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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

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QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, julho 27, 2010

Ao compasso do tempo…

MÁGICO CHEFE DA CAUSA MONÁRQUICA

“TRATA DA SAÚDE” À DOENTE REPÚBLICA

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blog.spot.com

01. A nação portuguesa está gravemente enferma.

Os males que a atingem são conhecidos e por isso não vem aqui e agora ao caso enumerá-los. Também se sabe que eles estão radicados no seu corpo social por directo contágio das doenças infecciosas e das patologias do foro psicossomático de que padece a República Portuguesa.

Em tempo oportuno (1976), com o objectivo de alcançar um instrumento normativo do regular funcionamento das instituições do Estado e a harmoniosa vivência do colectivo dos cidadãos, elaborou-se sob a coordenação irrepreensível e deveras credível, isenta e competente, do professor catedrático de Direito Constitucional, doutor Jorge Miranda, o documento estruturante da República, designado Constituição da República Portuguesa.

Importa anotar que nesse primordial documento da República são referidos, inequivocamente, os preceitos reguladores da vida comunitária das entidades componentes do agregado social e do multidimensional corpo orgânico do Estado, em que se fundamenta e estabelece o regime republicano. Todavia, tais preceitos normativos, por si mesmos, não garantem a necessária concretização dos objectivos visados e a geral sanidade do sistema – o que sobreleva de particularidades que têm muitíssimo a ver com a regular aplicação dos bons, variados e eficientes hábitos ou métodos concernentes à vivência quotidiana dos indivíduos e da sociedade. Mais ainda: conferem a tais funcionalidades os suportes básicos e insubstituíveis nos vários planos que as condicionam ou determinam; as quais, deveriam estar sempre apontadas à satisfação das melhores condições de subsistência individual e fruição colectiva.

Daqui decorre que agora tenhamos que contemplar a República na sua actual situação. Ou seja, ela prioritariamente considerada nas seguintes componentes: Estado que nos desgoverna com indesmentível desmazelo; sociedade política formada geralmente por repúblicos e gente indiferenciada que se desinteressam do bem público; governo que se entretém a discutir o sexo dos anjos, comodamente instalado a leste do paraíso das suas mirabolantes visões, predisposições, ocupações e, anormalmente, distraído das numerosas corrupções, sumptuárias remunerações e deslumbrantes gratificações, umas e outras a esmo distribuídas pelas clientelas várias, também assobiando para o lado face às engenhosas maquinações dos esquemas de vale tudo para satisfazer inconfessáveis e obscuros interesses; e, ainda, um campo minado por diversas armadilhas colocadas em sectores vitais e demasiado bloqueado por uma débil economia muito dependente de ajuda externa.

Perante a extrema complexidade, a enorme amplitude e a dolorosa existência da enfermidade que afecta a república portuguesa, haveria que, após aturado diagnóstico, conceber a terapêutica mais adequada para rapidamente a debelar. Esperar-se-ia que no seio da família republicana aparecessem os médicos aptos e diligentes que se ocupassem com pertinácia e eficiência na ingente tarefa de reabilitar o depauperado corpo republicano. Mas tal não acontece. Ou porque faltam os técnicos competentes ou porque alguns dos mais aptos não se mostrem disponíveis o certo é que está livre o terreno para nele se instalarem os oportunistas que, em primeiro lugar, se dispõem a esconjurar a República, para depois lhe aplicarem tratamentos letais com vista à sua extinção.

Uma das formas mais discretas e eficazes de alcançar tão tenebroso desígnio (a destruição da República) será introduzir um cavalo de Tróia monárquico na cidadela republicana, que habilidosamente engendre um enviesado processo de a subverter e que progressivamente a vá desacreditando e aniquilando-a, nem que seja em lume brando. Porém, tudo levado à prática por tal subtil forma que não espante a pardalada e que passe despercebido aos inúmeros elementos constitutivos da sociedade.

02. Facto absurdo e inacreditável. Absolutamente inqualificável!

O adventício novo chefe do PSD, Passos Coelho, desejando marcar território de influência e preponderância, resolveu inesperadamente, dar um grande passo no minado campo republicano, a pretexto de que, a seu ver, é na Constituição da República Portuguesa que se encontram alguns focos infecciosos que convirá exterminar.

