Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

domingo, fevereiro 06, 2022

 

AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS

DE ABUSIVO FAZ-DE-CONTA

Brasilino Godinho

06/02/2022

 

01. Conforme estava programado

No p.p. dia 30 de Janeiro realizaram-se as eleições legislativas em que se fez de conta de que se estava escolhendo o Governo da República por parte da maioria dos portugueses. E todo o mundo de lusa gente encaixou tal falsidade.  

De facto o chamado acto eleitoral não foi uma eleição/escolha. Sim, um fingimento! Por ter sido um escrutínio tendente a obter dos “eleitores” a concordância sobre as listas dos nomeados candidatos pelos partidos políticos inscritos no pleito e a proporcionar avaliação dos números de adeptos/filiados/apoiantes de cada partido e o seu grau de implantação no território nacional. Uma espécie sui generis de recenseamento clubístico/político da partidocracia vigente.

Além disso os “eleitores” facultaram essa caracterização ao limitarem-se, como autómatos, a meter nas urnas os boletins que lhes impingiram; pois que não escolheram ninguém que os representassem e não dispunham de procuração para serem intérpretes da soberana vontade dos milhões (3 908 685 num conjunto de 9 298 390) de portugueses que não se abeiraram das mesas eleitorais.

No entanto, a farsa eleitoral mais uma vez proporcionou ensejo a exibições de insuportável folclore político/partidário. E logo na hora de encerramento das urnas elas se iniciaram e prosseguiram em catadupa, numa profusão de visuais, falados, escritos, entrechos expostos nas televisões, nas rádios e nos jornais. Quais órgãos de comunicação social, postos em delírio mediático, disponibilizaram - com superabundância cénica e aparato luminoso - várias mesas redondas, quadradas e oblíquas, a que se acomodaram os assíduos comentadores avençados que nas suas enviesadas intervenções discutiram percentagens, exaltaram vencedores, debitaram equívocos considerandos sobre os vencidos, e lamentaram os quantos habituais residentes do Palácio de S. Bento terão de fazer a trouxa e desandarem para outros lugares e ocupações que, decerto, aguardam os seus venturosos pousos. Claro que também os chefes dos partidos fizeram as suas perorações de circunstância; algumas delas algo patéticas.

Foi e é todo um espectáculo deprimente que se desenrolou por largo tempo de muitas horas e tem continuado na semana em curso, a pretexto de ocorrência de um facto de intrínseca falsidade.

Falsidade que, em primeiro lugar, decorre do articulado da Constituição da República Portuguesa que restringe drasticamente o direito dos cidadãos elegerem e serem eleitos – prerrogativa basilar num Estado de Direito, que em Portugal lhes é negada. Só indivíduos filiados nos partidos dela podem usufruir – o que acontece com falta de decoro, de sentido cívico e de nula expressividade democrática.

Também dessa restrição decorrem os abusos do clientelismo, do nepotismo, da corrupção e as nomeações pelos chefes e directórios dos partidos, de numerosos filiados para serem candidatos; quais muitos, destituídos de competência e sem idoneidade para bem desempenharem as funções de deputados e governantes – até se chegar ao ponto do governo ser um conglomerado de famílias, que, obscenamente, se revezam no Poder; com a particularidade de lhes ser fácil de realizar, com frequência, conselhos de ministros à mesa da sala de refeições, na casa de um ou outro, enquanto almoçam ou jantam…

02. O cerne da análise eleitoral foi mais uma vez ignorado

Como tem sido costume na vigência da Terceira República e consoante o que deslumbra na Partidocracia que nela está incorporada como marca identitária, realizaram-se no p.p. dia 30 de Janeiro as chamadas eleições legislativas que deram o costumeiro azo aos inerentes espectáculos das apresentações nos órgãos da Comunicação Social dos respectivos resultados seguidos das discussões e comentários sempre encomendados a figurantes e jornalistas avençados que se entretém a expressar opiniões conforme a ligeireza, confusão e equívocos que lhes é habitual; e que portugueses mais atentos já conhecem de ginjeira.

Mas é meu dever, como cidadão consciente, assinalar que também se repetiu a que já é crónica falha importantíssima nestes espectáculos televisivos, radiofónicos e nas inserções jornalísticas: o cerne da análise eleitoral nunca é aflorado. É escamoteado. Muitíssimo importante seria ir além do superficial e resolutamente atentar, apreender e analisar o essencial e dele extrair as consequentes e indispensáveis ilações para bem da grei portuguesa e em prol da regeneração pátria.

Em termos muito simples o essencial que sobressai da farsa eleitoral é esta verdade que ninguém em são juízo pode negar e que se traduz nos dados seguintes:

- total somatório dos portugueses inscritos nos cadernos eleitorais ………. 9 298 390 

- não votantes ………….. 3 908 685

- votantes ………………. 5 389 705

- votos no P S …………   2 246 637

- votos no PSD ………….1 561 928

- votos no Chega ………...  385 559

O que significam estes números:

- que em 9 298 390 portugueses quase metade não afluiu às assembleias de voto;

- que menos de metade dos votantes votou no PS;

Sobretudo destaca-se a realidade de que num conjunto de 9 298 390 portugueses vamos ter um governo somente apoiado por 2 246 637 cidadãos. Ou seja: 7 051 753 portugueses não apoiam ou são contra o governo (os que votaram noutros partidos).

Daí se poder classificar de abusiva a afirmação, constantemente pronunciada ou escrita na noite de 30 de Janeiro e dias seguintes, de que os portugueses elegeram o Dr. António Costa como chefe do governo e deram a maioria absoluta ao Partido Socialista. Não uma coisa, nem outra. Não se trata de um jogo desportivo em que por um se ganha ou se perde. Sem cabimento tal comparação, por que distintos conceitos e significações díspares.

Fiquem os portugueses conscientes de que o PS só foi apoiado por 2 246 637 portugueses. E o governo socialista tenha sempre isso presente no dia-a-dia da sua governação; visto que, afinal, só é apoiado por uma minoria de portugueses, manifesta no reduzido e expressivo número de 2 246 637 portugueses.

Mais: definitivamente se entenda que os deputados só se representam a si próprios e aos partidos que os nomearam. O povo não foi tido ou achado na sectária elaboração das listas partidárias.

Sobretudo, as gentes do PS abstenham-se de proclamar que PS e Governo foram eleitos pela maioria dos portugueses – o que é uma grande falsidade; embora a condizer com a intrínseca farsa eleitoral do transacto dia 30 de Janeiro.

Está-se face a um processamento institucional que compagina obsceno quadro de falcatrua eleitoral que reverte memória e semelhanças para as “eleições” da ditadura de Oliveira Salazar - a designada “Democracia Orgânica” do Estado Novo.