Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arqº. Saraiva…

Brasilino Godinho

Tema: “Os dinheiros do SOL”, a inveja e os inimigos de Saraiva

Segundo o que José António Saraiva deixa transparecer no texto “Inimigos à portuguesa” que sob a rubrica “VIVER PARA CONTAR” insere no nº. 20, da revista TABU, ele está preocupado com três questões a saber: primeira, o que José Pacheco Pereira pensa “dos dinheiros do SOL “; segunda, a existência dos inimigos que identifica em seis badaladas figuras da praça alfacinha; terceira, o sentimento que está em moda culpar dos males da nossa desgraça colectiva - a inveja.

Para Saraiva, a questão do financiamento do SOL” surge pelas “bocas” de José Pacheco Pereira que, ultimamente, se terá obstinado em interrogar-se sobre o “mistério dos dinheiros do SOL” e quanto ao “mistério do director do SOL”. A estas interrogações o arquitecto Saraiva responde que “os accionistas do jornal foram apresentados (em carne e osso, para dar um sinal público de transparência) numa conferência de imprensa no Hotel Ritz, no dia 4 de Setembro”.

Sim senhor! Acredito! Julgo que foi uma fantástica ideia, traduzida numa espampanante realização. Uma coisa e a outra mereciam música. Deram um grande sinal… Com transparência total… Os circunstantes devem ter visto, a olho nu, os nus em cena de apresentação e tirado rápidas conclusões… Só o Pacheco, mais tarde, é que não atinou… Ou será que se faz desentendido?

Porém, lemos e… ficámos perplexos… Então para fazer crer aos indígenas que os tais sujeitos eram mesmo os donos da ”massa” que sustenta e engorda o semanário e que nada havia a esconder que se relacionasse com a vestimenta da Opus Dei ou a carapuça do maior banco que esta instituição possui em Portugal, havia necessidade de os dirigentes do SOL ousarem mostrá-los em pêlo; isto é: “em carne e osso”? Sem dó, nem piedade, num tempo de invernia. Valeu não se terem esquecido de ligar o ar condicionado. Certíssimo que deram um “sinal público de transparência”. Inequívoco, acentue-se. Mas, Arqº. Saraiva, permita-me que daqui lhe observe: Que enorme falta de pudor!... E logo no selecto Hotel Ritz… É de cortar a respiração a quem souber do evento e preza os bons costumes…

De notar o facto insólito de, aparentemente, Pacheco Pereira ignorar que o SOL é financiado pela Opus Dei. Esta, representada no núcleo accionista por alguns destemidos testas-de-ferro escolhidos a dedo. Daí a fuga para a frente, em jogada de antecipação ao que pudesse vir a ser divulgado sobre o assunto. O espalhafato da cerimónia no Ritz foi algo que surpreendeu: pelo lugar, pela grandeza mediática e pelo previsível custo. Igualmente pela novidade do espectáculo da nudez. Nunca se vira coisa semelhante.

No que concerne ao seu pessoal mistério, Saraiva volta a enganar-se no julgamento que faz sobre si próprio. Julgava que 22 anos de exercício do cargo de director do Expresso não constituíam mistério e também admite que Pacheco Pereira o considera um pára-quedista que caiu na sopa das letras. Do “mistério Saraiva” não é fornecida explicação do acusado, nem do acusador. Três vezes nove, coisa nenhuma. Já quanto ao pára-quedista basta aqui deixar uma palavra de regozijo por a queda ter sido sobre a sopa e não sobre a mesa do manjar. Neste caso, os estragos poderiam ser maiores…

Ainda sobre o Pacheco Pereira, o articulista Saraiva embirra que ele o trate por “arquitecto Saraiva” – acha uma deselegância. Perante esta nota endereçada àquele político fico com as minhas barbas de molho porque, também, tenho usado a expressão arquitecto Saraiva, ainda que sem sombra de deselegante pecado…

Depois, Saraiva informa a malta de outro engano: “julgava difícil coleccionar inimigos”. Aqui, não consigo conter a exclamação: Apre! Saraiva era mesmo ingénuo…

E queixa-se de ter sido muito zurzido. Alonga-se na descrição, até chegar ao campo da inveja onde se situam os seus críticos e inimigos de estimação: Prado Coelho, Mário Mesquita, Vicente Jorge Silva, Pulido Valente, José Pacheco Pereira e Miguel Sousa Tavares. É em redor da inveja que Saraiva explana várias considerações e coloca as dúvidas que há bastante tempo sobressaltam o seu espírito. Até que, providencialmente, um dia encontrou o Machaqueiro que, sujeito esclarecido, talvez com espírito de Dom Quixote, lhe deu a perceber “a razão de ser daquilo em que nunca tinha acreditado”. Depreende-se que algo relacionado com o livro VIVER PARA CONTÁ-LA, autobiografia de Gabriel Garcia Marquez e o EQUADOR, de Miguel Sousa Tavares. O êxito do segundo inviabilizara o sucesso do primeiro. Assim prevenido, Saraiva considera que a área lisbonense é reduzida e está muito ocupada por gente assaz estranha ligada a esoterismos e chegou à terrível conclusão: “Falta-nos espaço para darmos largas às nossas ambições, para satisfazermos os nossos desígnios. Quando agredimos os que se movimentam no mesmo território que nós (seja na escrita, nas artes, na ciência ou na gestão de empresas) fazemo-lo por questões de sobrevivência: para protegermos o nosso espaço vital. Ou matamos o adversário – ou morremos às suas mãos”. (A propósito, uma pergunta que, neste momento, me ocorre fazer ao Arqº. Saraiva: a obra “A QUINTA LUSITANA” teria sido censurada por influência destes terríveis conceitos?).

