UM TEXTO SEM TABUS…

Brasilino Godinho

12/Janeiro/2021

 

ATITUDE INTELIGENTE E UM

GRANDE EXEMPLO DE PROBIDADE

E INVULGAR SERIEDADE POLÍTICA

 

01. Ao fim da tarde de hoje e através de notícia da Agência Lusa, soube-se que o Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, do Governo de Cabo-Verde, Dr. Luís Filipe Tavares, pediu a demissão, que lhe foi concedida.

Motivo: Na sua boa-fé e apoiando-se nas informações que lhe chegaram, houvera nomeado Cônsul Honorário de Cabo-Verde na Florida, Estados Unidos da América, o empresário português César do Paço.

 

02. Há cinco dias, o Canal de Televisão SIC transmitiu reportagem sobre o Partido Chega, chefiado pelo candidato presidencial André Ventura e revelava que este estava sendo financiado pelo português César do Paço, residente no país norte-americano.

Perante as críticas que estavam surgindo em Cabo Verde, o ministro cabo-verdiano entendeu que devia salvaguardar a sua imagem de integridade e a de seriedade do governo de Cabo-Verde.

 

03. Ministro cabo-verdiano demitiu-se para descartar qualquer ideia de ligação ao CHEGA, partido geralmente considerado de extrema-direita.

Extracto do comunicado de Dr. Luís Filipe Tavares:

“Considerando informações adicionais e recentes postas a circular, sem fazer qualquer juízo de valor sobre o seu mérito e ainda imbuído do espírito de poupar a Cabo Verde a crispação adicional e o desgaste que resultam das eventuais repercussões políticas negativas, não poderia ter outra atitude que não fosse a de requerer a S. Exa. o primeiro-ministro a minha exoneração do cargo”.

 

4. Não faço comentários. Por que desnecessários. Tal é a dimensão da intrínseca dignidade do procedimento do Dr. Luís Filipe Tavares.

Mas não me dispenso de chamar a atenção dos leitores para o interesse nacional de se compararem as atitudes do governante cabo-verdiano e as que são, afinal, triste, desonroso, intolerável, habitual, apanágio dos ministros e chefes de governos portugueses. Estes, por maiores que sejam as irregularidades e ilegalidades que cometam, nunca se demitem! Nem são demitidos!

 

Nesta Terceira República - se bem me lembro – só se registaram dois casos de pedidos de demissão efectuados pelos ministros: social-democrata Sousa Tavares e socialista Jorge Coelho.

Atendendo à sucessão de escândalos e irregularidades que sobressaem, quase todos os dias, no pântano asqueroso em que está mergulhada a politicagem nacional, eu aproprio-me da observação feita em tempo político de José Seguro pelo grande-chefe Costa e afirmo: “é poucochinho!!!…”

Mais digo: É UMA DESGRACEIRA!