O espantalho
que atraiu polvo
muito visado
pelas televisões.
Brasilino Godinho
14
de Dezembro de 2015
01. Se me é permitida a imagem, o autopromovido presidente da tristonha República
- que emerge dos subterrâneos da liberdade, manca e deprimida na sequência dos
conhecidos maltratos da era cavaquista/coelhal - e cabeça de cartaz eleitoral
da rapaziada das sondagens, Marcelo Rebelo de Sousa, faz-me lembrar um
espantalho; ou seja, um pau com um lenço (de cor laranja, tinha que ser…) na
ponta que é usado na pesca do polvo; o qual, no caso vertente, se nos depara
figurado no eleitorado. E tão esquisito instrumento de engodo funcionou,
durante décadas, com uma regularidade espantosa nos jornais, na rádio e nas
televisões e face a audiências que foram crescendo à medida que prosperava o
negócio de venda da banha de cobra em doses maciças, de produção artesanal do
próprio vendedor. E os clientes deixavam-se aliciar com a resignação de
penitentes compulsivos e amestrados.
O
resultado final transparece agora, devidamente ampliado e publicitado até à
exaustão pelas empresas das sondagens, pelas solícitas reportagens das
televisões e pelas insidiosas manchetes e patéticos artigos publicados nos
jornais e revistas de gente amiga e obsequiosa.
O2. Como se isso não fosse dramático e algo repelente, os partidos do
leque da esquerda estão revelando uma confrangedora miopia política e a
demonstrarem que não aprenderam nada com a História da política portuguesa da
última década - para não recuarmos mais no tempo.
Anote-se
o que se passou com António Costa que há meses andou entretido a discutir o
sexo dos anjos concernente ao seu programa eleitoral, quando devia ter-se
concentrado em apontar os estragos e destruições perpetrados pelo governo
Passos Coelho/Paulo Portas. Impunha-se afastar essa gente que tanto prejudicara
a grei portuguesa. Foi uma deferência para com tal governo que lhe custou cara.
03. É de assinalar que enquanto a direita cerra fileiras e chega ao extremo
ponto de ter promovido o surgimento da lebre de Marcelo, Mariazinha (de sua
risonha graça) com o nítido propósito de dividir o eleitorado do PS, as forças
de esquerda apresentam-se a sufrágio fragmentadas e marimbando-se para a
fatídica dispersão de votos por várias candidaturas. Como se estivessem a
estender a passadeira vermelha ao programado presidente Marcelo. Um procedimento suicida. Que decorre da
terrível circunstância: quem facilita a vida ao inimigo e o poupa à avaliação, à condenação e ao castigo, às mãos lhe morre…
04. O CDS, que é um partido residual, alapa-se jubiloso ao PSD e assim se
vai aguentando num percurso de imprescindível submissão ao seu aliado que lhe
sustenta a proveitosa e remunerada vivência.
Mas,
neste aspecto de convergência em proveito próprio, o CDS dá meças aos partidos
de esquerda. Estes, deveriam agregar uma frente comum contra o putativo
presidente Marcelo. A Marcelina criatura que concentra apoio abrangente das
diversas tendências do PSD e do CDS.
05. O que se passou nas últimas eleições legislativas e nas anteriores em
que Passos e Postas celebraram núpcias eleitorais e governativas, poderia
servir de elucidativa lição para os dirigentes que se situam à esquerda da
democracia portuguesa.
06. Com a enorme máquina publicitária que está montada por Marcelo - que
alguém, in illo tempore, designou por
professor
Martelo, tendo em conta as inúmeras marteladas que, desde 1975, tem
desferido sobre o bestunto do Zé e as cachimónias dos morcões instalados no
pacóvio reino das marcelices - e por seus companheiros e sondadores (colaborantes
empenhados na exaltação do marcelista presidente), o maralhal da esquerda está
pasmado a ver passar o comboio enfeitado a cores laranja e azul acinzentado,
dirigido pelo exuberante e convencido maquinista-mor e militante destacado do
PSD – comboio que segue em direcção a Belém, cerca do Palácio da almejada
presidência de uma desfigurada república que corre sério risco de ser cada vez
mais dominada e explorada pelos escondidos donos disto tudo.
Palácio de Belém – Marcelo vislumbra a proximidade de
uma estação-apeadeiro
onde chegará o seu comboio pintado a cores laranja (PSD)
e azul acinzentado (CDS).
07. Merece citação a falha que a
Marcelo urge colmatar. Precisamente, uma sublime conveniência.
É
que para completar e mais animar a parada
da paródia eleitoral de Marcelo, só falta que o famigerado beijoqueiro e
manhoso vocalista da coligação PaF vá por aí, em tudo que é sítio de feiras,
arraiais, festas, supermercados, fóruns, praças, ruas e lotas, acompanhado
pelos sus muchachos, rindo e cantando
alegremente um qualquer hino marcelista, À notada falta do mesmo, ousamos
sugerir a composição seguinte:
Abram alas! Abram alas!
Deixem
passar esta linda brincadeira,
Não da bela Ilha da Madeira.
Sim! A da próxima aventura
Da
grande marcelina figura…
(Hino
que deve ser cantado com a música da canção do saudoso Max).
E já agora o desafio: MARCELINO, TOCA O HINO!
Nota
imprescindível: Este artigo foi escrito com activo repúdio do Novo Acordo
Ortográfico de 1990.
Aliás,
Brasilino Godinho quere deixar inequivocamente expresso que tudo que escreve
contempla essa obrigação cívica e dever patriótico - que se lhe impõem, com
absoluta prioridade, na sua vida e condição de português.
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