PORTUGAL ESTÁ
GRAVEMENTE DOENTE
Brasilino Godinho
Zé-Povinho, paupérrimo, até já sem a tanga esfarrapada,
transtornado com o resultado das eleições e aguardando na urgência do hospital que
lhe tratem
da saúde e lhe dêem a guia de marcha para o ‘jardim das tabuletas’.
I. Resultados
eleitorais de 4 de Outubro de 2015
Eleitores inscritos 9 439 711
Votantes
5 374 343
Abstenção
4 065 288
Brancos
112 293
Nulos 86 571
Votos
PAF
1 979 132 36,8 % 104 deputados
PS
1 740 300 32,4 % 85
“
BE
549 153 10,2 % 19
“
CDU
444 319 8,3 %
17 “
(Dados recolhidos do Diário de Notícias (edição de 05 de
Outubro de 2015)
II. A caracterização
dos resultados
01. Grande vencedor: a institucionalizada MENTIRA.
02.Vencedores/perdedores: Partido das Sondagens e Partido da
Comunicação Anti-Social (Designações da autoria do jornalista César Príncipe,
que consideramos apropriadas)
03. Grande derrotada, detentora da vitória pírrica: coligação
PAF (Portugal à Frente ou em versão objectiva: Portugal ao Fundo).
04. Singular e impressivo vencedor virtual, embora com
derrota formal: BE
05. Grande perdedor previamente determinado pelos partidos
das Sondagens e da Comunicação Anti-Social: PS.
06. Habitual perdedor com repetidos pequenos ganhos
pontuais: PC.
07. Grandes perdedores: a Democracia, Portugal e dois terços
da população portuguesa.
III. Explicitando
01. A Mentira, continuadamente praticada pelos governantes,
sobretudo pelos dois irrevogáveis chefes do clã governamental, durante os 4
anos de governo da agora finada legislatura, foi consagrada como valioso património cultural e singular matriz
política do PSD e do CDS/PP, partidos chefiados, respectivamente, por
Passos Coelho e Paulo Portas.
O que releva de abastardamento de
valores éticos, deontológicos, morais e de factor de acomodação deplorável por
parte de uma faixa de quase dois milhões de portugueses, num rol de 5 374 343
votantes e numa lista de 9 439 711 cidadãos inscritos nos cadernos eleitorais. Portugueses
que votaram na agremiação partidária de direita que tem o culto da Mentira como
matriz do exercício da Política.
E se disso não tivéssemos
conhecimento ou percepção bastaria termos ouvido e lido as declarações do jovem
deputado Almeida, do CDS que, preto no branco, disse em precisa data, que ele e
seus companheiros “eram obrigados a mentir”. Imagine-se que “por imposição do povo”…
O2. Vencedores/perdedores (passe a antinomia) foram o Partido das Sondagens
e o Partido da Comunicação Anti-Social, na medida em que se coincidiram na
vitória, esta também acabou por ser redutora: quer da euforia promovida, quer
da almejada maioria absoluta.
Durante a campanha eleitoral tais
partidos moveram uma intensa campanha de manipulação das massas populares no
sentido de fazerem crer que a coligação PAF tinha a vitória assegurada e se
antevia a maioria absoluta. Começaram por apresentar resultados de 250
contactos com telefones fixos. Depois, em crescendo, passaram a 300, 560 e,
finalmente, a número ligeiramente superior a mil contactos. A obsessão foi de
tal ordem que, ontem mesmo, as previsões dos resultados anunciadas às 20 horas
eram de que PAF teria a maioria absoluta de deputados (no mínimo 116). O tiro
saiu-lhes pela culatra. Na noite eleitoral nem se terá ouvido qualquer
comentário sobre o erro das previsões.
Note-se que os dados das
sondagens eram sempre apresentados com apreciações, mais ou menos implícitas,
desfavoráveis a António Costa e ao PS.
Neste capítulo das sondagens há
que assinalar o facto de os mentores das sondagens não perderem tempo para
continuarem explorando o filão do expediente que utilizaram no período
eleitoral para influenciar os portugueses: logo nos primeiros minutos do dia de
hoje, 5 de Outubro de 2015, comemorativo da implantação da República, já o
locutor José Alberto Carvalho, da TVI, adornado com um largo sorriso de
satisfação, anunciava, a três meses de distância da eleição do Presidente da
República, que estava escolhido o futuro presidente, sucessor de Cavaco Silva,
com 49,3% dos votos – praticamente a maioria absoluta. Quem? O professor
Marcelo, por acaso, o comentador habitual das noites de domingo na TVI.
Daí que Marcelo Rebelo de Sousa,
fica-se parecendo com a pescada: antes de o ser já o é. E para compor o
ramalhete figurava em segundo lugar na lista de resultados da sondagem a D.
Mariazinha de Belém que consta ter sido apoiada e incentivada a candidatar-se
por gente da órbita da coligação PAF.
Vamos estar atentos. A partir de
agora os partidos das sondagens e da comunicação anti-social vão manter-se empenhados
em prosseguir a experiência da fabricação
de vencedores antecipados.
Vale a pena exprimirmos uma
curiosidade: ninguém se interrogou da razão de se apresentar tão
antecipadamente e no rescaldo de uma noite eleitoral para escolha de deputados,
os resultados de uma pretensa consulta ao eleitorado sobre as hipóteses do
professor Marcelo alcançar daqui a 3 meses a presidência da República. O que
significou que partiu dos aludidos partidos ligados à indústria e comércio de
fabricação de desfechos eleitorais o lançamento da candidatura de Marcelo
Rebelo de Sousa à presidência da República e, mais do que isso, o festivo
anúncio de que ele passou a ser o presidente da República eleito a três meses
da data marcada para a hipotética eleição formal. A realizar-se esta, será uma
descabida ocorrência; visto que sondagens e comunicação social estão cientes de
que ao professor Marcelo basta esperar sentado aos microfones da TVI pelo dia e
hora da posse do alto cargo da hierarquia do Estado que temos a afligir-nos a
toda a hora e instante.
03. A grande derrotada da noite eleitoral foi a PAF de Passos Coelho e
de Paulo Portas. Perdeu votos e mandatos relativamente ao anterior sufrágio
concernente à composição da Assembleia da República. A maioria absoluta deu a
alma ao criador. Ficou a dispor de 104 deputados, num conjunto de 230 lugares. Por
isso, a vitória tem o sabor amargo de uma vitória de Pirro. A Assembleia da
República passou a dispor de uma maioria de esquerda.
07. A grande perdedora foi a Democracia
Em primeiro lugar, pelo
significado inerente ao tão elevado número de abstenções:
4 065 288, relacionado a um
número total de 9 439 711 eleitores inscritos nos cadernos eleitorais.
Em segundo lugar, o facto de ter
havido quase dois milhões de portugueses que deram o voto a um governo
opressor, explorador e altamente responsável por tantos danos morais e
materiais que forçaram o desemprego, a emigração maciça, a ruína económica, e
arrastaram para a miséria e até para a morte milhares de cidadãos deste país,
demonstra que Portugal está gravemente enfermo e que um terço da sua população
se mostra insensível ao estado de desgraça nacional actualmente vigente.
O quadro que se desenha para o
futuro é extremamente sombrio. A maioria dos portugueses, se continuando o
governo da PAF de Passos Coelho e de Paulo Portas, vai suportar um calvário de
humilhações e de infortúnios.
Tenhamos consciência: O País está gravemente enfermo!
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal