Uma preciosidade
do discurso governativo,
em passos de coelhal figura,
recolhida algures em Brasília;
afinal, repisando a frouxa relva
de Miguel – o risonho e inelástico
ministro da borda-d’água nabantina.
Através da Internet chegou-nos a preciosidade citada em epígrafe, inserida num texto que transcrevemos:
O ESPLENDOR DA HIPOCRISIA
Passos Coelho escolheu Brasília para corroborar a doutrina do seu ministro da Propaganda: “Muitos países europeus, em vez de 14, pagam 12 vencimentos. Não excluo que isso possa vir a acontecer em Portugal”.
A hipocrisia em todo o seu esplendor.
O que o primeiro-ministro não disse foi que os subsídios de férias e de Natal fazem parte do rendimento anual bruto dos trabalhadores do sector privado, dos trabalhadores do sector empresarial do Estado, dos funcionários públicos e, naturalmente, do montante indexado às pensões de reforma e aposentação.
Dito de outro modo, o patronato e o Estado arrecadam por antecipação dois catorze avos do rendimento anual bruto dos trabalhadores do sector privado, dos trabalhadores do sector empresarial do Estado, dos funcionários públicos e dos pensionistas.
Se fosse um homem de carácter, o primeiro-ministro teria dito o que disse no Parlamento português, sujeitando-se a contraditório.
Nunca no estrangeiro.
Em qualquer dos casos, tratar o tema ao nível da gorjeta é indigno de uma democracia.
Comentário de Brasilino Godinho
É importante assinalar que nos “muitos países europeus” - da lembrança da coelhal figura máxima da governação portuguesa - outras mais favoráveis são as condições, os níveis e a qualidade de vida dos trabalhadores e dos cidadãos autóctones. Acresce que nesses países ricos, os vencimentos também são mais elevados e não têm comparação com os míseros que são praticados na função pública e nos sectores correlativos às massas trabalhadoras e à classe média, em Portugal - país com uma população cada vez mais empobrecida, mais sofredora e explorada e onde os poderosos e os gestores auferem salários, mordomias e rendimentos, escandalosamente superiores aos dos seus homólogos da estranja (incluindo Europa e Estados Unidos da América); esta, trazida agora à colação sem qualquer nexo de objectividade e seriedade.
Tal “preciosidade” de oratória balofa e inconsistente, do grande chefe do grémio governamental, é uma falácia acintosamente inepta e oportunista que hemos obrigação moral e cívica de repudiar com o maior vigor.
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