E não se ficou por meias medidas. Arranjou nada mais, nada menos, que um conhecido mágico monárquico para “tratar da saúde” da venerável senhora República.

Para começar, a acção do mágico monárquico incidiu em elaborar a reforma da constituição.

Vejamos o perfil do mágico monárquico.

03. Perfil do mágico monárquico

Reveste-se do maior interesse conhecer o perfil do famoso praticante de magia que, desde 2007, tem protagonizado bastantes desenvolvimentos com efeitos extraordinários; tão impressionantes que as sucessivas passagens dos estádios conseguidos se caracterizam pela circunstância de os seguintes serem sempre mais avantajados que os anteriores. Dele não se dirá que é homem dos sete ofícios. Mas, seguramente, que é criatura de muitas habilidades. Porventura, elas contar-se-ão pelo número cabalístico, sete?

Seu nome: Paulo Teixeira Pinto. Homem de estatura média. Cara de rapazinho algo desconfiado. Um pouco contraído. De porte reservado. Mantém um ar contemplativo de asceta a evidenciar uma marca que lhe ficou das celebrações da Opus Dei. Nos últimos tempos mostra-se um pouco mais solto, talvez melhor possuído e senhor de si e se sentir bastante acompanhado pelos novos companheiros da fraternidade que, entretanto, teria abraçado, segundo consta nos meios geralmente bem informados da capital alfacinha e conforme indicia o facto de, na actualidade, ocupar os mais variados cargos em diversas organizações públicas e privadas que, tradicionalmente, são exercidos por membros das seitas maçónicas.

O cidadão em causa fez carreira no Banco Comercial Português. Em 2007 ascendeu ao cargo de presidente do respectivo Conselho de Administração. Saiu em 2008 vergado ao peso de uma indemnização de cerca de 10 milhões de euros atribuída com fundamento em doença que, afinal, apesar da sua condição de mágico (ou por sua consequência) contraiu num instante; enquanto, apanhado de surpresa, estupefacto, o diabo esfrega um olho. Decerto, também por motivo da gravidade do mal que o atingiu, devidamente certificado por junta médica – e a título compensatório - foi-lhe concedida “até final da vida uma pensão anual equivalente a 500 mil euros”. É, precisamente, com estes acontecimentos que se inicia a auspiciosa carreira de Paulo Teixeira Pinto como mágico de avultados créditos…

Tanto assim que meses depois já era proprietário da Editora Guimarães - o que, desde logo, evidenciou a inesperada natureza sobrenatural de alguém que, rapidamente e em força, recuperou da doença que tão profundamente o abalara e lhe arruinara a carreira bancária. Três anos decorridos, em Fevereiro de 2010, já era proprietário e administrador da ´Babel´ que, naquela data, englobava nove editoras. E como dissemos nos precedentes, acumula as absorventes funções de administrador das nove empresas editoras com várias outras ocupações exercidas num impressionante número de instituições. Porém, de entre todas por ora conhecidas, sobressai a função de grande Chefe da Causa Monárquica, desempenhada em estrita e persistente colaboração com o representante da extinta realeza portuguesa.

04. Interrogações pertinentes

Tendo presente aquilo que nesta crónica sucintamente se expõe, quem – formulando são juízo - pode duvidar das extraordinárias e transcendentes habilidades, que não têm uma explicação natural, do grande Chefe da Causa Monárquica, Paulo Teixeira Pinto? Como não acreditar que ele, através da sua mal-amanhada reforma da constituição republicana, o que queria mesmo era (mal)”tratar da saúde” da República e com suas celebradas artes mágicas encaminhar esta ultrajada e simpática dama democrática, da nossa especial preferência, para o lugar celestial de refúgio dos anjinhos da sua veneração?...

05. Má-fé? Quem está dela possuidor?

Hoje, 24 de Julho o citado mágico Paulo declarou ao semanário SOL que “há má-fé” nos que se opõem à sua reforma constitucional. Perguntamos: E qual será a fé de Paulo Teixeira Pinto? Dadas as circunstâncias, boa e republicana não será certamente. Mas, sim, inquestionavelmente, nele – chefe supremo da Causa Monárquica - tem pouso, guarda e aproveitamento, a fé monárquica!!!...

Por sinal, incompatível com a ideia republicana…