Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quarta-feira, maio 24, 2006

Um texto sem tabus…

“POR QUE SERÁ QUE OS ÓRGÃOS DA COMUNICAÇÃO SOCIAL NÃO PUBLICAM ISTO”?

Brasilino Godinho

Esta interrogação é posta frequentemente por pessoas que estranham o silêncio dos órgãos de comunicação social relativamente a acontecimentos que se julgariam do maior interesse para os portugueses. E que daqueles deveriam, estes, ter informação oportuna, isenta e correcta.

Só que muitos cidadãos deixando-se embalar pelas aparências e pelas manifestações desavergonhadas que proliferam por aí e não estando capacitados ou predispostos a um qualquer esforço mínimo de raciocínio, facilmente confundem a realidade nua e crua da vida quotidiana da sociedade, com a imagem desfocada, enganosa e interesseiramente distorcida que uns tantos artistas lhes apresenta à boca de cena do burlesco teatro-circo em que está convertido o estado da Nação. Assim sendo, a tais cidadãos nem lhes faz grande mossa que certos palhaços, manipuladores por excelência, das plateias dos seus indecorosos espectáculos, se permitam a sem-vergonha de lhes omitirem atitudes, deturparem situações e esconderem factos, que a todos afectam e que a todos deveriam ser comunicados. Daqui, decorre algo que preocupa muita gente séria deste País, com sentido da honra, da dignidade e da nacionalidade. Ou seja, estamos sobrevivendo com angústias, carências e dificuldades de variada ordem e a suportar o clima obscuro do fingimento de as coisas nem irem tão mal como certos analistas as pintam e os portugueses vão estoicamente aguentando. Estão enraizadas: a estupidez do conformismo; a inquietante mentalidade da resignação de tudo aceitar por se descrer na regeneração das pessoas, dos métodos e das políticas; e a perigosa habituação (a que parecemos condenados) às representações idiotas do faz-de-conta que todos vivemos numa boa formatação cívica conforme aos preceitos da Democracia, ao respeito pelas liberdades e garantias consagradas na Constituição da República Portuguesa e no desfrute da riqueza moral abrangente da decência, da solidariedade e da transparência nos actos e nos comportamentos. Qualquer coisa a modos de garantia de, tendo sido instaurada a república democrática, ipso facto não só teríamos a Democracia em todo o seu formal esplendor como a certeza da prática dos seus preceitos que levaria a nação portuguesa à condição de república plenamente realizada, com todas as implicações daí consequentes. Errado! O grande drama que estamos vivendo em Portugal prende-se com a realidade oposta a semelhantes conclusões. A nossa democracia é meramente formal. Os portugueses não têm voz nem poder de influência sobra a política que os regula, os condiciona, os submete e… os escraviza. Os governos estão inteiramente dominados pelos aparelhos partidários e pelas seitas de natureza maçónica que fazem do secretismo seu modo de existência, sua forma de actuação e seu instrumento de domínio sobre a sociedade em geral e a governação em particular. Mais, convém repeti-lo até à exaustão para ninguém esquecer: elas, na sombra, dominam o País, sem o povo disso se aperceber. Neste ponto, julgo ser pertinente inquirir: quantos portugueses deram importância ou se lembram das palavras do falecido Prof. Doutor Sousa Franco proferidas nas “Conferências da Arrábida”, a 27 de Outubro de 2003, meses antes do seu falecimento, a seguir reproduzidas: “Há uns senhores cinzentos que mandam mais que os eleitos”. Pois há! E, dando largas à intolerância servem-se da censura para restringir – e, às vezes bloquear ao máximo que lhes é possível - as liberdades de pensamento e de expressão. O que fazem numa imitação reles daquilo que faziam as “Comissões de Censura” do regime do Estado Novo, de Oliveira Salazar. – actividades de repressão que tanto verberavam no tempo desse regime e, agora exercem, por acinte, com disfarce e segredo. Embora falem, escrevam e palestrem, com o maior despudor e o mais acentuado cinismo, que são respeitadores e apologistas da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade.

Ainda recentemente, alguém, Brites de Almeida, de seu nome, fazia considerações públicas sobre este tema. E referia-se ao Prof. Marcelo nos seguintes termos. “(…) o Prof. Marcelo pode espernear, cantar e dançar o tango em cima da mesa, que por muito que ele faça, nada pode como cidadão eleitor fazer para mudar o estado de coisas”.

Anoto: a observação parece-me desajustada à pessoa e ao propósito que lhe é atribuído. Explico. Não duvido que o Prof, Dr. Marcelo Rebelo de Sousa possa “espernear, cantar e dançar o tango”. Até o corridinho e o fandango. Concedo que mesmo em cima duma mesa – o que seria um engraçado espectáculo televisivo, a não perder. Também, um exercício de arte e malabarismo; uma vez que ele tem especiais aptidões nesses domínios da acrobacia e da prestidigitação. Aliás, atributos artísticos, já notados nos tempos em que foi director do “Expresso”. Porém, tenho relutância em aceitar que muito faça no sentido apontado pelo autor do texto citado. Acredito que nada possa fazer para “mudar o estado de coisas”.

Por uma simples e insuperável razão: ele, professor, não tem genica para isso. Falta-lhe a vontade, escasseia-lhe o entusiasmo e não tem a convicção. Igualmente, nele ausente a firmeza de princípios que dão pelo nome de coerência, isenção e transparência das atitudes. Mais: não nos presenteia com a credibilidade do que apregoa. Por último – e aqui vai a novidade para muita gente – é uma das pessoas que, em Portugal, pratica a censura. E esconde essa execrável prática do público. O que, convenhamos, não são formas decentes de um distinto mestre de Direito estar em sociedade, discorrer perante os alunos e palestrar para o respeitável público das televisões. Para que conste! Com uma informação relevante: isto mesmo comuniquei ao Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, por escrito, através de duas cartas que lhe dirigi e que ele teve a hombridade (valha-nos isso) de tentar rebater em duas mensagens que, às tantas da madrugada, me deixou gravadas no meu telemóvel.

Isto referido, para acrescentar ao meu “texto sem tabus” há tempos publicado; no qual, comento as maneiras ardilosas de fazer, actualmente, a censura em Portugal e menciono os graves problemas, os complexos instrumentos e os pouco divulgados elementos que identificam e determinam a crise que nos atormenta.

Enfim, uma coisa se junta à outra. Completa-a! E julgo responder à interrogação transcrita no título de abertura desta crónica.

Brasilino Godinho