UM TEXTO SEM TABUS…
Brasilino Godinho
06/Janeiro/2021
UM ESTADO MAÇÓNICO DENTRO DO ESTADO DE PORTUGAL?
UMA TRETA!
01. Confesso que já caí na esparrela algumas vezes. No livro A QUINTA LUSITANA e em crónicas escrevi que a Maçonaria era um Estado dentro do Estado de Portugal. Falhei um pouco na avaliação precisa da tremenda realidade. Lamento que tenha acontecido. Porém, isso teve a vantagem de mostrar aos leitores que sou um ser humano que, como todos os seres da sua espécie, também erra. A máxima latina: errare humanum est tem, a qualquer momento, demonstração do perene cabimento no domínio do relacionamento das criaturas humanas. A mim, coube-me agora sentir o seu amargo trago e com exposição pública a que não me quis esquivar.
Enfim, assumo a responsabilidade e apresento desculpas aos leitores; aos quais proporciono ensejo de, mais uma vez, mostrar ser coerente com os meus princípios, valores e propósitos de sempre pautar atitudes e procedimentos com a maior transparência e seriedade.
Precisamente como é aflorado na primeira linha do título da presente peça, reporto-me à interrogação formulada no título supra: será o Estado Maçónico um Estado de seita dos pedreiros livres (eles nem se sentem capturados…) existente dentro daqueloutro Estado (português)? Anotei e bem: é uma treita!
Pela razão de que o Estado (português) é - inequivocamente - um complexo e abrangente Estado Maçónico e, obviamente que não faz sentido dizer-se: Estado Maçónico, dentro do Estado Maçónico. Compenetre-se o povo português da inequívoca natureza maçónica do estatuto oficial da nação portuguesa organizada politica e administrativamente. E quando, em Portugal, se menciona Estado, estamos precisamente a dizer Estado Maçónico; com todas as várias e determinantes implicações que a expressão comporta significativamente.
Tenham os portugueses bem presente a seguinte afirmação de um ex-Grão-Mestre da secreta fraternidade: “A Maçonaria esteve sempre e continua a estar no Poder e com o Poder, quaisquer que sejam os regimes e os partidos instalados na governação de Portugal”.
Repare-se no importante detalhe: não foi dito (exceptuando o tempo do regime de Oliveira Salazar). O que confirma a anotação feita em 2006, por Brasilino Godinho de que António Oliveira Salazar era maçon.
02. Aliás, em Portugal há uma longa tradição maçónica que reporta à Monarquia, ao Marquês de Pombal investido maçon em Londres; e teve em D. Pedro IV uma grande figura de pedreiro-livre; o qual, se tornou membro da Maçonaria, ainda estando no Brasil e apadrinhado por José Bonifácio de Andrada e Silva, prestigiado Patriarca da Independência do Brasil.
Conforme se pode ler nas obras A MAÇONARIA PORTUGUESA E O ESTADO NOVO, de A. H. Oliveira Marques e O QUE VOCÊ PRECISA DE SABER SOBRE A MAÇONARIA, de Elias Mansur Neto: “Estudar a Maçonaria do nosso país é o mesmo que estudar a História de Portugal, pelo menos a partir de 1817”; “O Grande Oriente Lusitano obriga D. João VI a transferir a sede do seu governo do Rio de Janeiro para Lisboa”.
Noutra observação de A. H. Oliveira Marques se recolhe a informação de que : “A partir dos finais do século XVIII, princípios do século XIX, a Maçonaria foi adoptada por enorme percentagem de deputados, pares do Reino, ministros e conselheiros de Estado, juízes, altos funcionários e detentores do poder económico, financeiro e social, ficando colocada à testa do país”.
A Carta Constitucional de 1822 reflecte a omnipresença dos seus criadores maçónicos. Repare-se que naquela época já os Reis se sujeitavam às determinações do Grande Oriente Lusitano. De reter a afirmação do conhecido maçon, historiador A. H. Oliveira Marques, de que a Maçonaria ficou colocada desde finais do século XVIII, “à testa do país”.
Devo afirmar: ATÉ HOJE! Sem hiatos!
03. Mesmo tendo-se operado a mudança de regime monárquico para regime republicano a Maçonaria manteve o domínio de Portugal.
É que a implantação da República a 5 de Outubro de 1910, dependeu da iniciativa e acção directa de revolucionários membros da Maçonaria. Mais tarde, na Revolução Militar de 28 de Maio de 1926 a Maçonaria teve papel importante que veio a consolidar com a investidura do general António Óscar de Fragoso Carmona, filiado na Maçonaria, nas funções de Chefe de Estado, que as manteve até à morte em 1951. Logo, de imediato, outro maçon, introduzido na seita pelo seu amigo Dr. Bissaya Barreto, de Coimbra, António Oliveira Salazar, precedendo nomeação de Ministro das Finanças do governo da ditadura militar, veio a ser nomeado Presidente do Conselho e em 1933 promoveu a aprovação da Constituição; a qual estabelecia o regime corporativo do Estado Novo, à imagem e semelhança do Regime Fascista de Benito Mussolini que dominava a Itália. E Salazar manteve-se no cargo até à morte, porque no Estado Maçónico havia que assegurar a direcção suprema de alguém que fosse maçon de inequívoca confiança dos detentores dos mais elevados graus da Maçonaria.
Como já vi classificado - e assim o considero - o período de vigência da ditadura salazarista correspondeu ao auge do Estado Maçónico de Portugal.
