294. Apontamento
Brasilino Godinho
26/Outubro/2019
NO PORTUGAL DO FOLCLORE POLÍTICO
Hoje, sábado 26 de Outubro de 2019, ocorreu a «tomada de posse do novo “governo”» do País. É assim designada a cerimónia que ocorreu no Palácio da Ajuda.
Tal designação se me afigura uma pretensa ajuda configurada nalguma credibilidade operativa do conjunto de 70 pessoas que se asilaram no Governo e que, por maioria de razões decorrentes da habitual má gestão política da Nação, talvez se devesse chamar desgoverno. Concedo-me o benefício(…) da inquietante dúvida de tão numeroso colégio disfuncional ser mesmo um fiasco governativo.
E como não podia deixar de ser num país que displicentemente se confronta todos os dias com manifestações do folclore político, todo aquele encenado espectáculo aqui referido, constituiu uma pomposa e inútil parada folclórica, só admissível para influenciar favoravelmente pacóvios das aldeias mais remotas e atrasadas de Portugal, tristemente mergulhados no pântano do maldito analfabetismo.
As televisões empenharam-se em apresentar desenvolvidas reportagens sobre o enfadonho cerimonial.
Apesar da minha repulsa por esses aspectos negativos, enquanto almoçava, presenciei alguns lances do reportório televisivo e… calcule o leitor: diverti-me um pouco.
Indico:
- Desde logo achei piada à ideia do Dr. António Costa, ministro primeiro - entre as dezenas de outros, de apagada visibilidade - querer elevar o ordenado mínimo para € 750, daqui a quatro anos (2023). Precisamente a data de início da seguinte legislatura.
A excelência em Chefe de Governo representada, mostrou uma perspicaz visão de quem tem olho vivo e argúcia de não se comprometer com promessas vãs e a malvadeza de assobiar para o lado e de chutar a bola para canto situado a longa distância.
- Como me era sugerido pela programação televisiva da RTP, deslumbrei-me com o festival de abraços mais ou menos apertados, atrevidos ou respeitosos e de beijos, beijinhos e beijocas, mais ou menos discretos e efusivos que foram mostrados pelas câmaras televisivas.
De tudo aquilo que foi cuidadosamente reportado pela RTP se conclui que o público continua a ser contemplado com diversões insuportáveis de folclore político. Com uma diferença dos tempos da ditadura salazarista; para além do Fado, Futebol e Fátima, da era do Estado Novo; temos agora, tempo de ditadura da Partidocracia, o Folclore Político explorado ao mais alto nível de ostentação folclórica.
- Também achei muita graça ver o jornalista Teixeira, da RTP, a ser longamente entrevistado por uma colega da mesma estação televisiva: ambos enquadrados no emblemático e folclórico ambiente.
Tratou-se de um achado televisivo interessante, enternecedor(...), a que só faltaram os aplausos da plateia circundante; na qual, especados, os participantes se entretinham a mirarem-se uns aos outros, como se estivessem desconfiando mutuamente.
Vistas e planos de encantar mentes empedernidas.
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