BRASILINO GODINHO
231. Apontamento
16 de Maio de 2019
TRISTE E DEPLORÁVEL ESPECTÁCULO
Com a provecta idade que tenho no activo de vida e,
desde a meninice, persistentemente atento ao que se vem sucedendo neste rincão
ocidental da Europa, tenho acumulado visões, leituras e audições de inúmeras e
muito diversificadas coisas e loisas. Mas nunca tomei conhecimento de coisa
mais disparatada e cretina do que aquela incrível e desastrada intervenção dos
participantes portugueses no festival das canções da Eurovisão, realizado há
dias, em Telavive.
Felizmente poupei-me a tristeza de presenciar tal
aberração linguística e deplorável espectáculo.
Porém ficou retida a amargura de saber que, mais uma
vez, fora exposta sem pudor e em toda a sua feia nudez, a dramática condição de
iliteracia da sociedade portuguesa.
A peça apresentada em palco é representativa da
indigência cultural e da imaturidade mental, do público que lhe facultou palco
e aprovação para se exibir; e, consequentemente, ser retratação de um Portugal decadente
e sem apego aos valores da Educação, da Ética, da Moral, da Arte, da Política e
da dignidade que deve abranger em plenitude o conceito de Pátria.
Repare-se no trecho inicial do paleio entoado em
palco, que nem se deve classificar de cantilena:
“Eu parti o
telemóvel
A tentar ligar
para o céu
Pra saber se eu
mato a saudade
Ou quem morre
sou eu.”
Antes de mais,
os espectadores tiveram sorte de o sujeito não se ter lembrado de ligar ao
inferno pois que, provavelmente, o telemóvel explodiria e arrastava para a
morte, o telefonista, a saudade e os espectadores cercanos…
Talvez receando esse morticínio, o grande júri, de pronto, eliminou o português
do concurso televisivo.
Enfim, um triste e deplorável espectáculo.
É o País que temos! Infelizmente!
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