Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quarta-feira, agosto 11, 2010

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema: Não confissões do criticado, Saraiva… Nem interpretações do crítico, Godinho… Apenas: algumas pertinentes observações de ambas as criaturas…

01. Nota informativa

No p. p. dia 03 de Agosto publiquei mais uma peça das SARAIVADAS, escrita na minha peculiar e rotineira linha de crítica humorística, glosando a crónica “Um voo banal”, da autoria do arquitecto-jornalista José António Saraiva. Como habitualmente, foi editada no meu blogue e distribuída pela vasta galeria dos meus contactos; entre os quais consta o nome da conhecida personalidade, aqui referenciada. Dela e com data do p. p. dia 03 de Agosto, recebi a mensagem a seguir transcrita – o que é feito precedendo minha solicitação de aquiescência (concedida nesta data) da própria entidade; conforme mandam as regras da boa educação e o sentido de ética que deve prevalecer no relacionamento entre cidadãos dignos, conscientes e responsáveis.

02. A missiva de José António Saraiva dirigida a Brasilino Godinho é do seguinte teor:

Meu Caro leitor e crítico,

Leio há muito as extensas e bem-humoradas críticas que me faz e que obviamente não comento porque, se é legítimo o crítico criticar o autor, já não faz grande sentido o autor criticar o crítico. Iniciaríamos desse modo um ping-pong estéril e sem fim. Apenas duas observações: o título da minha última crónica encerrava obviamente uma nota de humor: se o voo fosse absolutamente banal não teria nada para contar. Quanto à minha ausência de um pensamento estruturado, sistemático e globalizante, peço-lhe que um dia leia o livro Política à Portuguesa, editado pela Of. do Livro. É o livro onde condenso a cadeira que lecciono anualmente no Mestrado e Doutoramento em Ciência Política da Univ. Católica. Julgo que o interessará. E fico à espera da crítica!

Prometendo não o importunar mais, receba os cordiais cumprimentos do

JAS

03. Em resposta, Brasilino Godinho enviou a José António Saraiva a mensagem seguinte:

BRASILINO GODINHO

Apartado 549

3801-901 Aveiro

Tel. 234 424 431

Telm. 938 461 241

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Aveiro, 04 de Agosto de 2010

Caro Professor José António Saraiva

Foi com surpresa e agrado que recebi a sua mensagem. Estou-lhe reconhecido.

Porque não quero ocupar demasiadamente o seu precioso tempo dedicado à direcção do jornal, respondo sucintamente:

01. “Extensas…”. Tornou-se obsessão da rapaziada da nova vaga do jornalismo a ideia de que os textos de opinião têm de ser curtos em conformidade com o formato tablóide. Diz-se que, na actualidade, os leitores fazem leituras apressadas, incompatíveis com as “extensões”. Nunca senti esse contratempo com as minhas extensas crónicas. Exemplo: o ano passado, em Aveiro, um desconhecido veio ao meu encontro e disse-me: “o Sr. é a pessoa que me faz ler duas vezes a mesma crónica – a sua”. Surpreendido, interroguei: Porquê? Respondeu: “Por gosto”! Poderia citar outros casos idênticos até passados com jovens estudantes. Creio que a citada reserva deveria ser mais de aplicar nas reportagens do que nos textos de opinião. Há temas que, pela sua natureza, exigem elaboração com adequada abrangência e profundidade ou, não havendo condições de espaço, nem valerá a pena escrever sobre eles.

02. “críticas que me faz”. Certo! Igualmente as faço a muita gente. Também - e brincando - à minha pessoa. Outrossim à situação político-social do país.

03. “não faz sentido o autor criticar o crítico”. Não tenho tanta certeza. Diz o ditado que “Quem anda à chuva, molha-se”. Considero que o crítico deve ter capacidade intelectual e estofo moral para aceitar a reacção do criticado, desde que ela seja formulada com educação. Todavia, reconheço que quando a crítica se expressa com ironia, o visado é colocado numa posição embaraçosa. Mais, quando reage, pode ser mal interpretado; além de que lhe será tarefa difícil evitar a demonstração do ressentimento ou da, eventual, animosidade.

04. “ping-pong estéril”. Neste nosso tempo vai prevalecendo a acomodação e a tácita aceitação de tudo que é impingido pelos políticos e pelos “crónicos” fazedores de opinião dos meios de comunicação social, ditos nacionais. Nestes, faltam novas figuras (cronistas) que dêem um safanão no marasmo em que vivemos. Intervenientes, que despertem e incentivem os cidadãos a pensar e a serem críticos lúcidos, rigorosos e exigentes. Minhas intervenções públicas como cronista vão no sentido do precedente enunciado. Na minha escrita a crítica e a ironia manifestam-se enlaçadas. Jamais à mistura com calúnias ou insultos. Muitas vezes, aplausos ou concordâncias. Não prevalece a ideia do primário bota-abaixo.

05. Não há que recear o lado “estéril” das disputas. Evoco o registo histórico das grandes controvérsias havidas em Portugal em que, nos séculos XIX e XX, estiveram envolvidas notáveis figuras da Literatura e da Política. Lembro-me da polémica que nos anos quarenta, do século passado, foi travada na última página do “Diário de Lisboa”, em sucessivas edições, entre o engenheiro Cunha Leal e o professor doutor Marcelo Caetano. Estávamos em regime ditatorial e dir-se-ia que ela não seria útil; por demais perigosa o poderia ser para o conhecido democrata. No entanto, foi um importante debate e teve alguns reflexos na situação política.

06. “Um voo banal”. Eu teria colocado reticências para acentuar a nota humorística. Aliás, é um recurso que vem sendo abandonado na escrita corrente; talvez porque a ironia usada no tratamento de assuntos sérios é pouco - e mal - cultivada na imprensa nacional. Talvez porque as preparações escolares e académicas não proporcionam os atinentes conhecimentos, nem facilitam ou inspiram: quer a aplicação de um, quer a utilização frequente da outra. Embora o sentido de humor tenha, sobretudo, a ver com a tendência natural e as faculdades de alma de quem o cultiva.

07. Livro “Política à Portuguesa”. A indicação despertou-me a maior curiosidade. Pelo tema, que me é muito atractivo e pela respectiva autoria. Fico muito interessado em lê-lo – o que irei fazer em Setembro com o maior empenho e dispensando-lhe a maior atenção. Decerto, estudá-lo-ei!

08. “Prometendo não o importunar mais”. Se no quadro em que estamos inseridos alguém se sente importunado, certamente que não será o signatário.

Nunca me sinto importunado quando sou tratado com correcção e elevação, como foi o caso da mensagem do professor catedrático, arquitecto e jornalista José António Saraiva.

Finalmente, entendo não dever fazer promessa de “não o importunar mais”, porque espero, nos próximos tempos, trocar novas impressões com o Prof. José António Saraiva, se a isso ele estiver disposto. Para além disso, tal propósito será a melhor forma de corresponder à atenção da missiva, aqui em foco.

Com os melhores cumprimentos.

Brasilino Godinho

04. Fim de citações…

Da parte do signatário: com natural exclusão de mais comentários, assumida rejeição de algumas descabidas explicações e, inclusa, elementar precaução ou atilada ressalva de hipotéticas complicações, que deixassem baralhado o imprudente leitor…