O ELO IMPREVISÍVEL QUE DESPONTOU NO ANO 2013

ENTRE ANTERO DE QUENTAL E BRASILINO GODINHO

 

Brasilino Godinho

03/Janeiro/2021

 

Até ao início do ano de 2013 era de todo imprevisível o estabelecimento de qualquer ligação entre Antero de Quental e Brasilino Godinho.

 

Naquela altura a decisão de me doutorar em Estudos Culturais e a opção quanto à natureza da temática a que se cingiria a apresentação e defesa da respectiva tese, despertou em mim o interesse pela investigação da vida e obra da grande poeta e pensador açoriano que já considerava uma das figuras de maior importância da pátria portuguesa.

 

Decidida a matéria a contemplar na investigação científica e à medida que aprofundava os trabalhos de pesquisa fui-me apercebendo das ligações de circunstâncias locais, familiares e de conexão filosófica de expressiva formulação que me era possível estabelecer com Antero de Quental.

 

Por exemplo foi uma surpresa ter conhecimento dos laços pessoais e familiares de Antero de Quental com a minha terra de naturalidade: TOMAR. Ele tinha família residente na cidade nabantina, Os pais casaram em Tomar; o irmão mais velho, André Quental nasceu e casou lá. Era uma cidade a que esteve naturalmente ligado e que visitava com frequência por manter lá família do lado materno.

Sendo eu natural de Tomar tive satisfação em partilhar esse vínculo tomarense.

 

No capítulo da lucubração do pensamento em que Antero de Quental foi exímio cultor, desde logo me identifiquei com os aspectos e elementos mais relevantes do seu labor mental, logo absorvidos pela pessoal interpretação que lhes dava; o que foi facilitado por alguma formação filosófica que houvera alcançado no decorrer dos meus estudos autodidácticos da adolescência e juventude. Aliás, factor sobressaliente no decurso dos trabalhos de investigação e elaboração da tese ANTERO DE QUENTAL – UM PATRIOTISMO PROSPECTIVO NO PORVIR DE PORTUGAL. O que, apesar dos cuidados tidos com a fixação da matéria temática, em sede de tese, é incluso nalgumas partes dela, facilmente apercedido pelos estudiosos da vida e obra da figura anteriana.

 

Neste contexto de relatividade de circunstâncias e de conjugação de vivências de cada qual, ocorridas em épocas distintas e da motivação maior, também mais explícita e bastante expressiva de significação e alcance histórico decorrente da grande envergadura da obra e superior qualidade de vida de Antero de Quental e da invulgar e multifacetada vida e percurso académico octogenário de Brasilino Godinho; é lícito, útil, numa perspectiva de exercício cívico em prol da comunidade e favoravelmente acolhido com sentidos didáctico e pedagógico; sobretudo, orientados para a apreensão, incentivo e proveito das novas gerações – formular a seguinte declaração:

- ANTERO DE QUENTAL E A SUA OBRA SÃO PATRIMÓNIO CULTURAL DA NAÇÃO PORTUGUESA.

- O CASO/EXEMPLO DE VIDA DE BRASILINO GODINHO É PATRIMÓNIO IMATERIAL DA NAÇÃO PORTUGUESA.

 

Para além desta correlação, dir-se-ia que disjunta, sobressai a particularidade de que enquanto Antero de Quental deu término à vida com média idade, certamente por sentir dolorosa angústia existencial; Brasilino Godinho deu larga continuidade ao seu percurso de vida sublimando o seu apego e determinação no aprimoramento pessoal; o qual, encarado numa perspectiva de serviço à comunidade portuguesa.

 

Num plano subjectivo e díspar se poderá, sem esforço, admitir que em Brasilino Godinho, qual biógrafo tardio de Antero de Quental, se complementou algo do espírito e da vivência do mestre poeta, político e pensador açoriano; tão imprevistamente, uma coisa e outra, interrompidas no dia 11 de Setembro de 1891, num banco, junto ao muro do Mosteiro de Esperança, no Campo de S. Francisco, em Ponta Delgada.