que este coelho
para além de se alimentar com relvas - o que até aparenta ser
normal nos hábitos da espécie - também inclui, ocasionalmente,
cavacos, moedas, gaspas, na sua ração, como tónicos revigorantes
e estimulantes. Claro que, coelho Pedro ao usar estimulante tipo
cavacal, induz muito mau agoiro para o Zé-Povinho. O que se chama:
Uma enormidade! Grite-se, com grande veemência: Gaita!...
Ontem, o antipático coelho Pedro surgiu
inopinadamente nas pantalhas das televisões. Vimo-lo, algo
desvairado, furibundo, ameaçador. Parecia um gato assanhado. Deu
para perceber que está determinado a prosseguir a destruição deste
pacato recanto europeu. Em verdade, sem margem para lúcida
contestação, estamos confrontados com um processo revolucionário
em curso de destruição de Portugal (PRCDP). Impressionante e
deveras insólito é que seja um coelho o agente promotor e executor
máximo de tão funesto desígnio.
Consta que as criancinhas de uma família da lezíria
alentejana ao ver coelho Pedro na televisão foram possuídas de um
choro convulsivo e que vários idosos frequentadores de um café
alentejano e outros de pobres famílias transmontana e minhota
contendo, embora, as lágrimas, tiveram ataques de nervos que quase
desmaiavam. Tal foi o terror que lhes inspirou a coelhal criatura.
E se estas terão sido as reacções face à figura.
à atitude, ao olhar felino e gestos do famigerado coelho Pedro,
fácil é antever as tenebrosas consequências resultantes dos
crescentes apetites roedores de tão ameaçador e perigoso espécime
híbrido animal.
Portanto, estamos enfrentando uma situação
terrífica que urge resolver.
Razão, pois, para se proclamar:
Ó
da guarda! Anda por aí o coelho Pedro enfurecido.
Cuidem-se!!!
Nota; Todos
os textos de Brasilino Godinho são escritos sob o cumprimento das
normas do antigo Acordo Ortográfico.
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