A PESCADA MARCELINA
CUMPRIU O RITUAL
Brasilino Godinho
10 de Outubro de 2015
Foto de Hugo Raínho
01. Pescada
Marcelina entra em cena
A pescada Marcelina, vestida na pele e
possuída da alma do programado novo presidente da República, Marcelo Rebelo de
Sousa, sucessor do venerando chefe de
Estado, Aníbal Cavaco Silva, apresentou-se ontem na vila de Celorico de Basto
em todo o seu esplendor: com pose devidamente
estudada, delineada pompa, preconcebida circunstância e a habitual presunção (até
sugerindo a bênção apostólica, borrifada com hissope embebido em água benta).
E,
claro, expôs-se ao público na vistosa figuração de cumpridor do ritual circense
de entrosamento nas altas funções presidenciais que, desde já, lhe foram
atribuídas pelo “Partido da Comunicação Anti-Social” e “Partido das Sondagens”.
Cumprido
o primeiro acto do ritual circense de expressiva formulação político/partidária,
resta agora a Marcelo Rebelo de Sousa dar continuidade aos espectáculos
quotidianos. Seguem-se as arruadas e os desempenhos televisivos, nomeadamente o
festival de despedida das charlas domingueiras (na noite de amanhã), na TVI, as
entrevistas e os entretenimentos habituais nestas andanças folclóricas, até que
chegue o dia em que irá pisar a passadeira vermelha que já está estendida á
porta do Palácio de Belém – um espaço que estando já reservado e protegido das
intempéries e sujidades poluentes, obrigará Cavaco Silva, quando terminar o
usufruto da mansão presidencial, a sair dela pela estreita porta das traseiras.
O2. Marcelo Rebelo de Sousa e os seus actuais
dois mistérios
Na
cerimónia de Celorico de Basto, Marcelo brindou o povo com a formulação de dois
mistérios implícitos na abstrusa mensagem em que afirma que aquilo que o move é
o “dever moral de pagar a Portugal tudo
aquilo que o País tem feito por mim”.
Primeiro mistério: O que de tudo aquilo que Portugal tem feito por
Marcelo Rebelo de Sousa? O que terá sido de tamanha grandeza que Portugal fez
por Marcelo? Quem saberá ou quem ter-se-á dado conta?
E
por que razão uma Pátria que tem sido tão madrasta para com os mais insignes portugueses,
como Camões, houve mercê de tal importância dispensada a Marcelo? E que fez
Marcelo Rebelo de Sousa para ser merecedor de especiais atenções e favores de
Portugal? Quem está por aí que nos traga respostas a estas pertinentes
interrogações?
Não
cumprirá a Marcelo Rebelo de Sousa vir esclarecer tamanho imbróglio? Ou será
que Marcelo Rebelo de Sousa recebeu benesses de Portugal através da porta do
cavalo ou por portas travessas?
Seja
como for e uma vez que trouxe a público esta insólita informação cumpre a Marcelo
Rebelo de Sousa o dever moral e a obrigação cívica de prestar esclarecimentos
sobre o caso que, certamente, deixou perplexos os portugueses.
Segundo mistério: Como vai Marcelo Rebelo de Sousa pagar tudo aquilo
que Portugal fez por ele? Presume-se pelo teor e pelo sentido literal do
fraseado marcelino que será uma dívida imensa.
Julgará
Marcelo Rebelo de Sousa que bastar-lhe-á ter-se apresentado na vila de Celorico
de Basto como indigitado presidente da República, para se considerar
desobrigado da dívida que diz ter para com Portugal? Se assim pensa, pensa mal!
Jamais
uma encenação política foi ou será modalidade de pagamento de dívidas; e,
sobretudo, se o credor é Portugal.
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