Toda a estrutura sociopolítica e administrativa da Nação estava dominada pela Maçonaria: Presidência da República (general Óscar Carmona, e Casa Militar, desde 1926 a 1951); Presidência do Conselho (Doutor Oliveira Salazar); ministros; presidentes e deputados da Assembleia Nacional; presidentes e procuradores da Câmara Corporativa; governadores civis e muitos presidentes de Câmaras Municipais; Forças Armadas, Justiça e Ensino; era prevalecente na estrutura do Estado todo um conjunto de maçons que influenciavam determinantemente a sociedade portuguesa, sob a férrea direcção de Oliveira Salazar.
04. A 25 de Abril de 1974 ocorre a Revolução dos Cravos. A Maçonaria não perdeu predomínio. O primeiro Chefe de Governo até foi o Professor Doutor Adelino da Palma Carlos, conhecido e respeitado maçon. Desde então e ao correr dos anos o Estado Maçónico de Portugal cresceu e hoje tem o País sob a sua total alçada – como aconteceu com a era salazarista. Mas agora com domínio mais ampliado, muito dispersivo pelo país e bastante sofisticado.
Assim, Presidência da República, Assembleia da Republica, Ministérios, Autarquias, Justiça, Ensino, Forças Armadas, Comunicação Social, Televisões e até a Igreja, estão integrados de membros das Maçonarias, com preponderância dos filiados na maior Fraternidade: Grande Oriente Lusitano.
O que acontece na governação do país, porque a Maçonaria providencia infiltração nos partidos mais importantes; de modo a que qualquer que seja a força política com encargo de Poder, ela tem sempre disponibilidade de exercer de facto a decisiva orientação e fiscalização da acção governativa – assim, nada lhe escapa à superintendência em todas as actividades, áreas e níveis da sociedade.
Costumo assemelhar a imagem da diversificada infiltração da Maçonaria nos partidos com o expediente de uma família em que o pai, a mãe e cada um dos filhos são filiados em partidos diferentes. Assim, seja qual for a formação partidária que esteja instalada no poleiro da governação, a família está sempre partilhando poder e influência. Chama-se a isto sentido de conveniência e fraternidade familiar… E falando de Maçonaria estamos confrontados com soberbas, várias e operosas fraternidades, de conveniências tamanhas… atinentes a criaturas privilegiadas que a si próprias se atribuem o inconfundível estatuto de “bons cidadãos, ungidos pelo efeito de halo recolhido em ambiente tenebroso, nas lojas/templos onde veneram o Grande Arquitecto do Universo.
05. O Professor Doutor António de Sousa Franco, que foi Ministro das Finanças, no Governo sob chefia do Engenheiro António Oliveira Guterres, umas semanas antes de morrer e discursando num colóquio no Porto, disse que quem mandava em Portugal eram uns “senhores cinzentos”. Tempos depois começou falatório sobre os “DONOS DISTO TUDO”.
Aqui e agora, eu digo aos leitores e aos portugueses a quem chegue informação deste “Texto Sem Tabus”: os DONOS DISTO TUDO” procurem-nos nas lojas das fraternidades maçónicas e nas capelas da Opus Dei (Maçonaria Branca).
06. Mais escrevo: Conhecidos os extremos de sectarismo e perseguição a que a secreta seita lança mão relativamente aos cidadãos que a criticam e verberam o anacrónico secretismo das suas ocultas actividades – aos quais, num tom depreciativo, classifica de profanos – digo que o país está confrontado com um silencioso e discreto processo revolucionário maçónico em curso na República Maçónica de Portugal.
Um processo revolucionário que nunca será dado por concluído.
Escrevendo o que precede nesta crónica, Brasilino Godinho traduz por suas palavras o que, nos últimos anos, tem sido expressado e subentendido por alguns ex-Grão-Mestres (e não só por eles) das seitas maçónicas (ramos vários da Maçonaria) que se encontram activas no território nacional.
Realça-se que tais declarações representam um avanço sobre a tradição secular que vinha sendo seguida de nada se transmitir ao público sobre o grau de implantação e influência das seitas maçónicas em Portugal. O ter-se, há poucos anos, operado essa mudança deveu-se à circunstância de os dirigentes máximos das fraternidades maçónicas sentirem que elas têm poder hegemónico na Nação e que se podem permitir o luxo, o desplante e a vanglória, de divulgarem esses dados referenciais do seu actual posicionamento na sociedade e na governação nacional.
07. Duas curiosidades:
- Após 1945 (ano do fim da Segunda Grande Guerra, na Europa) houve eleições para a Presidência da República que tiveram como candidatos dois maçons muito conhecidos: os generais Norton de Matos e Óscar Carmona.
Irmãos de Fraternidade e militando em campos políticos opostos. O que denota a característica de na Maçonaria sobreporem-se os interesses da seita a quaisquer divergências ou motivações individuais.
- Depois de 1974 e quando julguei oportuno, em crónica, publicada em órgãos da imprensa, ousei informar os portugueses de que o Doutor António Oliveira Salazar era maçon desde os primeiros tempos de frequência da Universidade, introduzido como membro e apadrinhado pelo amigo Doutor Bissaya Barreto, que veio a ser Grão-Mestre. Introduzido na loja Revolta que sempre se manteve activa na era do Estado Novo, nunca tendo abatido colunas.
De referir que se os comunistas eram ferozmente perseguidos, os maçons hostis ao regime gozavam de alguma condescendência correlativa à apregoada fraternidade, a condizer com a natureza maçónica do regime salazarista. Inclusive o Doutor Adelino da Palma Carlos teve assento e operosidade na Câmara Corporativa, como Procurador.
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