Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, maio 18, 2019


BRASILINO GODINHO
232. Apontamento
18 de Maio de 2019 

REFLEXOS DA CRISE DE VALORES

O caso do famigerado comendador Joe Berardo teve o condão de chamar a atenção pública para a desvalorização que no seio da sociedade portuguesa se vem operando no domínio das condecorações atribuídas pelas Ordens Honoríficas e pelas autarquias. Também - por arrasto e flagrante analogia - pela desconforme atribuição de prémios concedidos entre membros dos júris que se premeiam, alternadamente, entre si, conforme se vão revezando nas constituições dos mesmos.

É um estádio de imoralidade, de tráfico de influências e de desonestidade intelectual, o que se passa e a que não se tem dado a devida atenção; certamente por decorrência da censura e dos jogos de interesses bloqueadores da informação a que o público tem direito; até por imposição constitucional. Só que a própria Constituição e o Estado de Direito são letras mortas na nossa sociedade de fortíssimo consumo de interesses obscuros e de avantajados proveitos da generalizada e próspera corrupção.

Na matéria de condecorações, haja consciência de que no nosso tempo, em Portugal, principalmente em Lisboa e nas autarquias dispersas pelo País, não se premeiam as pessoas pelos seus méritos, carácter e faculdades de alma.

Existe estabelecido ipso facto - e prática corrente - que os galardões são de atribuir aos amigos, correligionários, compadres e a todos que preencham a condição de ser “um dos nossos”. Igualmente, a contemplar quantos indivíduos sejam detentores de fortuna pessoal. Aliás, é suprema e mui recomendada condição para ser - na pior das hipóteses - comendador.

Demonstração de que assim tem sido, basta recordar que os ex-presidentes Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva, distribuíram medalhas e distinções honoríficas à tripa-forra, por largas centenas de pessoas. Deveras interessante foi o caso de ex-presidente Cavaco Silva ter condecorado o jovem costureiro que cuidava do trajar da sua esposa. Na altura escrevi e mantenho a observação: ele terá cometido uma grande injustiça. É que nem se compreendeu que, pelo mesmo critério, não tivesse agraciado o motorista, o cozinheiro e o cabeleireiro da Senhora D. Maria Cavaco, sua digníssima esposa.

É com equívocas linhagens a recomendar a outorga de distinções e ornatos honoríficos que em Portugal se faz, geralmente, a exaltação da mediocridade, da incompetência, do compadrio e da vaidade bacoca de muita gente pouco recomendável - se estivéssemos numa sociedade devidamente estruturada e (ou) num Estado de Direito.