Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, abril 25, 2019


CARTA ABERTA
A Dr.ª MARGARIDA DE ANDRADE

Aveiro, 24 de Abril de 2019

Acabo de ler o interessante comentário de V. Ex.ª à minha obra A QUINTA LUSITANA, na noite de hoje inserto no Facebook, grupo AUA - Amigos, Universidade, Aveiro. Nele consta a informação de que a está lendo com agrado. Mais: tece uma apreciação que, como autor, muito me sensibilizou.
Cumpre-me agradecer a atenção e o louvor que é feito ao teor do livro e ao autor, signatário do presente documento.
Recorro a esta carta aberta não só para lhe expressar reconhecimento, mas também anotar algumas pertinentes observações que, talvez lhe suscitem interesse em conhecer e que despertem curiosidade e alguma perplexidade ao respeitável público que leio a sua mensagem a que reporta esta minha intervenção.

Para o efeito, julgo apropriado transcrever o texto de V. Ex.ª. A que procedo de imediato:
Margarida De Andrade
Margarida De Andrade É um livro que todo o português devia ler... e aprender àcerca de tanta coisa escondida sobre o nosso Portugal que ainda nao conheçam ... estou lendo e aprendendo ... gratidao Dr. Brasilino Godinho. É um livro fabuloso e a maneira como descreve é um encanto!”

Abstraio, obviamente, de aqui me contemplar nas palavras de elogio que me são directamente dirigidas.

Quero dizer a V. Ex.ª o seguinte:

1- A sua apreciação sobre A QUINTA LUSITANA é mui gratificante para o autor, Brasilino Godinho, de uma obra que foi censurada como nenhuma outra em Portugal - quer em tempos do Estado Novo, de Oliveira Salazar; quer no decurso da actual Terceira República.
Faço esta afirmação explicitando que durante a ditadura salazarista, todos os livros existentes nas livrarias (mesmo os livros proibidos que estavam escondidos e correndo risco de a PIDE os apreender, eram para ser vendidos). Em plena era, dita democrática, aconteceu com os meus livros colocados em algumas livrarias de Lisboa, do Porto, de Coimbra, de Aveiro e de Viseu, terem sido escondidos, precisamente para não serem vendidos. Chegou-se ao extremo de ser dito às pessoas que o procuravam: “Esse livro não existe”.

2- Penso que - o que se passou relativamente com A QUINTA LUSITANA e as livrarias esconderem os exemplares para não os venderem - deve ter sido caso único a nível mundial. Atente-se que no regime de Salazar os livros eram escondidos para serem vendidos à socapa. No meu caso a coisa funcionou ao contrário. Daí, eu aqui ter escrito ser A QUINTA LUSITANA a obra indecentemente censurada como nenhuma outra em Portugal – o que repito para vincar que existe censura em Portugal, agora mais perversa do que aquela que existiu na época da ditadura de Salazar.

3- Afirma V. Ex.ª que A QUINTA LUSITANA é um livro “que todo o português devia ler… e aprender acerca de tanta coisa escondida sobre o nosso Portugal (…)”
Exactamente, por A QUINTA LUSITANA ser aquilo que é e que ninguém ousou contestar seu teor e estilo literário e, ainda, para que o livro não fosse lido por milhares de portugueses é que a obra foi censurada com tamanha sanha persecutória. Ela é muitíssimo incómoda e indigesta para muita gente.

“A QUINTA LUSITANA” TEVE A PARTICULARIDADE E DISTINÇÃO DE TER SIDO BRINDADA COM UMA RECOMENDAÇÃO ESPECIAL:
“A QUINTA LUSITANA É COMO SENÃO EXISTISSE. NÃO SE FALA DELA. NEM SEQUER MAL. POIS SE O FIZÉSSEMOS ESTAVA-SE A CHAMAR ATENÇÃO E A CURIOSIDADE DOS PORTUGUESES PARA A SUA EXISTÊNCIA. E ISSO É INACEITÁVEL!”                       

Dr. Margarida De Andrade, estas as observações e informes que entendi dever transmitir-lhe. Releve-me que aproveite o ensejo para facultar ao público o conhecimento da existência de um expediente censório usado na disfarçada ditadura que é o regime vigente, para tentar “cortar a raiz ao pensamento” – como diria o saudoso poeta Rómulo de Carvalho.

Digne-se; V. Ex.ª de aceitar meus protestos da mais elevada consideração.
Apresento-lhe os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho