Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quarta-feira, maio 23, 2018



142. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
22 de Maio de 2018

AS CRISES, A AUSTERIDADE,
O CULTO DO FACILITISMO,
DÃO AZO A MUITOS MALES

Os jornais de hoje trazem uma triste notícia: o Diário de Notícias vai passar a semanário que, provavelmente, será a antecâmara do seu colapso final.
Para mim, que me lembro de com ele ter, a partir do ano de 1938, iniciado a prática de ler e de naquela época ele custar trinta centavos, a referida notícia é muito confrangedora.

O transe porque passa o Diário de Notícias leva-me a reflectir sobre as causas da decadência dos periódicos de papel que tem provocado a sucessão de falências das empresas jornalísticas.

É comum ler-se e ouvir-se que é a internet, as edições em formato digital e as redes sociais, que estão provocando o encerramento dos órgãos da imprensa escrita. O que tem alguma parcela de fundamento.
E em reforço dessa teoria diz-se que a facilidade e rapidez de leitura cativam o público e o predispõe para o abandono dos jornais de papel. Também, sob este aspecto, assente algo de verdade.

Porém, parece-me que importa aprofundar a análise.
Antes de mais, há que considerar que a crise da imprensa escrita tem a ver com o culto da facilidade que se instalou na sociedade por força do impulso que lhe tem sido dado nos ensinos básico, secundário. No ensino superior o facilitismo nem precisa de ser estimulado nos alunos, por que neles já está enraizado pela prática que vem de trás (do básico e do secundário) e à não aquisição de hábitos de leitura das obras de bons autores. Os programas naqueles graus: primário e secundário, estão gizados por forma de os estudantes se aterem a aprendizagens superficiais das matérias, ao exagerado uso de máquinas de calcular e computadores; e sem a assimilação só possível pela concentração e suficiente tempo de leitura em livro. Precisamente o que a edição digital não faculta.

Depois, as sucessivas crises que tantos estragos têm causado na nação portuguesa, e a persistente austeridade, fizeram com que a maioria da população perdesse poder de compra, e não tendo dinheiro para satisfazer necessidades básicas também ele lhe faltou para a compra dos jornais, acarretando a progressiva redução das tiragens. Claro que em tempo de generalizada pobreza, de deficitária economia, de falências no sector fabril, e de enfraquecimento da actividade comercial, as empresas da comunicação social perderam quotas de rendimento publicitário – o que afectou gravemente a gestão corrente das suas unidades de produção jornalística.

Isto explanado sucintamente para realçar que as extremas dificuldades que afectam os órgãos de comunicação social são complexas e, sobretudo, decorrem das crises em que Portugal vem estando mergulhado: as políticas; a do ensino e educação; e a do clima de facilidades incompatíveis com o regular funcionamento das instituições e com a imprescindível harmonização no tecido social.