Sem embargo, ao arquitecto Saraiva agradecemos a prevenção. Ele, por questões de sobrevivência está disposto a agredir os que se lhe atravessarem no seu território. Mais: receando ser aniquilado ele agirá pelo seguro, antecipa-se e zás! Mata o adversário… Bolas! Afinal, também me engano… Não o julgava tão violento – ele que parece um paz-de-alma; um pouco tímido até…

No p.p. sábado (dia 27 de Janeiro) ao ler estas palavras azedas e ameaçadoras e, agora, ao transcrevê-las, senti um calafrio. Lembrei-me das expressões semelhantes de Adolfo Hitler que lançou a Segunda Grande Guerra (!939-1945) evocando a necessidade do espaço vital e o direito de acesso ao Mar Báltico, através do corredor de Dantzig.

Decididamente, neste ponto, José António Saraiva resvalou para um terreno pantanoso, de areias movediças, onde se afundaram as boas intenções posteriormente afloradas no apelo aos seus leitores para que sejam magnânimos.

Igualmente patética a advertência “Aproveitem aquilo que têm em lugar de ambicionarem o que não têm”. A trazer à memória colectiva a frase de Salazar: “A vontade de obedecer, única escola para aprender a mandar”; ou aqueloutra: “manda quem pode, obedece quem deve”. Em qualquer dos casos a implícita sujeição ao fatalismo, às situações e à resignação. Ainda motivo para perguntar ao Arqº. Saraiva: o que têm os portugueses de substancial nas suas existências que os levem a não ambicionar uma vida melhor? Onde está o mal dessa ambição se enquadrada no respeito dos deveres cívicos e sem envolver o prejuízo ou a exploração do semelhante?

Saraiva - como se acreditasse piamente no ditado: “nunca o invejoso medrou, nem quem ao pé dele morou” - termina o texto como se colocasse a cereja sobre o bolo: “A inveja não torna ninguém feliz”.

Interpelo-o: Tem a certeza? E se tornar? Em caso afirmativo, diga-se: Que lhe faça bom proveito. Espíritos fortes estão-se nas tintas para essa história da inveja nacional e das invejas dos cretinos, que virou tema de moda na comunicação social da alfacinha cidade, depois do livro e das entrevistas de Gil nas televisões.

Por mim, prefiro afirmar, martelando bem as sílabas de cada palavra: A FELICIDADE, A PRÁTICA DA HIGIENE DA ALMA E (OU) O BOM CARÁCTER NÃO TORNAM NINGUÉM INVEJOSO!

Uma confirmação…

No artigo “Inimigos à portuguesa” de José António Saraiva, escrito sob a rubrica “VIVER PARA CONTAR” (a qual mantém na revista TABU) e a que me cingi, ele deixa escapar, inadvertidamente, que tal título foi copiado da obra de Gabriel Garcia Marquez intitulada VIVER PARA CONTÁ-LA. Aliás, Saraiva faz a citação do famoso livro do consagrado autor sem se dar conta do seu acto de copiar, ali exposto em letra de forma, sem margens para dúvidas a esse respeito. Com o desagradável senão de nem estar condizente com um provável – quiçá, num breve futuro – estatuto de Prémio Nobel da Literatura…

Quero acentuar que, mais uma vez, se confirmou o que tenho dito, redito e escrito sobre as generalizadas práticas de plágio que proliferam nos meios de comunicação social de Lisboa - seja na atribuição das designações das revistas e dos jornais, seja nas rubricas das secções, seja nos títulos dos artigos de opinião. Parece que entre as muitas crises com que os poderosos de Lisboa vêem contemplando os portugueses se conta a que se instalou na comunicação social lisboeta: a crise da falta de imaginação…

Caso para comentarmos: se antes se dizia que “da Espanha nem bom vento, nem bom casamento”, no nosso tempo se dirá que de Lisboa para a Província não vem broa, nem coisa boa…

E plágios… não se recomendam nem aos meninos de coro!

Por último, interrogo-me: “Viver para contar”? Justifica-se? E a transmitir o quê? Não! Aqui há ligeireza de julgamento. Ou viver para copiar? Não concordo com qualquer destas asserções, Francamente, nem me convenço que Saraiva se enquadre em qualquer delas.

Alguém, desconfiado, diria. Aqui há gato!

Eu direi: Saraiva, continua ingénuo. Também, de vez em quando, distrai-se… e catrapus - estampa-se!

Acrescento um voto: que se cuide. Para não lhe suceder algum acidente idêntico ao que vitimou o grande Pierre Curie - atropelado numa rua de Paris por uma carruagem de tracção animal. Circulava tão absorto nos seus pensamentos que nem se apercebeu da aproximação do veículo.

E se Saraiva tiver presente a lembrança do desastre em que esteve envolvido na véspera do último Natal, no regresso de um jantar de confraternização com o pessoal do semanário que dirige, concordará que faz algum sentido esta manifestação da minha boa vontade relativamente à sua pessoa.