UM TEXTO SEM TABUS…
Brasilino Godinho
26/Janeiro/2021
ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DE 24/JANEIRO/2021
Parte II
(Continuação da Parte I)
02. OS ASPECTOS FORMAIS DA ELEIÇÃO
A eleição do Presidente da República que teve realização no p.p. domingo, 24/Janeiro/2021, revestiu-se de caracterizações algo expressivas de desconformidade factual. Desde logo, por coincidir em tempo de pandemia extremamente perigosa, mortífera e bastante devastadora do tecido socioeconómico da Nação – o que impunha a sensata medida de transferir a data para um tempo mais propício, em que houvesse menos prevalência e perigosidade do coronavírus. Sem dúvida que foi uma simultaneidade absolutamente arriscada; assumida com imprudência pelo governo.
Particularmente invulgar, bastante insólita, sobremodo denotando falha imperdoável na operosidade dos serviços afectos à organização das eleições, a inclusão nos boletins de voto do nome e foto de um “candidato” que não era candidato. Uma coisa incrível e emblemática de desleixo e de ausência de sentido de responsabilidade – o que se denotou ser repartido por várias entidades e mais agrava, perante a opinião pública, o desacerto cometido.
Caso curioso é que na noite eleitoral, os governantes, jornalistas e comentadores obsequiosos para com um mundo que lhes dá promoção, atenções múltiplas: reveladas umas, subentendidas outras e ocultas algumas mais, zelosamente não reveladas; todos alinhados pelo mesmo diapasão: exaltaram o regular decurso do funcionamento das assembleias de voto.
Pasme-se! Nem uma única voz se ouviu a apontar a irregularidade inclusa nos boletins de voto, que aqui deixo anotada.
Outro aspecto a assinalar: o de haver candidato, Marcelo Rebelo de Sousa, incontestável vencedor antecipado. Isso veio a ser confirmado no apuramento final. E vencedor em todos os distritos do País.
03. A COMPONENTE FOLCLÓRICA
E A DESVIRTUAÇÃO POLÍTICA
DA NOITE ELEITORAL NA TV
A partir das 20 horas as assembleias de voto foram apurando os resultados das votações e as televisões entretiveram-se em proporcionar aos telespectadores a transmissão dos dados eleitorais e do patético espectáculo do folclore político. Este, traduzido na enormidade de disparates avulsos apresentados como sendo análises da conjuntura em foco. A que estiveram associadas as falaciosas interpretações das percentagens dos votantes relativamente aos candidatos e as descabidas e fantasiosas correlações com os partidos representados na Assembleia da República.
Impressionante a ligeireza com que se enunciaram vaticínios sobre as consequências advindas da eleição presidencial no amplo campo da Partidocracia vigente.
A inconsistência das argumentações expostas pelos politólogos de serviço televisivo esteve suficientemente patente para me impelir a atribuir-lhes nula relevância. Pois que mais não foi do que generalizada, indevida, pretensão de extrapolar valores entre uma eleição para a Presidência da República e as eleições autárquicas e legislativas que despontam no horizonte próximo.
Sobre a impropriedade de tal extrapolação hesito na sua objectiva classificação. Das duas, uma: ou falha de discernimento sobre o cerne da questão em debate – lamentável em politólogos, mesmo que actuando de cátedra em cenário televisivo; ou então releva de desonestidade intelectual posta ao serviço das correntes partidárias em que os intervenientes manifestam militância mais ou menos exposta conforme as conveniências pessoais.
(Continua na III Parte)
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