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há 3 anos
15 de Outubro de 2017
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Brasilino Godinho
15 de Outubro de 2014 ·
ANTÓNIO COSTA METEU O PÉ NA... INUNDAÇÃO.
FICOU ENCHARCADO E TRANSTORNADO!
Hoje, madrugada do dia 15, transcrevo notícia (de ontem) do Facebook:
«O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, disse hoje que "não existe solução" para as cheias na cidade, refutando as críticas dos partidos da oposição que pedem a execução do plano de drenagem.
“O plano de drenagem não faz desaparecer estas situações. A solução não existe", afirmou hoje o autarca, à entrada para a assembleia municipal, quando questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de ocorrência de inundações como as que se registaram na segunda-feira e o impacto que poderá ter o plano.
Segundo o socialista, "não haverá nenhum sistema de drenagem que permitirá evitar situações deste género", podendo apenas "minimizar" o problema.
António Costa reforçou ainda que a situação verificada na segunda-feira nada teve a ver com a falta de limpeza das sarjetas e dos sumidouros.»
Estas declarações do presidente da Câmara Municipal de Lisboa suscitam-me uma interrogação:
Quais são os conhecimentos do Dr. António Costa, licenciado em Direito, sobre as disciplinas de Engenharia Civil, de Hidráulica e de Saneamento Básico?
“A solução não existe”? Como assim? Com que autoridade técnica se permite o Dr. António Costa fazer uma afirmação de tal gravidade? Espanta os cidadãos conscientes e responsáveis a ligeireza dos políticos em darem palpites sobre assuntos tão delicados que não dominam e que, pela sua natureza, exigem o maior rigor e sabedoria na respectiva abordagem.
Considere-se como hipótese admissível que - atendendo ao estado de negligência na construção e conservação de redes de esgotos de águas pluviais a que se chegou em Lisboa e na maioria dos municípios do País - as resoluções dos problemas que existem quanto ao mau funcionamento das redes de saneamento básico venham a ser muito onerosas para o Erário.
Mas importa referir que, na maioria dos casos, o problema tem a ver, principalmente, com a elaboração do projecto de construção da rede. Isto é: projecto é mal elaborado e os cálculos dos calibres dos colectores são feitos deficientemente porque pouco se atendeu às eventuais ocorrências das chuvadas críticas, como a recente em Lisboa.
Já no século passado se iniciou o correlativo expediente de encurtar os diâmetros dos colectores por evocadas razões de economia e de poupança dos dinheiros públicos. E ao ter-se procedido assim diminuíram-se as secções de vazão dos canos com o consequente resultado de não comportarem os caudais nas situações das repentinas e volumosas quedas de água. Acresce ainda que, por vezes, na construção das redes não é respeitado o projecto e não há efectiva fiscalização que acompanhe o desenrolar da obra.
Outro factor desfavorável é que os traçados das redes nem sempre são os mais adequados a um regular funcionamento do sistema de drenagem.
Pior, ainda, não se conservarem limpos os sumidouros, as sarjetas e os próprios colectores, desprezando-se, radicalmente, a utilização funcional das câmaras de visita. Sobretudo, nas redes de águas residuais domésticas e industriais é incrível como às câmaras de corrente de varrer não se lhes dá a necessária aplicação à sua específica funcionalidade.
Os meus leitores que têm a rotina da leitura e da assistência aos telejornais já se terão dado conta de que sempre que chove mais intensamente, em cidade ou vila, há grande inundação. E observado, muitas vezes, pessoas que, em situações de ruas transformadas em canais de correntes caudalosas, se afadigam na vã tentativa de desentupir as sarjetas e sumidouros.
Há que anotar que as excessivas impermeabilizações dos solos nos grandes centros urbanos também são um factor de grande risco associado ao fenómeno das inundações citadinas. Lisboa está nessa condição de vulnerabilidade.
Numa cidade como Lisboa e quando há um presidente que assobia para o lado e acrescenta que não há solução para a drenagem da capital, pois vão os lisboetas pondo as barbas de molho porque qualquer dia não serão só as vias rodoviárias (avenidas e ruas) transformadas em rios caudalosos. Também serão os túneis do Metro que, de repente, se tornarão canais de grandes correntes de água. Imaginem a calamidade.
Mais uma vez não consegui ficar indiferente a uma confrangedora assobiadela para o lado de um governante. O tema das inundações tem sido recorrente na minha prática de escrita para o público.
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