Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Um texto sem tabus…

PELO PEIXE SE ABRE A BOCA…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

Costuma dizer-se que “pela boca morre o peixe”. O homem, entretido na pescaria, lança o anzol com o isco e o peixe acorre tentado pelo alimento que lhe surge inopinadamente no fim da linha suspensa da cana de pesca. Assim, o incauto animal vai ao encontro do sofrimento. Talvez em corrida célere para a morte. As humanas criaturas extrapolam este malvado jogo para a vida em sociedade e vai daí considerar-se que alguém se falar demais pode, eventualmente, prejudicar-se: quer nos interesses, quer, talvez, na sua reputação.

Mas se dissermos que pelo peixe se abre a boca estamos querendo indicar que perante um ser vertebrado aquático bem preparado e condimentado posto no prato de uma refeição se o pretendemos degustar teremos, forçosamente, que abrir a boca para o mastigarmos e sentirmos o seu agradável paladar.

No plano das ilações associadas às metáforas se admite que seremos propensos a orientarmo-nos na vida pelas vantagens que as coisas e loisas nos suscitem: Seja pelo prazer, pelo enriquecimento material, pela satisfação moral, pela euforia da conquista e do sucesso.

Quer dizer que a ambição, a embriaguês do triunfo, o espírito de conquista, leva as pessoas a procedimentos apontados à consumação desses desígnios que se impuseram a si próprias. Também, algumas vezes determinadas por entidades a que estão associadas ou das quais são dependentes por rígidos deveres de obediência.

Por outro prisma, ocorrem situações em que se configura o peixe na verdade das coisas e dos factos e o indivíduo abre a boca, no sentido literal da expressão, para mesmo num desabafo ocasional dizer a verdade que vinha mantendo encoberta.

Este arrazoado vem a propósito de uma pequenina notícia perdida num canto da última página do Jornal de Notícias, edição de 31 de Janeiro de 2007, com o título: “Soares não queria candidatar-se”. Transcrevemos com a devida vénia: “Mário Soares disse, ontem, num debate promovido pelas produções Fictícias que decidiu candidatar-se a Belém pela terceira vez “tarde e a más horas, quando não queria”, porque o “empurraram” e admitiu a hipótese de ter sido prejudicado pelo apoio do PS”.

Para quem não sabe, se esqueceu ou não acompanha a evolução das opiniões e dos comportamentos dos políticos mais em evidência neste país, vale a pena dizer que a história do surgimento da candidatura de Mário Soares, na última eleição para a Presidência da República, esteve muito mal contada pelo próprio. Para alem do tabu sobre a sua origem e quem deteve a maior responsabilidade do seu lançamento tem havido uma sucessão de declarações do próprio ex-candidato que, a conta-gotas, vai acrescentando novos dados ou versões, embora sem grandes diferenças de conteúdo informativo sobre o assunto. Mas apesar dessa consabida formalidade deve assinalar-se que os dados, as circunstâncias e a passagem do tempo se conjugaram para que viessem da boca de Mário Soares, no dia 30 de Janeiro de 2007, as palavras elucidativas daquilo que realmente se passou na génese da candidatura soarina. De facto, Mário Soares em várias entrevistas aos órgãos da comunicação social (jornais, revistas e televisões) vinha afirmando que teria partido dele a iniciativa e que, após ouvir as opiniões de amigos, chegara à decisão de se candidatar para se opor a Cavaco Silva – o candidato da Direita que parecia ter à sua frente estendida a passadeira vermelha até à entrada do Palácio de Belém. Na generalidade das declarações de Soares a tónica assentava na ideia de a autoria da decisão de lançamento da candidatura lhe pertencer exclusivamente.

Ao contrário do que Mário Soares declarava, sempre sustentámos em várias crónicas publicadas na imprensa, no nosso blog e na Internet, sem qualquer desmentido das partes envolvidas, que as coisas não se teriam passado como ele dizia. De forma consistente e ao longo do tempo, dissemos que teria sido o Grande Oriente Lusitano a determinar-lhe o rumo e a definir-lhe a tarefa.

Agora, a 30 de Janeiro de 2007, conforme as afirmações acima reproduzidas, Mário Soares desdizendo-se informa-nos que se lançou na corrida presidencial “tarde e a más horas, quando não queria e porque o empurraram”.

Com estas afirmações e alguma displicência Mário Soares, dando o dito por não dito, de modo implícito, confirma que nós acertámos em cheio quando atribuímos à Maçonaria a responsabilidade de todo o processo da candidatura do ex-presidente da República.

Aliás, façamos a seguinte ponderação: Quem em Portugal ousaria ou estaria em condições de “empurrar” Mário Soares e “obrigá-lo” a fazer aquilo que ele “não queria”? Quem, senão a Fraternidade a que deve obediência ajuramentada? Leitor: responda! Se disse Maçonaria – acertou!

Aliás, qual é a entidade que com máxima “discrição” mantém as rédeas do Poder em Portugal?

Por acaso, a Maçonaria não existe? Não escolhe? Não ordena? Não comanda? Certamente, que tudo lhe está ao alcance. Apesar de invisível, dispersa, agressiva, à semelhança dos vírus que ameaçam as vidas dos seres humanos

P.S. – A única surpresa (por sinal, “grande”) contida nas últimas declarações de Mário Soares é admitir “a hipótese de ter sido prejudicado pelo apoio do PS”. Quem diria?...

Ao Dr. Mário Soares deve dizer-se: Nunca é tarde para aprender. Sirva-lhe de lição ter-se esquecido de uma “grande” regra de ouro da Maçonaria: a discrição. Uma falha grave (e “grande”, claro…) num mação. Seguindo as normas do secretismo e do encobrimento vigentes no seio da grande fraternidade, devia ter escondido esse apoio partidário – embora menosprezando a qualidade de “grande” fundador do Partido Socialista. No entanto, Soares reconhecerá que membro da grande fraternidade (Grande Oriente Lusitano) não deve descurar as obrigações que contraiu num certo dia e a que ficou sujeito de livre e de espontânea “grande” vontade…

Aqui, neste ponto, Mário Soares, ocultando-se em si mesmo, a salvo da ira dos “irmãos” e, assim, mui discretamente resguardado no seu segredo (pequeno? ou “grande”?), com espírito tranquilo, estará de acordo… connosco.