Ao compasso do tempo…
ALBERTO JOÃO JARDIM,
CAUDILHO DO FUNCHAL,
QUERE A INDEPENDÊNCIA DO ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA.
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim, tal e qual na plena identificação do ser, nado, criado e alentado na urbe funchalense, com passagem e estadia, num tempo de descuidada juventude dilatado por dez anos de traquinices, na cidade de Coimbra, onde cursou Direito, na actualidade mantendo-se totalmente alaranjado, também sendo afamado participante e mascarado bailarino nos cortejos carnavalescos das avenidas da capital madeirense, mas – sobretudo e sobre todos - festejado caudilho das populações autóctones das ilhas da Madeira e de Porto Santo, outrossim distinto administrador honorário e sagaz entidade tutelar das Reservas Naturais das ilhas Desertas e Selvagens, que, genericamente, identificamos como Caudilho do Funchal (a linda capital da famosa ilha, valiosa pérola do Atlântico), há muitos anos que cavalga um sonho: ser o “criador” da independência da Madeira. O fundador da nacionalidade madeirense. O primeiro presidente da República da Madeira (ou o primicério detentor do trono madeirense, ostentando o pomposo título de Sua Majestade D. Jardim I, Rei da Madeira?). Ao contemplarmos esta hipótese de ascensão do irascível Jardim à dignidade majestática, importa sublinhar que não devemos olvidar as tendências monárquicas um pouco latentes no meio funchalense e bem configuradas na sua cercania marítima, onde existe o Real Principado Ilhéu da Pontinha, mantido sob reinado do Príncipe D. Renato I; o qual, monárquico e independente território, é devidamente apetrechado com o indispensável instrumento de defesa costeira: o vetusto Forte de São José, simbólico e supremo garante de integridade territorial e da plena soberania exercida sobre ele por Sua Alteza D. Renato I… Principado que, por irónico acaso, está ali postado mesmo nas escanhoadas barbas do autoritário caudilho funchalense. Um território principesco que no p.f. dia 3 de Outubro comemora o 108.º aniversário da data da respectiva alienação feita por carta régia de D. Carlos I, Rei de Portugal.
Retomando o tema Alberto João Jardim, façamos uma advertência: haja a percepção de que, por maiores que sejam os disfarces e os subterfúgios a que recorra a jardinal criatura, aquela sua propensão para os altos voos urdidos pela sua fértil imaginação e descontrolada obsessão de ser o maior obreiro da independência do arquipélago madeirense, é a marca indelével que pretende deixar para a posterioridade.
Os primeiros indícios desse sonho surgiram no decorrer dos agitados tempos (anos 1974 e 1975), do PREC em Portugal. A FLAMA era um movimento que prosseguia o objectivo último (independência do arquipélago madeirense) da incipiente actividade política do jovem Alberto João Jardim; que a ele se associou com alguma discrição e oportunismo.
À época, os acontecimentos no continente evoluíram no sentido da consolidação do regime democrático, o que pouco tempo depois esvaziou o fervor na acção, o pretexto no objectivo e o básico conteúdo ideológico dos activistas da FLAMA.
Então, Alberto João Jardim fez uma deriva no rumo que traçara e, com denodo, persistência e apurado sentido de oportunidade, aproveitou as circunstâncias locais e nacionais para se lançar na carreira política e na governação regional de forma a consolidar o seu poder e a sua influência em todos os sectores vitais da sociedade madeirense.
Assim, criava o primário lastro do seu corrosivo discurso contra o intitulado “colonialismo” português representado pelo governo central de Lisboa; este, qual alma danada opressiva e bloqueadora do desenvolvimento da Madeira.
Desde então e com a passagem dos anos, o ascendente (ou o carisma) de Alberto João Jardim foi-se acentuando e o seu discurso cada vez mais se tornou agressivo, radical, controverso, disforme e incongruente; a tal ponto oscilante que sugere a imagem de um cata-vento fixado em torre de igreja serrana. Ora faz profissões de fé no portuguesismo seu e das gentes madeirenses; ora agita o papão de uma autonomia sempre crescente que, inevitavelmente, por efeito da lei de inércia, evoluirá até atingir o “ponto de rebuçado” que lhe é caríssimo: a independência.
E o famigerado papão vem à tona sempre que ele, caudilho Jardim, depara com dificuldades nos relacionamentos com o governo central de Lisboa. Ainda há dias o governante da região autónoma madeirense ameaçou com a independência se o governo central, chefiado por Passos Coelho, não permitir a manutenção da zona franca da Madeira e não ajudar no resgate da enorme dívida (medonho buraco orçamental) do governo regional.
Perante este quadro de dúbios expedientes e deploráveis chantagens de Alberto João Jardim e dos seus homens de mão, muitos políticos e governantes nacionais, meios de comunicação social: jornais, rádios e televisões, presidentes da República e muitos irresponsáveis portugueses, se têm cobardemente sujeitado às maiores humilhações. Assim por demais evidenciando a enorme desfaçatez prevalecente, o descalabro moral da nação e a renúncia ética a que todos de forma abominável se submetem, fazendo de conta que não percebem as ofensas e quais são os verdadeiros intuitos do caudilho do Funchal.
Tais comportamentos - de subserviência, de abandono e de acomodação, tidos por tantos medíocres políticos, incompetentes ou negligentes governantes e indiferenciados responsáveis de sectores vários da comunidade nacional, face aos desmandos do irrequieto e desbocado chefe regional - relevam da maior hipocrisia que subsiste a todos os níveis na sociedade portuguesa. Isto precisa de ser dito e escrito com todas as letras. Sem tibieza. Em simultâneo com a impositiva repulsa. E com a imprescindível condenação.
Há que lançar um grito de alerta e de revolta: Vamos pôr decência na nossa casa nacional.
No caso vertente e em primeiro lugar, se os madeirenses, no seu pleno direito de decidirem do seu destino, querem a independência que façam a respectiva opção através de referendo, que lhes deve ser circunscrito, com natural exclusão do povo continental.
Depois e relativamente ao caudilho do Funchal, Alberto João Jardim, se ele quer a independência do Arquipélago da Madeira, se tem a potência in situ, se desfruta do apoio da população e se possui força para consegui-la, pois então: Não perca tempo! Nem se consuma ingloriamente! Tome-a à sua conta, de vez! Agora mesmo!
Que lhe faça bom proveito: à barriga e ao peito!...
Não se verificando estes pressupostos, então o caudilho do Funchal meta a viola no saco… Remetido à sua inconsequência… Definitivamente!
Porque, para nós, já falta a paciência. Chega de brincadeiras de mau gosto, de folclores patéticos e de insuportáveis chateações!
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