BRASILINO GODINHO:
RECORDAR É REVIVER!
E PARTILHAR!
É facto que tenho uma legião de leitores e amigos que vão acompanhando os meus textos. Alguns manifestam interesse em me conhecerem melhor.
Entendo que devo corresponder e ter essa atenção com eles e com o povo português que muito acarinho. Ou não fosse eu parte dele, com muito orgulho da comum Pátria.
Daí as peças que vou publicando, especialmente entrevistas que concedi e reportagens que me foram feitas. Por umas e outras, os leitores, que as forem lendo, ficarão possuídos de razoável conhecimento do cidadão Brasilino Godinho.
Transcrevo entrevista à TVI:
“Doutor aos 85 anos: “É um dia muito feliz para mim”
Há quatro anos, quando se licenciou, Brasilino Godinho disse à TVI que
haveríamos de fazer reportagem do seu doutoramento. Esta quarta-feira, defendeu
a tese e a TVI lá estava para testemunhar o feito
2017-07-06
00:59 Manuela Micael
Quem o visse a cirandar pelo
auditório, cumprimentando amigos, familiares e colegas de curso, não diria que,
minutos depois pesaria sobre os seus ombros a responsabilidade de defender a
sua tese de doutoramento. Trajado a rigor, de fato e gabão, Brasilino
Godinho exibia a calma que os 85 anos já lhe garantiram.
Esta quarta-feira à tarde, na
Universidade de Aveiro, tornou-se Doutor. Foi aprovado, por unanimidade dos
seis elementos que constituíram o júri, e ainda teve direito a rasgados elogios
de cada um deles.
Depois de conhecer o
resultado, não escondia a alegria:
É um dia muito feliz para mim.
É um dia muito marcante na minha vida. E acho que também é um dia muito
importante para a Universidade de Aveiro. Um jovem de 77 anos que
ingressou como caloiro, tirou a sua licenciatura e, agora, aos 85 anos, está a
tirar o doutoramento. Acho que é um dia muito marcante também para a própria
Universidade.”
Brasilino Godinho deu mais um
passo na aventura académica que iniciou aos 77 anos, quando se matriculou no
Ensino Superior, sem dizer nada à família. “Seguir para uma universidade
e tirar um curso universitário era já um desígnio que eu tinha da minha
adolescência. Era ainda adolescente, com 15 ou 16 anos, quando me comecei a
preparar culturalmente para entrar um dia na universidade”, explicou.
Mas não lamenta que o
cumprimento do desígnio só tenha acontecido agora, aos 85 anos: “Neste
momento, tem um valor muito maior. Naquela altura, se tivesse seguido carreira
universitária, teria ido para engenharia, que não era o que eu realmente queria
(…). Não seria o homem que sou hoje.”
Quem acompanhou esta última
fase do percurso, sublinha-lhe a dedicação e a autodisciplina. Maria Manuel
Baptista, orientadora da tese e directora do programa de doutoramento
em estudos culturais da Universidade de Aveiro e da Universidade do Minho,
lembra as “longas conversas” que conduziram ao resultado final.
Foi sempre um excelente aluno.
Muito cumpridor, muito autodisciplinado. (…) Muitas conversas, muito longas.
Havia que lutar contra formas já muito estabelecidas de escrever e que não são
típicas da academia e das universidades. A tudo, o Doutor Brasilino
correspondeu com uma energia e uma alegria muito grandes.”
A Professora lembra também o
poder de argumentação de Brasilino Godinho, que, a par com a “excelente nota de
licenciatura”, lhe permitiram passar directamente da licenciatura para o
doutoramento.
“Quado acabou a licenciatura,
procurou-me, dizendo-me que queria prosseguir os estudos. Disse-lhe que teria
que tirar primeiro o mestrado. Ele disse-me: ‘Professora, não vai dar tempo!
Com a idade que tenho ou vou já para doutoramento ou não tiro o doutoramento!’.
Aconselhou-o a fazer uma
exposição aos órgãos máximos da Universidade e o agora Doutor não hesitou:
Fez um longo texto, como é
normal no Doutor Brasilino, onde se explicou muito bem. Uma das coisas que
lembrava ao senhor Reitor é que ele tinha sido o técnico que tinha desenhado
todo o sistema de escoamento de águas da Universidade. Nesse sentido, achava
que a Universidade lhe podia retornar, de alguma maneira, agilizando este
processo de doutoramento. Porque, se a Universidade funciona nos seus
interstícios, a ele lho devia.”
O reitor acedeu e o resultado
foi testemunhado esta quarta-feira por uma sala praticamente cheia. Falou com
paixão de Antero de Quental e do patriotismo presente na sua Obra. Paixão
tamanha que o levaram a lançar um desafio à Universidade dos Açores: dar o
nome do escritor à instituição.
Brasilino não quer ficar por
aqui. Sabe que quer trabalhar. Dar aulas. E quem sabe até seguir para um
pós-doutoramento. Tudo “depende da evolução das próximas semanas”.
Sabe apenas que não quer
parar. “Parar é morrer e eu acho que ainda sou muito jovem e ainda tenho
alguns anos pela frente”.”
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