UM TEXTO SEM TABUS…
Brasilino Godinho
25/Janeiro/2021
ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DE 24/JANEIRO/2021
Parte I
01. O ESPECTÁCULO DA NOITADA TELEVISIVA
A noite televisiva de ontem, 24 de Janeiro de 2021, ocupada com os resultados da eleição do Presidente da República, não desmereceu dos medíocres espectáculos habituais das transmissões idênticas que têm sido efectuadas em ocasiões similares.
As declarações dos dirigentes partidários, ocupados em puxarem a brasa da vitória às sardinhas dos seus partidos; os comentadores avençados a perorarem sobre eventuais evoluções e reacções dos grémios partidários e fazendo patéticas interpretações dos resultados do escrutínio eleitoral, dissertando como se fossem catedráticos, dando-se ares de sapientes conhecimentos sobre a politicagem caseira.
Por artes mágicas todos ganham: cada partido, por isto ou por aquilo é vencedor; as estações televisivas ganham audiências; os comentadores ganham senhas de presença infectadas(…) por chorudas avenças. E parte do público tem algum ganho em ocupar o tempo e se contentar com as vitórias dos seus clubes políticos; enquanto outra parte se enfastiará em presenciar cenas irritantes e ouvir paleios inconsistentes e ridículos que, de todo, se lhes tornarão insuportáveis.
Ontem, seria de supor que não se anunciavam, nem se comentavam as votações nos partidos. Tratava-se de eleição presidencial e os votos repartiam-se por sete candidatos.
Mas, como não podia de deixar de ser, em Portugal onde se enraizou a hipocrisia, também na divertida noitada de ontem ela sobressaiu despudoradamente, pois que todos os intervenientes no grande evento televisivo muito especularam sobre a natureza da eleição, insinuada como correlativa ao devir da Partidocracia.
Em eleições anteriores, autárquicas e presidenciais, insistia-se muito que não havia lugar para extrapolarem-se, fazerem-se descabidas comparações e deduzirem-se conclusões incidindo sobre as legislativas e as hipotéticas implicações quanto ao futuro dos partidos e a previsões de êxitos e fracassos nas eleições próximas.
Afinal, assistiu-se a um festival de disparates, patéticas considerações e ridículas perorações.
Muito divertida por que bastante ridícula, a alocução do chefe do CDS que eufórico e sorridente, afirmou que o CDS ganhara a eleição, uma vez que o seu candidato Marcelo Rebelo de Sousa obtivera uma grande vitória – o que auguraria boas perspectivas para o Partido Popular/CDS nas próximas eleições. Ninguém, na assistência, teve a generosidade de chamar a atenção do orador de que ele estava equivocado. Numa eleição presidencial os partidos não apresentam candidatos.
Porém, o jovem senhor do CDS teve a glória de ser ele quem mais evidenciou e sublimou a hipocrisia de os demais dirigentes partidários chamarem, indevidamente, os partidos à colação da disputa eleitoral em apreço.
E nessa desfaçatez e hipocrisia tiveram a prestante colaboração dos chamados politólogos de serviço televisivo.
(Continua na Parte II)
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal