Leitor,
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Leia!
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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, julho 23, 2015

Nas notícias

22/07/2015 - 13:11
“O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker revelou, numa entrevista ao diário belga Le Soir, publicada esta quarta-feira, que Portugal se opôs a que um alívio da dívida pública grega fosse discutido antes das eleições legislativas.
Passos Coelho já veio dizer que deve haver "alguma confusão".  Cavaco defende Passos e contraria Juncker.”

                                          
 
Foto bastante impressiva: Juncker, sério e compenetrado. Passos Coelho, dispersivo, brejeiro. Como se pensasse: aquilo que ele está a dizer
entra-me por um ouvido e sai-me pelo outro.


Comentário de Brasilino Godinho

O chefe do governo Pedro Passos Coelho quase todos os dias é notícia. E geralmente pela razão de ser, com insólita frequência, apanhado com o pé na poça… onde se concentram todas as inverdades em que está envolvido.

Desta vez é o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que veio desmentir Passos Coelho e revelar um segredo de Polichinelo.
De facto, todo o Mundo, Europa, Portugal e milhões de portugueses, estão fartíssimos de saber que grão-chefe Pedro Passos Coelho, ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque e presidente Aníbal Cavaco Silva, foram os dirigentes políticos portugueses que, na cena política europeia, mais se bateram contra a Grécia e que nessa luta se empenharam tendo em vista provocar o colapso do novo governo grego.
Leitor desatento perguntará: E porquê, essa obcecação?
A resposta é simples e transpareceu logo no início do mandato do novo governo grego.
Passos, Maria e Aníbal, a trindade representativa de Portugal, interveniente na discussão da crise grega, pretendia precaver-se contra um eventual êxito dos governantes de Atenas – o que a acontecer poderia desencadear efeitos de contágio nas próximas eleições legislativas e, eventualmente, provocar a derrota da coligação que nos vai desgovernando.
Cumpre assinalar que essas criaturas do arco do poder central não puseram os interesses de Portugal acima das suas obscuras conveniências partidárias e dos seus imperativos ideológicos. Igualmente, agiram segundo a perceptível conveniência de preservarem, para além das eleições que se avizinham, as benesses e mordomias que têm desfrutado nos exercícios das funções. E não só! Outrossim, dilatar no tempo os favores e as regalias, nomeações e promoções, que foram sendo distribuídas, com grande escândalo, pelas clientelas partidárias dos clãs que compõem a maioria governamental.

Aos leitores não deverá ter passado despercebido que se Passos Coelho não ousou negar preto no branco a afirmação de Juncker e disse que devia haver “alguma confusão” - decerto: a dele! – Cavaco Silva não se fez rogado e veio logo, na hora, dar uma, primária, não explicação. Socorreu-se de um fraseado que, parecendo ser explicativo, foi exemplarmente inconclusivo como é sua reconhecida prática linguística.

Sobressai desta confusão de palavras e atitudes uma realidade que, sendo insuportável, é profundamente detestável: os dirigentes políticos que nos calharam nas últimas rifas eleitorais tentam fazer da maioria dos portugueses uns idiotas naturalmente predispostos para aceitarem os seus expedientes bacocos, as suas conversas de chacha e as constantes aldrabices em que tanto se contemplam.

Com uma agravante: tais excelentíssimos personagens da desarrumação governamental são tão medíocres actores do malfadado teatro político e por de mais autoconvencidos, que nem se dão conta das tristes figuras que fazem em Portugal e no estrangeiro. Quando fora de portas, também mais provocando o embaciamento da imagem de Portugal e o descrédito da nação portuguesa.

Nota marginal – Há instantes a Televisão trouxe-me a imagem e a fala do presidente Aníbal Cavaco Silva. Pretexto: anunciar a data das eleições a 4 de Outubro do corrente ano. Objectivo: enfatizar a conveniência do voto útil na maioria absoluta. Logicamente: a maioria da actual coligação que, como todos sabemos, é a da sua especial e amorosa predilecção. A que associa, com notória visibilidade pública, desvelada protecção.

A criatura presidencial passou a quase totalidade do tempo de antena a referir-se (melhor dizendo: a repetir-se) ao que, na sua perspectiva, se passa nos outros países da Europa no que concerne a legislaturas e a processos eleitorais. Pela sua ordenança os portugueses devem plagiar os estrangeiros. Nem pensar em marcar individualidade própria.
Importa aos eleitores, segundo a doutrina de Cavaco Silva, serem bons alunos do seu magistério eleitoral; a qual subentende que os eleitores participem com o voto na consumação de uma maioria que assegure a continuidade governativa que tão bons resultados há conseguido em Portugal…
Verdade seja que - os eleitores uma vez cingidos a este idílico quadro de rotundo sucesso do seu amigo e correligionário Passos Coelho e do seu ajudante, o irrevogável Paulo Postas - nem valeria a pena o Estado fazer o enorme gasto com as eleições e correr-se o risco de que o auspicioso tiro cavacal lhes saia pela culatra.
E esse desaire quere o presidente Cavaco Silva evitar a todo o transe.

Ainda de anotar que presidente Cavaco Silva parecia um pastor Aníbal, evangélico, a tentar convencer as suas ovelhas de que se devem manter no redil social-democrata, de tom alaranjado, e no espaço adjacente do PP/CDS, mudas e quedas até ao dia 4 de Outubro. Sobretudo obedientes seguidoras do grande pastor Aníbal que lhes estava dirigindo a oração e apontando o rumo.
Mais uma vez, ali estava impante, Cavaco Silva, ousando considerar os seus fiéis e os milhões de ateus como se fossem mentecaptos e (ou) estúpidos que não sabem apreender as significações dos valores e as gritantes anomalias de uma sociedade em declínio. Demais a mais irregularidades indecentemente provocadas ou potenciadas pela governação de que é entusiasta apoiante.

E já agora, permita-se-me uma singela pergunta: Para marcar a data das eleições não bastaria um comunicado da Presidência da República e o respectivo decreto-lei publicado no jornal oficial?

Pois que se poupava a nação portuguesa de contemplar aquela descabida encenação e a enfadonha, patética, dissertação sobre as supostas virtualidades dos sistemas políticos de diversos países europeus.
Além de logo a seguir os assíduos espectadores das televisões serem presenteados com mais do mesmo, ao suportar as estopadas decorrentes das opiniões dos comentadores de serviço, velhos amigos da onça, que cansam e há muito tempo se tornaram extremamente aborrecidos.

Só que a presidente Cavaco Silva convinha insistir – recorrendo ao expediente de agir à laia de falsa fé - em levar a sua deslavada água ao moinho dos seus interesses partidários…

No entanto, verdade seja reconhecida e proclamada: aumenta o número de cidadãos que vão praticando a higiene mental. O que lhes facilita o expediente de desligarem os aparelhos quando se registam tais espectáculos.
Pelo que, sendo também um acto singelo de procedimento cívico e de afirmação sociopolítica, se admite como um raiar de esperança na redenção de Portugal.