BRASILINO GODINHO
VERSUS
PROFESSOR MARCELO
Brasilino Godinho
Professor Marcelo
Nota
prévia
01. O prometido é devido. Aqui está Brasilino Godinho a concretizar o
propósito enunciado no AVISO À NAVEGAÇÃO
INTERNAUTA, publicado mo p.p. dia 23 do mês corrente.
E
não só. Também a assinalar a passagem do décimo aniversário da mensagem que a 25 de Julho de 2005 endereçou ao
Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa.
Afinal, efeméride que é a razão maior deste espaço
informativo titulado: BRASILINO GODINHO
VERSUS PROFESSOR MARCELO
02. O signatário, Brasilino Godinho, presume que é de interesse público o
conhecimento de tal mensagem que, decorridos dez anos, conserva plena
actualidade.
03. Actualidade tão mais evidente quanto os leitores se darão conta que: quer o atento crítico, doutorando
Brasilino Godinho; quer o esquivo criticado, professor Marcelo; mantêm as
próprias, intrínsecas, disposições de ânimo e os mesmos procedimentos e
peculiares maneiras de estar em sociedade, que eram apanágio de cada um, nesse
distante ano de 2005.
Dir-se-á:
“Tudo como dantes; quartel-general em Abrantes”.
04. Segue-se a transcrição da mensagem de Brasilino Godinho enviada a 25 de Julho de 2005 ao professor Marcelo.
Aveiro, 25 de Julho de
2005
Exm.º Senhor
Prof. Doutor Marcelo
Rebelo de Sousa
Com grande espanto viu-o ontem no programa televisivo da RTP com
expressão risonha estampada no rosto a declarar que iria para o céu. Observei o
tom jovial – o que retirou, à partida, a carga emocional e dramática das
palavras proferidas. Apesar disso, nunca fiando na aparência das coisas ou na
ilusão das interpretações… A elementar prudência manda tomar à letra a singular
afirmação.
Por isso – e embora não desejando ser desmancha-prazeres –
permito-me o atrevimento de lembrar-lhe que a realidade é o que é. Pelos
vistos, o professor Marcelo precisa de ser confrontado com ela. E alguém tem de
assumir esse ónus. Aqui me apresento para, pegando no fardo, referir que, a ajuizar
por um recente procedimento, V. Ex.ª pouco vai fazendo para se apresentar com
boas credenciais junto do Divino Criador; e, assim habilitado, dele obter o
prémio das bem-aventuranças eternas. Com desagrado admito que – persistindo nos
expedientes censórios – quais pecados intoleráveis à luz dos normativos
democráticos e certamente não descartáveis no celestial Paraíso – irá suscitar
a condenação divina.
Estou em crer que o Supremo Ser não lhe vai perdoar o grande
pecado da prática da censura escondida no silêncio do seu gabinete; esta, mais
perversa que a homóloga da Comissão de Censura dos tempos de Salazar que era
exercida às claras, constava do conhecimento geral e estava sujeita a
referência expressa nas publicações (jornais e revistas): “Este número foi
visado pela Comissão de Censura”.
Claro que o Professor Marcelo sabe do que estou a falar (pegando
nas palavras do endiabrado Octávio do mundo futebolístico). Também se apercebe
que tenho autoridade moral para assim me exprimir – dado que sinto esse
terrível cutelo castrador do livre pensamento. Sempre a censura foi um
instrumento violador do direito dos cidadãos à informação. Na era democrática o
uso abusivo de tal instrumento assume uma gravidade extrema.
Mais: a censura é uma prática intolerável e proibida pelo
articulado da Constituição da República Portuguesa, como é do seu conhecimento.
Usada por um mestre de Direito é uma aberração da Natureza. Fico perplexo ao
interrogar-me sobre o que pensariam os alunos da Faculdade de Direito de Lisboa
se soubessem que o consagrado Mestre – e previsível candidato à Presidência da
República – falha ingloriamente na aplicação da doutrina que lecciona nas
aulas.
Apresento a V. Ex.ª os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho
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