137. APONTAMENTO DE
BRASILINO GODINHO
09 de Maio de 2018
BRASILINO GODINHO
09 de Maio de 2018
O PAI DA DEMOCRACIA?
O QUE VEM A SER ISSO?
01. Em dois recentes apontamentos
escrevi sobre a instalação em área ajardinada de Lisboa de uma esquisita
tabuleta que estava despertando a atenção dos lisboetas. Havia em certos meios
mal informados e muito sugestionáveis a desconfiança de que a indicação de um
pai da democracia nela inscrita, corresponderia a uma qualquer existência de
família com aquele invulgar apelido. Entretanto, apurou-se que tal agregado
familiar não existia. O que deu azo ao boato de que teria sido colocada por
desorientado extraterrestre em acelerado trânsito por aquela zona lisboeta.
Também aqui se apurou inexactidão
quanto ao teor do insólito caso do Jardim do Campo Grande.
02. Afinal a classificação de
grande bronca por nós atribuída à questão aqui esmiuçada com rigor de aparência
científica, é mais linear do que aparentava ser quando inopinadamente surgiu no
cinzento-escuro da noite lisboeta.
Precedendo breve pesquisa no
complexo pequeno mundo da reservada política preponderante na capital alfacinha,
conseguimos conhecer as informações que transpomos de imediato. Segundo rezam
as crónicas lisboetas de bem disparatar e pior discernir, a placa colocada no
Jardim do Campo Grande, em Lisboa, visava atribuir nova designação àquele
espaço público: Jardim Mário Soares.
Mas alguém da edilidade não se
ficou por esse intento. Terá decidido conferir à tabuleta um sentido de abstracção
e suscitar maior impacto junto dos indígenas. E então inscreveu nela o secreto
rebaptismo do antigo dirigente que se notabilizou pelo incrível feito e
consequente efeito, de meter o socialismo na gaveta: Mário Soares Pai da
Democracia. Rebaptismo que se configura como um rótulo inconsistente colado na
figura de Mário Soares.
Mas mais do que essa absurda rotulagem
agora fixada numa figura jazida num espaço intemporal, ela é um deplorável atestado
de iliteracia cultural e de menoridade cívica passado ao povo português. Como
se não bastasse a realidade dos crónicos analfabetismos funcionais e culturais que
nos envergonham, ali está exposto o escusado e deprimente reconhecimento
oficial de tão calamitoso estado de subdesenvolvimento cultural do povo
português.
Alguém, distraído ou frágil de
espírito, perguntará: Como isso traduzido em concreto? Diremos: pelo que
subentende de falta de discernimento do povo português. Que a existir, lhe
permitia repudiar todos os disparates e falácias que os manhosos políticos quisessem
impingir aos incautos cidadãos.
03. Todavia, qualquer português
por muito deficiente que seja a sua instrução percepciona que a Democracia não
tem pai. Aliás, muitos portugueses têm uma vaga, imprecisa, ideia do que seja a
Democracia; a qual, terão inculcado por aquilo de primária inconformidade que terão
ouvido a gente que nem sequer tem noção exacta do que seja a interpretação
semântica da palavra e daquilo que o conceito exprime.
04. Tendo a Democracia surgido na
Grécia através da contribuição de filósofos, políticos e oradores de alta
envergadura intelectual, nem nessa época da Antiguidade foi apurada a paternidade
da democracia helénica ou a conveniência histórica de a identificar numa
singular pessoa. Exactamente por ser manifesta a inexistência de tal condição num
qualquer indivíduo do território helénico.
05. Abreviando considerações aponte-se
o disparate de na chamada democracia portuguesa ter sido atribuída recentemente
uma tal qualidade de pai, que nem na antiguidade clássica se registou.
06. Porém, se a ideia da tabuleta
é perpetuar a condição de pretenso pai de qualquer coisa aparentada com a
Democracia, como seja a fantasia da chamada democracia portuguesa,
caracterizada por uma aberrante e desvirtuada prática funcional, por uma persistente
negação dos valores e princípios e, sobremodo, muito distanciada da
significação e representatividade de governo do povo, pelo povo e para o povo;
então, com muita boa, excessiva, vontade e emblemático aproveitamento
partidário, faz algum hipotético sentido que se considere Mário Soares como o
famoso pai da malfadada democracia portuguesa à presente usança e ao pior
desfrute da população indígena. O que, convenhamos, não é honroso para a
memória de Mário Soares. Até se admite que ele, em vida, talvez rejeitasse a
paternidade ora atribuída com certo requinte de arbitrariedade e despudor. E
ainda por cima, sem a devida e imprescindível análise de ADN…
Mas tudo isso, com seu quê de
descabido oportunismo de saloia natureza e de atrevida obscenidade, é
escandalosa negação da Democracia e não dignifica Portugal e as suas gentes.
07. Para rematar: Se Mário Soares
foi até há pouco tempo o incógnito pai da democracia de refugo que temos, o que
foram os homens do MFA no dia 25 de Abril de 1974? Terão sido os parteiros de
serviço? Qual teria sido a matrona a quem, durante o parto, aplicaram a
cesariana?
Acreditamos que ela, senhora de
atributos sedutores, tivesse nome de república…
Por sinal, a neófita (democracia,
então na data de 25 de Abril de 1974, tida ou achada como filha de pais
incógnitos), nasceu leda e formosa. Passaram os anos e hoje mostra-se detestável
mostrengo, ser envelhecido, vicioso mui dado às más práticas, repelente à vista
desarmada e nem recomendável ao menino Jesus que dele se afastaria como o Diabo
foge da cruz – segundo o que consta nos enredos dos amigos da onça, fiéis seguidores
da demoníaca criatura…
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