UM TEXTO SEM TABUS…

Brasilino Godinho

23/Fevereiro/2021

 

A MISTERIOSA BRUXARIA

NO FUTEBOL PORTUGUÊS

 

Não acompanho assiduamente as emissões futebolísticas das rádios e televisões. Nem vou aos estádios assistir aos jogos de futebol.

 

Reconheço que é pecado grave; intolerável no meio da espécie praticante e adepta e da Partidocracia vigente que bem a acolhe e melhor a festeja e galardoa como se fosse a grande riqueza do património civilizacional de Portugal.

 

No meu caso, não bastava ser um zero à esquerda no que concerne a dar pontapés e cabeçadas na bola para gáudio das multidões que afluem aos estádios e satisfação de quantas entidades oficiais recebem nos salões dos palácios estatais os festejados artistas dos espectáculos nos estádios, os apresentam como redentores da Pátria e lhes erguem estátuas; acresce o meu desplante de não acompanhar nas pantalhas as exibições das equipas e as diversas mesas redondas e quadradas que todos os dias são expostas à atenção dos fanáticos e das claques de tão desenvoltas actividades lúdicas e desportivas.

 

Todavia, atento que sou a todos os fenómenos e ocorrências que se vão sucedendo quotidianamente no País, tenho vindo a aperceber que há manifesta bruxaria no futebol português.

É que, quase todas as semanas, dir-se-ia que por magia (ou bruxaria?) há um compasso de expectante concretização de um específico lance de bola parada nos períodos finais de descontos de tempos inaproveitados da segunda parte dos desafios; em que, precisamente, se nota haver um penalti desconhecido que espera derradeira oportunidade factual; geralmente aplicado no último minuto; por sinal, um penalti que acontece realizado em benefício de uma equipa detentora da maior cotação no mercado futebolístico de Portugal.

 

É um repetitivo facto, semana após semana, certamente relacionado com misteriosa bruxaria – acentuo – que ainda não terá sido apercebido pelas autoridades sanitárias e profilácticas do lusitano mundo da bola.

 

Porém - se já do conhecimento da Federação de Futebol - é de estranhar que, nem sequer, como recomendável recurso, algum responsabilizado dirigente federativo tenha consultado uma qualquer distinta bruxa das várias que dispõem de consultório nas Avenidas Novas de Lisboa, no sentido de ser deslindado o mistério…

 

Ou então, em transe de extrema aflição clubista, se permitisse diligenciar, junto da entidade eclesiástica competente, a intervenção de especializado clérigo exorcista, na expectativa de ele esconjurar a esquisita peçonha/bruxaria…