TRANSCREVENDO DE

A QUINTA LUSITANA

(In p.159)

Brasilino Godinho

“Sob o impacto do figurino de actuação da Imprensa, a situação política de Portugal não terá evolução favorável para ascender a níveis de qualidade. Não só porque a Política em Portugal carece de mecanismos de regeneração do ensino, de meios de educação cívica e de formação filosófica, reportados à evolução das mentalidades; mas, também, porque a Imprensa com o seu enorme poder não dá ajuda nenhuma. Pelo contrário, está a sustentar (financiando através das colaborações pagas) e a promover o apodrecimento da situação.

Percebe-se que as administrações, as direcções e as redacções dos periódicos estão integradas no sistema e não se dão conta da importância (ou acintosamente desvalorizam as oportunidades) de abrirem as suas colunas a pessoas independentes susceptíveis de – através da novidade e variedades dos assuntos, dos peculiares estilos de linguagem e de inovadoras formas de abordagem, patentes nos seus escritos – despertarem rotinas de compras e de leituras das suas edições por parte de todos quantos se interessam ou se poderiam sentir incentivados, pelo tratamento isento dos temas da política e da actualidade, com uma perspectiva de distanciamento e de análise, livres dos espartilhos e das cumplicidades interesseiras do partidarismo.”