DECIDIDAMENTE: NÃO
VOTAREI MARCELO!
PORQUÊ?
SIMPLESMENTE POR
MARCELO SER MARCELO…
Primeira Parte
Brasilino Godinho
Nunca
me encontrei pessoalmente com Marcelo Rebelo de Sousa. Mas desde 2004 temos
trocado breves mensagens pelo correio electrónico e pelo telefone. Em qualquer
dos casos, ocorrências tidas na sequência de críticas que lhe teci no livro A QUINTA LUSITANA e noutras que têm
sido expressas nas minhas crónicas de opinião relativamente a algumas suas
atitudes e a seus escritos insertos na imprensa. Sempre contactos
formalizados,
por qualquer das partes, em termos correctos.
Mas
tenho acompanhado desde 1973 os seus percursos: jornalístico, académico,
radiofónico, político e televisivo.
Lembro-me
das primeiras colaborações no semanário ‘Expresso’, nomeadamente a rubrica ‘Gente’,
especialmente dedicada a fofocas sobre pessoas da alfacinha capital e da ‘Linha’
(de Cascais e Estoris). ‘Expresso’ que teve a primeira edição a 6 de Janeiro de
1973.
Entre
1980 e 1983 Marcelo Rebelo de Sousa foi director do ‘Expresso’, cargo que
deixou de exercer para ir ocupar o de director do ‘Semanário’, onde se manteve
até 1987. Posteriormente a 2006 foi colaborador assíduo do semanário ‘SOL no
qual mantinha uma incrível secção de bisbilhotices e jactâncias, por mim designadas
de ‘marcelices’; e que ocupavam, como desperdício, duas páginas.
Licenciado
em Direito e doutorado em Ciências Jurídico-Políticas pela Faculdade de
Direito, da Universidade de Lisboa é detentor de uma brilhante carreira
académica, sendo actualmente professor catedrático da Faculdade de Direito, da
Universidade de Lisboa.
Na
Rádio TSF teve o programa ‘Exame’ no qual apresentava classificações
distribuídas a esmo sobre pessoas e instituições.
Iniciou
colaborações televisivas em 2000 repartidas pelos canais de maior projecção
nacional. Neste domínio de actividade interrompe agora as charlas das noites
dos domingos na TVI.
Marcelo
Rebelo de Sousa é filiado do Partido Social Democrático desde Maio de 1974,
tendo sido Presidente da Comissão Política Nacional no período de 1996-1998.
Exerceu funções díspares de representatividade política e de natureza
político-administrativa em várias instituições e autarquias.
Função
de grande significado de sua ligação monárquica é a que exerce, desde 2012, de
Presidente da Fundação da Casa de Bragança.
Ao
longo dos anos em que se tem mantido na ribalta do teatro-circo político foi
acumulando vários epítetos. Lembro os de: “criador de factos políticos”,
“activo fofoqueiro” “grande manobrador nos bastidores” “intriguista-mor do
reino” e “maquiavélico” (julgo que deste devo assumir a paternidade).
Cidadão
inteligente especialmente dotado nas artes do malabarismo dialéctico e da prestidigitação
oral é, em Portugal, um consagrado discípulo do escritor, político e
historiador italiano Nicolau Maquiavel. Ainda, neste aspecto, realce-se que
cumpre com superior mestria os dois preceitos enunciados pelo político francês
Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord:
-
“A palavra terá sido dada ao homem para que possa encobrir seu pensamento”.
-
“A oposição é a arte de estar contra tão habilmente que, logo, se poderá estar
a favor”.
Daí
ser Marcelo Rebelo de Sousa um consagrado manipulador de massas. O locutor da
TVI, José Alberto Carvalho, na noite de hoje e de despedida de Marcelo,
fugindo-lhe a boca para a verdade e com sentido de elogio, classificava-o do
mais influente comunicador de Portugal. Obviamente, omitiu qual o negativo
sentido dessa influência, habilmente desenvolvida durante 15 anos. Afinal,
alguém reconhecidamente identificado como “criador de factos políticos”.
Acrescento,
a título pessoal, que sempre que ouço Marcelo me parece estar ouvindo a
reprodução daquilo que conheço do discurso
e das práticas dúplices de Talleyrand. Condimentadas com os ardilosos
expedientes e subtis artimanhas de Maquiavel.
Por
tudo o que antes expus e pelo muito que fica omisso, sinto-me habilitado a
afirmar que conheço razoavelmente Marcelo Rebelo de Sousa.
Em
conformidade, anoto a razoabilidade do título desta crónica: Não votarei Marcelo Rebelo de Sousa.
Fim da primeira parte
(Continua na segunda parte)
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