HOJE 08/06/2020, APÓS 3 ANOS DO ACTO DE DOUTORAMENTO RECORDANDO
Brasilino Godinho
8 de Junho de 2018
«QUEM O VISSE A CIRANDAR PELO AUDITÓRIO…»
Doutor aos 85
anos. “É um dia muito feliz para mim”. Há quatro anos, quando se licenciou, Brasilino
Godinho disse à TVI que haveríamos de fazer reportagem do seu doutoramento.
Esta quarta-feira, defendeu a tese e a TVI lá estava para testemunhar o feito.
2017-07-06 00:59 Manuela Micael
2017-07-06 00:59 Manuela Micael
Quem o visse a
cirandar pelo auditório, cumprimentando amigos, familiares e colegas de curso,
não diria que, minutos depois pesaria sobre os seus ombros a responsabilidade
de defender a sua tese de doutoramento. Trajado a rigor, de fato e gabão,
Brasilino Godinho exibia a calma que os 85 anos já lhe garantiram.
Esta
quarta-feira à tarde, na Universidade de Aveiro, tornou-se Doutor. Foi
aprovado, por unanimidade dos cinco elementos que constituíram o júri, e ainda
teve direito a rasgados elogios de cada um deles.
Depois de
conhecer o resultado, não escondia a alegria “É um dia muito feliz para mim. É
um dia muito marcante na minha vida. E acho que também é um dia muito
importante para a Universidade de Aveiro. Um jovem de 77 anos que ingressou
como caloiro, tirou a sua licenciatura e, agora, aos 85 anos, está a tirar o
doutoramento.”
Brasilino
Godinho deu mais um passo na aventura académica que iniciou aos 77 anos, quando
se matriculou no Ensino Superior, sem dizer nada à família. “Seguir para uma
universidade e tirar um curso universitário era já um desígnio que eu tinha da
minha adolescência. Era ainda adolescente, com 15 ou 16 anos, quando me comecei
a preparar culturalmente para entrar um dia na universidade”, explicou.
Mas não lamenta
que o cumprimento do desígnio só tenha acontecido agora, aos 85 anos: “Neste
momento, tem um valor muito maior. Naquela altura, se tivesse seguido carreira
universitária, teria ido para engenharia, que não era o que eu realmente queria
(…). Não seria o homem que sou hoje”.
Quem acompanhou
esta última fase do percurso, sublinha-lhe a dedicação e a autodisciplina.
Maria Manuel Baptista, orientadora da tese e diretora do programa de
doutoramento em estudos culturais da Universidade de Aveiro e da Universidade
do Minho, lembra as “longas conversas” que conduziram ao resultado final.
Foi sempre um excelente aluno. Muito cumpridor, muito autodisciplinado. (…) Muitas conversas, muito longas. Havia que lutar contra formas já muito estabelecidas de escrever e que não são típicas da academia e das universidades. A tudo, o Doutor Brasilino correspondeu com uma energia e uma alegria muito grandes.
Foi sempre um excelente aluno. Muito cumpridor, muito autodisciplinado. (…) Muitas conversas, muito longas. Havia que lutar contra formas já muito estabelecidas de escrever e que não são típicas da academia e das universidades. A tudo, o Doutor Brasilino correspondeu com uma energia e uma alegria muito grandes.
A Professora
lembra também o poder de argumentação de Brasilino Godinho, que, a par com a
“excelente nota de licenciatura”, lhe permitiram passar diretamente da
licenciatura para o
doutoramento.
“Quando acabou a
licenciatura, procurou-me, dizendo-me que queria prosseguir os estudos.
Disse-lhe que teria que tirar primeiro o mestrado. Ele disse-me: “Professora,
não vai dar tempo! Com a idade que tenho ou vou já para doutoramento ou não
tiro o doutoramento!”.
Aconselhou-o a fazer uma exposição aos órgãos máximos da Universidade e o agora Doutor não hesitou: “Fez um longo texto, como é normal no Doutor Brasilino, onde se explicou muito bem. Uma das coisas que lembrava ao senhor Reitor é que ele tinha sido o técnico que tinha projectado o sistema de escoamento de águas da Universidade. Nesse sentido, achava que a Universidade lhe podia retornar, de alguma maneira, agilizando este processo de doutoramento. Porque, se a Universidade funciona nos seus interstícios a ele lho devia.” O reitor acedeu e o resultado foi testemunhado esta quarta-feira por uma sala praticamente cheia. Falou com paixão de Antero de Quental e do patriotismo presente na sua Obra. Paixão tamanha que o levaram a lançar um desafio à Universidade dos Açores: dar o nome do escritor à instituição.
Aconselhou-o a fazer uma exposição aos órgãos máximos da Universidade e o agora Doutor não hesitou: “Fez um longo texto, como é normal no Doutor Brasilino, onde se explicou muito bem. Uma das coisas que lembrava ao senhor Reitor é que ele tinha sido o técnico que tinha projectado o sistema de escoamento de águas da Universidade. Nesse sentido, achava que a Universidade lhe podia retornar, de alguma maneira, agilizando este processo de doutoramento. Porque, se a Universidade funciona nos seus interstícios a ele lho devia.” O reitor acedeu e o resultado foi testemunhado esta quarta-feira por uma sala praticamente cheia. Falou com paixão de Antero de Quental e do patriotismo presente na sua Obra. Paixão tamanha que o levaram a lançar um desafio à Universidade dos Açores: dar o nome do escritor à instituição.
Brasilino não
quer ficar por aqui. Sabe que quer trabalhar. Dar aulas. Sabe apenas que não
quer parar. “Parar é morrer e eu acho que ainda sou muito jovem e ainda tenho
alguns anos de vida pela frente.”
TEMAS:
Brasilino
Godinho
Doutoramento
Universidade de
Aveiro
(Republicado a
pedido)
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal