MALDIÇÃO DA INVASÃO DA UCRÂNIA
E MORTE DO PADRE MÁRIO OLIVEIRA
DUAS SIGNIFICATIVAS OCORRÊNCIAS
Brasilino Godinho
27/02/2022
01. A Rússia invadiu a Ucrânia. Por horrenda iniciativa do ditador Vladimir Putin. Ela evidencia a insegurança vivenciada no planeta Terra e a ameaça que impende sobre a Humanidade; o que está permanentemente latente e ela impreparada para se antepor às calamidades naturais e às acções destrutivas de loucos que ascendem ao Poder em qualquer país; seja por golpe de Estado ou através de disputas eleitorais, como sucedeu em 1933 com Adolf Hitler.
A História regista inúmeros casos de guerras em diferentes continentes. Parece ser uma fatalidade e condição natural da pessoa humana a tendência para agressividade que nos tempos actuais toma formas imensas de destruição de bens e lugares e de ocorrência de grandes morticínios de multidões.
Por isso acontecer ciclicamente - agora sob a aterradora perspectiva de serem utilizados os arsenais nucleares de vários Estados com enormíssimo alcance de destruição maciça, deveras associada a catástrofes naturais e a pandemias; umas e outras, imprevisíveis – agora estamos confrontados com a demonstração de que a humanidade corre um enorme perigo de extinção. É aterrador pensar que um qualquer enlouquecido indivíduo pode causar o colapso abrangente da humanidade. Ainda, por cima, talvez coincidindo com incontroláveis pandemias, terramotos e erupções vulcânicas.
Não se vislumbra quem ou instituição esteja atenta a tão gravíssima questão e se dedique ao seu estudo no sentido de estruturar mecanismos de prevenção e contenção que assegurem um mínimo de protecção às populações indefesas dos cinco continentes. A ONU estaria indicada para tomar urgentes iniciativas atinentes a esse desiderato. Mas conserva-se queda, surda e muda.
E se pensarmos que tudo que seja ser vivente tem criação, crescimento, decorrência existencial e final, hemos de considerar que, numa qualquer data, a Humanidade sucumbirá.
02. Por falar nesse hipotético final de existência terrena, agora soube-se que faleceu o padre Mário de Oliveira, conhecido ex-pároco de Macieira da Lixa. Foi um religioso que tendo sido proibido de exercer o sacerdócio pela hierarquia da Igreja Católica, atingiu grande notoriedade nacional pela intensa actividade crítica que desenvolveu relativamente ao poder eclesiástico e à existência do Santuário de Fátima. Enfrentou com determinação a hostilidade dos governos do Estado Novo, que também criticava sem temor.
Dele tenho uma recordação singular. Foi o caso de no início dos anos sessenta eu estar instalado na área residencial do Santuário de Fátima em serviço de assistência técnica, ocupado em trabalhos de campo, concernentes à elaboração do projecto de um arruamento sito na área do santuário. Jantava na sala de refeições, no edifício da Reitoria e tinha na minha frente um jovem padre que, na altura, nem fiquei sabendo qual a sua identidade. Não tardou que estabelecêssemos conversa. Ela incidiu sobre política no contexto colonial e na guerra que decorria na Guiné-Bissau de onde acabara de regressar e estivera como capelão militar. Experimentava alguma surpresa por ouvir um padre tão crítico relativamente aos conflitos que ocorriam nas colónias. Passado pouco tempo e pelas acções que o jovem padre foi desenvolvendo como pároco de Macieira da Lixa e pelas fotos da sua pessoa que se publicavam nos jornais, fiquei ciente de que o meu interlocutor no Santuário de Fátima era o padre Mário de Oliveira.
Nunca mais o encontrei. Mas anoto a circunstância de o ter conhecido nas instalações do Santuário de Fátima e de poucos anos decorridos ele ter sido um persistente oponente dos anunciados fenómenos de Fátima e da própria existência do famoso santuário. E fiquei conjecturando se a sua ocasional e breve estadia em Fátima não lhe teria servido para fazer recolha de dados que, posteriormente, lhe serviriam para a sua cruzada contra o Santuário; expressada em livros e publicações avulsas.
Anoto minha perplexidade: a hierarquia da igreja católica nunca teve violenta reacção face aos ataques que lhe eram dirigidos. Estou lembrado daquilo que de diferente e mais contundente se passou com o padre Felicidade Alves, pároco de Belém, em Lisboa e das intervenções tidas pelo cardeal Gonçalves Cerejeira logo após o abandono do sacerdócio e casamento daquele eclesiástico.
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