DO MEU ACTVO DE SER VIVENTE
HEI POR BEM DAR TESTEMUNHO
Parte II
(Continuação da Parte I)
Brasilino Godinho
01/Junho/2020
01. “Maçonaria um Estado, dentro
do Estado” português.
Esta afirmação não é minha. Tem sido feita, nos
últimos anos (século XXI) por alguns dirigentes máximos das seitas maçónicas
existentes em Portugal. Que eu confirmo! Aliás, já esse posicionamento de poder
eu indicava nas minhas crónicas sempre que, nalgumas delas, me referia à
Maçonaria; inclusive, até na minha obra A QUINTA LUSITANA, editada em Novembro
de 2004, isso foi expresso preto no branco – o que antecedeu, por largos anos,
as tais afirmações tidas pelos grão-mestres em entrevistas e reportagens de
alguns órgãos da Comunicação Social.
02. Vem a propósito referir que A QUINTA LUSITANA
foi o livro mais censurado em Portugal, pós 25 de Abril de 1974, devido ao
trecho inserido a páginas 88-104, focado na Maçonaria e Opus Dei portuguesas.
Houve livrarias que esconderam a obra e uma, de
Lisboa, localizada no Rossio, o respectivo gerente chegou mesmo, em tom irado,
a dizer a um cliente: “esse livro não existe em Portugal”. E nela havia
exemplares escondidos. Na sucursal de Aveiro, semanas antes, os exemplares da
obra tinham sido os livros que mais se tinham vendido. E por isso estar
acontecendo, a gerência da sucursal de pronto recebeu telefonema da sede de
Lisboa em que lhe era exigido que retirasse da montra o cartaz e os exemplares
de A QUINTA LUSITANA. Certamente, que algum diligente mação houvera dado informe
da exposição livresca que estava patente na montra da sucursal de Aveiro, da
livraria central de Lisboa.
De notar que nalgumas livrarias, em que não era
negada a posse dos livros, bastantes foram comprados por alguns maçons, mediante
aquisições individuais de 4 exemplares, conforme tomei conhecimento.
03. Entre os pedreiros-livres, circulou a
instrução: “Não se fala no livro. É como se ele não existisse”. De facto,
instrução/ordem cumprida nalguns órgãos da Imprensa (notoriamente sob
dependência maçónica), com todos os requintes de persecutória aversão à obra e
ao autor.
Casos execráveis de procedimentos censórios tenho
em registo de memória e que me dispenso de aqui mencionar para não alongar o
presente Apontamento. O que me obriga a declarar que em Portugal existe detestável
censura que é exercida, sem o público se aperceber, nas redacções dos jornais,
das revistas, das rádios, das televisões e noutras áreas como nas livrarias.
Censura mais perversa do que a Censura vigente na
época do Estado Novo – a qual, estava à vista de toda a gente e nas edições
diárias dos jornais vinha referenciada nas primeiras páginas com a nota: “Este
número foi visado pela Comissão de Censura”. Neste regime de Partidocracia a
censura é feita “discretamente”, para usar a terminologia mui cara à Maçonaria:
tudo nela se opera de forma “discreta”.
04. Em plena vigência da presente
Terceira República têm sido feitas pelos Grão-Mestres, das Irmandades Maçónicas
afirmações peremptórias dessa insólita posição dominante num Estado português
que se pretende dar ares de Estado de Direito. Quando começaram a surgir, estas
afirmações expendidas aos órgãos de Comunicação Social suscitaram perplexidade nalguns
meios mal informados em matérias de natureza maçónica.
05. Não obstante, havia alguma
razão a justificar tal reacção nalguns sectores da comunidade nacional. É que a
Maçonaria levou dezenas de anos a negar essa evidência a que estavam atentos
muitos portugueses. Um funcional expediente maçónico associado aqueloutro de
envolver todas as actividades no mais estrito secretismo e rigorosa clandestinidade.
Igualmente, as identidades dos seus membros eram sigilosas, embora fossem
admitidas pontuais divulgações dos nomes de grão-mestres. Normativo maçónico
levado a tal ponto extremo de institucional segredo que até as identificações e
comunicações entre maçons se faziam (e se fazem) por reservadas “pranchas” e por
subtis gestos ou atitudes, segundo códigos mantidos em segredo.
06. Mais de assinalar: qualquer mação ou dirigente
maçónico, desde que não atinja o grau máximo da hierarquia, leva uma vida
inteira de militância e morre no desconhecimento dos maiores e mais escondidos
segredos da Maçonaria. Os segredos vão sendo repartidos à medida que o “irmão”
vai subindo na hierarquia maçónica escalonada por 33 graus.
