Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

domingo, maio 14, 2006

“TUDO COMEÇOU

COM UM SIMPLES OK, WC, BYE, BYE…”

Brasilino Godinho

Ao compasso do tempo, tenho protestado contra o mau uso da nossa língua que se faz em Portugal. Sobretudo - e com bastante frequência - me insurjo contra a moda dos anglicismos e de outros estrangeirismos. Ainda no p.p. dia 21 de Fevereiro, neste jornal, foquei o assunto. E muitas vezes aponto os bons exemplos de repúdio por tais práticas, que nos chegam do Brasil. Toca-me a sensibilidade revelada pelos muitos intelectuais, políticos e governantes brasileiros, quanto aos cuidados a haver e medidas a tomar relativamente à Língua. De facto, largos sectores da intelectualidade, da política e da governação, daquele país irmão, mostram um singular empenho no engrandecimento, na propagação e na defesa do idioma comum às duas pátrias.

A título de demonstração (e de confirmação às minhas intervenções) desse apego dos brasileiros à Língua Portuguesa trago hoje, dia 11 de Maio de 2006, a esta página do “Diário de Aveiro” o testemunho do conceituado escritor brasileiro Luiz Maia. E vai ser da sua autoria o texto que, com o título em epígrafe, a seguir se transcreve do quinzenário digital “JORNAL ECOS DA LITERATURA LUSÓFONA”. O que faço com a devida vénia ao jornal e ao autor.

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Tudo começou com um simples ok,wc, bye, bye

“Por vezes já demonstrei a necessidade que temos de preservar a nossa cultura. Agora eu lanço um alerta especial sobre o descaso que algumas pessoas têm contra a nossa Língua. Creio que todos deveriam atentar para o grau de imbecilização a que chegamos quando adentramos um Shopping e lemos, em várias de suas lojas, absurdos como esse: “LIQÜIDAÇÃO!! = 50 % off” – Pouca vergonha… Mais que um crime contra nossa Língua, é de um mau gosto a toda prova. Fatos como esses começam a ganhar cada vez mais espaço porque encontram na população idiotizada terreno fértil para que mais idiotas propaguem suas asneiras.

Até entendo a indiferença de muitas pessoas em relação à necessidade que temos de salvaguardar o nosso idioma, mas faço questão de dizer que a Língua portuguesa merece ser considerada como um património do povo. No entanto, dificilmente deixarei de me indignar quando sou atingido em minhas convicções. Sabe-se que a Língua está sempre em processo de mutação, com algumas palavras caindo em desuso enquanto outras se incorporam ao nosso dicionário. Esse é um facto inquestionável. Mas daí a ter que fazer mau uso dessa regra, é demais também.

Vivemos num país em que 93% da população não tem capacidade sequer de assimilar nossa gramática. Eu falo (também) em nome dessas pessoas simples que mal sabem assinar seu nome e que são desrespeitadas diariamente por um modismo esdrúxulo que busca enxovalhar uma Língua que deveríamos respeitar. Assumo o meu conservadorismo, sem antes deixar de falar que sou pernambucano, contemporâneo de Gilberto Freyre – aquele que escreveu “Casa Grande e Senzala” que aborda, entre outras coisas importantes, a miscigenação que ocorreu neste País propiciando a saudável multiculturalidade: a pluralidade de raças, etnias, idiomas, crenças e costumes. Mas hoje eu me reporto apenas à necessidade que temos de elevar a nossa Língua. Tão-somente isso. Tudo começou com um simples ok, wc, bye, bye…”

Luiz Maia

Contacto: l.maia@terra.com.br

Página do autor: http://geocities.yahoo.com.br/maialuiz/