A PROPÓSITO DOS ENCONTROS E DESENCONTROS
PARTIDÁRIOS QUE SE REALIZAM HOJE: 19/02/2022
NESTE DIA
há 4 anos
BRASILINO GODINHO
18 de Fevereiro de 2018
UMA FORMA DIFERENTE DE APRECIAR E
PÔR OLHOS EM CONGRESSO PARTIDÁRIO
Neste fim-de-semana realizou-se o congresso do PSD.
As televisões, os jornalistas e os habituais comentadores avençados, bastante filmaram, muito falaram, por de mais dialogaram e se repetiram como papagaios impertinentes e maçadores. Como se estivessem nas suas sete quintas. E claro que muito se entretiveram em divulgar o maior número de peripécias oratórias e circunstanciais em que foram férteis os espectáculos que, nos dias 17 e 18 de Fevereiro de 2018, se desenrolaram no cenário sumptuoso e colorido de vários matizes, do Centro de Congressos de Lisboa. Actuaram com gosto e melhor disposição. Não há nada em Portugal como um congresso para bastantes comunicadores darem largas à imaginação e poderem libertar-se das suas partidárias angústias existenciais. Parece que tomam fôlego!
Para além dos efeitos aqui anotados, os congressos dos partidos são sempre espectáculos mediáticos nos quais sobressai a envolvência ambiental e o chamado folclore político ou um tipo de teatro amador, vulgarmente caracterizado por medíocre nível a que podemos chamar de pobreza franciscana.
Para mim em qualquer espectáculo nunca concentro a atenção no seu foco central. Procuro sempre acompanhar – sobretudo interpretar - tudo que acontece nos espaços circundantes das cenas mais destacadas. E agrada-me reparar nos pormenores, nos comportamentos das pessoas, nos gestos, nos esgares, nos rancores das imprecações, nos olhares, nos esbracejares, nas exclamações, nos histéricos gritos da autoconvencida malta da jota, nas beijocas e abraços distribuídos a esmo; enfim, na linguagem gestual que cada indivíduo com maior ou menor espontaneidade revela de seu ser e personalidade. São vários espectáculos, num único espectáculo.
No fim de cada assistência, geralmente através da televisão, sinto-me enriquecido de conhecimentos da natureza e alma configuradas no homem e na mulher. Também, gratificante é acompanharem-se as facetas artísticas dos executantes das diferentes orquestras ou agrupamentos corais e os vários intervencionistas e malabaristas que actuam nas diversas modalidades: artística, musical, cultural, circense.
No que especificamente concerne aos congressos dos partidos há que ter olho vivo; ou seja: vista e percepção bem apuradas para se aperceberem as presenças e as deambulações daqueles congressistas que, fantasiados de políticos e muito activos uns ou mui discretos outros, circulam, discursam, manobram, dão entrevistas que pouco dizem ou nada transmitem e intrigam nos bastidores. O que chega a ser empolgante para os companheiros e para quem está distante, em sua casa, refastelado no sofá, perante a TV, serenamente a ver e a ouvir. Talvez, por vezes, bastante enjoado…
É de considerar que, no futuro, sejam facultados aos estudantes de psicologia estágios de observação e estudos sobre pessoas e multidões a terem lugar nos tempos de duração dos congressos de partidos, das assembleias gerais dos clubes Sporting, Benfica e Porto. Outrossim, nos campos desportivos dos três clubes, durante os desafios (palavra portuguesa e não derby do inglês.) de futebol. Embora tais estágios fossem de curta duração, decerto que proporcionariam material para úteis análises e profícuos estudos que muito valorizariam a aprendizagem dos alunos das nossas faculdades.
P. S. Estranho que no meio universitário ninguém tenha tido semelhante ideia e a correspondente concretização.
Caso para observar: se isto já tivesse sido feito pelos ingleses, logo seria imitado em Portugal. Aqui, neste país, persiste a subserviência face ao mundo anglo-saxónico.
Será que as universidades inglesas aproveitarão a ideia deste articulista de Aveiro?
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