Ou seja: até para com os “irmãos” a Maçonaria
pratica o secretismo relativamente ao seu historial de segredos. E se não
confia na sua gente, não é de estranhar que não confie nos profanos. Apesar de
– circunstância interessante, sem deixar de ser de duvidosa objectividade – o
indivíduo logo que é entrosado no grau de “aprendiz”, ipso facto adquire automaticamente a grande qualidade de bom
cidadão e devotado praticante de bons costumes ao serviço da sociedade – o que,
como se sabe e se constata frequentemente, está longe de corresponder à
realidade.
07. Entretanto e à cadência do processo de
consolidação do intensivo e abrangente domínio do Estado e de preponderância na
vivência colectiva, as instituições maçónicas têm vindo a abrir-se um pouco ao
público, proporcionando reportagens fotográficas sobre as lojas e até permitindo-se
competir entre si nesse sentido.
Exactamente por se sentirem dominadoras, sem
recearem bloqueios e possuidoras de grande poder e influência, assim recorrendo
a tal expediente, logram criar a ilusão no público de que não são tão secretas,
como se julga em Portugal. Sobretudo, insistem na singular arteirice: de que
são discretas… e tanto, que permanecem encravadas no secretismo; o qual, é seu
apanágio ou, se quero ser mais preciso, retrógrada imagem de marca.
08. Ponto assente e inequívoco: a Maçonaria não é
flor que se cheire e o seu “perfume” não é transmissível aos profanos.
Neste enquadramento, saiba-se que nela não entra
qualquer rosto pálido. Trata-se de uma instituição, qual clube de sociedade
obscura, de muito extremada selectividade.
Geralmente, o cidadão será candidato por convite de
mação qualificado que, eventualmente, será o padrinho que o proporá e exaltará
as qualidades exigidas para satisfazer os requisitos de acesso à condição de “aprendiz”.
O indivíduo, candidato à filiação, depois de ter sido escrutinada toda a sua
vida e de familiares próximos, será avaliado e se for tido como um futuro mação
credível e compenetrado da grande responsabilidade de ser rigorosamente fiel à
Irmandade por toda a vida, logo, na fase imediata, será compelido a sujeitar-se
a incríveis, tétricas, provas de natureza medieval.
09. Um esquisito e macabro ritual que me causa
estupefação. Interrogo-me: como há, no nosso tempo, pessoas civilizadas, com
grande arcaboiço intelectual, disponíveis para se submeterem a tão patéticas,
absurdas e ridículas, direi mesmo: vergonhosas e humilhantes, provações
circunstanciais físicas e mentais.
Que isto suceda faz-me pensar ao
ponto extremo da abdicação de firme personalidade, que fosse supostamente impenetrável
a influências esotéricas. Porém, há indivíduos que se submetem a tais rituais e
rigorosas condicionantes, por terem o inconfessado propósito de se aproveitarem
da filiação maçónica para singrar nas carreiras profissionais e políticas. Pois
que não lhes falta o conhecimento de que as seitas maçónicas são hoje promissoras
agências de emprego e de promoção de carreiras.
10. E por citar promoção vem-me à memória o curioso
caso do Dr. António Reis que durante a juventude desejou vir a ser cardeal. Mas
em dada altura considerou que atingir esse elevado grau da hierarquia da igreja
católica era tarefa impossível. Então, em alternativa ambiciosa, decidiu inserir-se
no português rito oriental da Maçonaria. Em tão auspiciosa hora maçónica fez a
investidura que chegou a ser Grão-Mestre e com tempo para instituir um
privativo órgão de segurança interna adentro da Irmandade.
11, Diga-se que tal decisão me deixou boquiaberto.
Não bastava à Maçonaria a preponderante influência tutelar que vinha mantendo
(e que continua a manter) na Magistratura Judicial, nos tribunais e nas várias
polícias? Mistério… Ou talvez não…
Um breve parêntesis para deixar referência que
outro António, de apelido Salazar, terá sido precursor do caso do mencionado
Grão-Mestre, António Reis. Antigo aluno de seminário e colega de Manuel
Gonçalves Cerejeira (que veio a ser Cardeal Patriarca de Lisboa) António
Oliveira Salazar terá desejado ser cardeal, mas acabou por se tornar o mação
Pombal, jurado membro da Loja Revolta, sita em Coimbra, por convite do colega,
amigo e Grão-Mestre Bissaya Barreto.
12. Para finalizar esta Parte II, acrescento uma
nota pessoal: reconheço em alguns maçãos elevadas qualidades pessoais e (ou) grandes
méritos profissionais. De alguns sou amigo ou tenho por eles grande
consideração. Quase todos, se não todos, ignoram que eu sei que são maçons. Por
vezes, em conversas que temos ocasionalmente, me chego a divertir intimamente, face
aos esforços de linguagem que fazem para encobrir a condição maçónica.
(Continua na Parte III)
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