CRÓNICA ESCRITA EM MAIO DE 2020
Faz sentido republicar no início do ano escolar
EU ANDAVA DESCONFIADO…
Há bastantes anos que ando desconfiado (entenda-se como figura de estilo) de que os políticos, tendencialmente seleccionados para jogarem forte e feio no tabuleiro do oportunismo político/administrativo, são cultores de uma esquisita, antipática e intolerável relação antipatriótica com a minha querida Pátria (para os indígenas; Mátria para as indígenas) que é a Língua Portuguesa. E dela fazem obsceno alarde, demasiado exposto ao público.
Indício gritante dessa manifesta aversão - que dir-se-ia lhes ser congénita - é a forma indecente como toda aquela gente vem defendendo e usando a coisa abominável conhecida como Acordo Ortográfico de1990; a que associam a não menos indecorosa prática de mal falarem e pior escreverem o Português.
Nos últimos decénios, acentuou-se o abandalhamento geral do Português: inúmeras pessoas e jovens não o lêem, não o compreendem no sentido semântico, nem bem o interpretam nos contextos das falas e dos escritos e se o escrevem cometem erros de palmatória, falam-no mal e porcamente, desvalorizam-no, ignoram a gramática.
Isto acontece mesmo no seio das universidades. Incrível a impreparação na língua nacional dos jovens que acedem ao Ensino Superior. É uma desgraça linguística que compromete o futuro de Portugal como nação independente, soberana de si mesma.
Pois agora devo dizer que é altura de afirmar que a classe política que dispõe de poder executivo mantém escabrosa e desprezível relação inamistosa com a pátria língua e dela faz deplorável mantença.
Nas últimas semanas, os ministros da Educação, da Saúde e de Estado e Negócios Estrangeiros, deram ideia de disputarem campeonato de disparates ofensivos da dignidade da Língua Portuguesa.
Por exemplo: O JN de hoje, dia 05 de Maio de 2020, insere uma entrevista com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Em dado passo, sua excelência disse que, no que concerne ao relacionamento entre o Chefe do Governo e o Presidente da República, “as coisas correram optimamente bem”.
Parafraseando o governante, eu comento: que sua excelência assim se expressando, resulta que ao senhor ministro as coisas ditas, “optimamente bem”, afinal, lhe correm pessimamente mal.
Dada a abrangência da iliteracia, com foco na Língua Portuguesa, deveria ser obrigatório que os actuais governantes voltassem à escola secundária para reciclarem o Português e só retornarem aos exercícios dos cargos, munidos dos respectivos certificados de habilitação.
Pois que é uma vergonha, uma aberração cívica, um clamoroso descrédito para a função governativa do sector educativo e uma altissonante falha de autoridade funcional, que os governantes mal falem, pior escrevam o Português e muito maltratem a Dona Gramática; uma respeitável Senhora que deve ser tratada com grande respeito e a maior veneração.
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