Afinal, o Estado
Português,
em
sede de Quinta Lusitana,
está rico! Mesmo
muito rico!
Brasilino Godinho
Estado Português todos sabemos o que é. Também
estamos fartos de saber aquilo que tem sido propagandeado quanto à
sua situação de falido e de devedor crónico aos mercados
financeiros.
A
'Quinta Lusitana' igualmente
é conhecida como feudo dos actuais governantes que a cultivam sem
rei nem roque em proveito das próprias famílias e de outros clãs
mais ou menos aparentados, que a tomaram como se fosse sua exclusiva
propriedade e a exploram a seu bel-prazer.
E
se a Quinta Lusitana vai rendendo bastante aos seus usurpadores,
pouco sustento dela remanesce para os íncolas que vão perecendo à
fome, sujeitos â miséria, sem cuidados de saúde e, praticamente,
entregues à sorte de retardarem por dias, meses ou escassos anos, o
eterno repouso no 'jardim das tabuletas' que
esteja mais à mão-de-semear.
Em termos muito breves, esta é a geral panorâmica
que se depara em Portugal.
No entanto, pasmem senhores!
O
diário Correio da Manhã
de hoje, em notícia de primeira página, informa o público que:
ORÇAMENTO
DO ESTADO
Deputados
têm mais 3,5 milhões para viagens
Repare o leitor que se trata do orçamento dum Estado
falido, apresentado por um governo que apregoa austeridade e que
arrastou para a pobreza e para o desemprego milhões de portugueses.
Falta dinheiro para quase tudo que é básico. Mas
existem avultadas verbas para serem esbanjadas em viagens dos
deputados, para os gastos de milhões com as despesas correntes dos
quadros dos ministérios, o funcionamento da Assembleia da República
e a gestão da Presidência da República.
E por vir a República a talho de foice só há que
dizer que Portugal é uma república das bananas e um país de
bananas que aguentam tudo.
Até a legionella aí está para dar uma ajudinha aos
governantes no sentido de acabar com a malta que se obstina em
viver...
Presume-se que isso os torna repousados, felizes e
contentes...
Claro que só há que disfarçar o estado de
espírito... um pouquinho, para não espantar a caça.
Dá vontade de repetir a observação da Tia
Ambrósia: “Aquela gente da governança parece que tem pacto com o
Diabo”...
De
que se havia de lembrar Cavaco Silva?
Convidar
os portugueses a imitarem os cristãos que morreram no Coliseu de
Roma:
condenados,
martirizados e prestes a morrer, mas saudando
o
despótico imperador
Brasilino Godinho
E
por que o Estado está rico, aí veio Cavaco Silva mandar mais uma
das suas famosas, soberbas e inspiradas bocas... Comentaria o
falecido actor cómico, Badaró: “Toma e embrulha”!
Relata a Renascença e
o Sapo que hoje, em Estremoz, o venerando chefe do Estado (a que
chegámos em Portugal), Cavaco Silva, convidou os
portugueses a olhar para as dificuldades com um sorriso.
E, como não podia deixar de ser, convidou com o velho e requentado
sorriso que lhe é peculiar. Insinuando a utilidade das dificuldades
em proporcionarem aos indígenas portugueses boa disposição e uma
feliz acomodação às mesmas. Aqui está uma receita 'mal
amanhada' de curandeiro
pouco cotado no mercado das medicinas alternativas.
É um convite que causaria perplexidade se feito por
outra pessoa que não a cavacal figura presidencial; visto que
estamos habituados às incríveis falas de sua excelência.
Desta vez, o venerando chefe do Estado ousou propor que
os portugueses lhe seguissem, irresponsavelmente, os tristes exemplos
que vem dando de olhar para as dificuldades, provocadas pela equipa
governamental, com um sorriso em que vislumbramos alguma parcela de
cinismo e de completa insensibilidade para os sofrimentos da grei
portuguesa.
Este impróprio e patético convite faz-nos recuar no
tempo e evocar os cristãos que no Coliseu de Roma eram atirados às
feras e que, já na arena, saudavam o imperador gritando: “Ave
César, os que vão morrer te saúdam”.
E Cavaco Silva, com o convite formulado hoje, é como
aconselhasse os portugueses - atirados para a miséria, para a fome,
para a doença, para o desespero e, nalguns casos, até para a morte
mais ou menos lenta ou mais ou menos rápida - a sorrir em atitude de
resignação e manifestando agradecimento para com as cruéis pessoas
causadoras das desgraças de que são vítimas indefesas.
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