BRASILINO GODINHO ENTREVISTADO PELO CORREIO DA MANHÃ
Defende tese de doutoramento aos 85 anos
“Entrar na sala de aula foi algo de inexplicável”, afirma Brasilino
Godinho.
Por Aureliana
Gomes|
Foto CMTV 1576 0
Brasilino
Godinho está prestes a defender a tese de doutoramento em Estudos Culturais na
Universidade de Aveiro
"Entrar numa sala de aula depois de 60 anos
sem frequência escolar foi uma experiência extraordinária. Tive uma sensação
inexplicável." A afirmação é de Brasilino Godinho, de 88 anos, que
decidiu, aos 77, retomar os estudos, que ficaram para trás ainda em
adolescente.
Agora, prepara-se para defender a tese de
doutoramento em Estudos Culturais, na Universidade de Aveiro. O gosto pelas
letras e pelos livros sempre acompanhou o homem que se intitula
"engenheiro sem canudo", mas a falta de dinheiro dos pais e a
insensibilidade do avô paterno travaram o sonho. "Ele tinha muito
dinheiro, mas quando lhe pedi para ir para Lisboa estudar, disse-me que não.
Oferecia-me, em troca, uma bicicleta para eu ir trabalhar com ele",
recordou. Natural de Tomar, pegou nas malas, foi para Lisboa e depois para os
Açores. Lá, casou-se e teve dois filhos. Mais uma vez, o sonho voltou a ficar
na gaveta e as letras também. Exerceu durante toda a vida a profissão de
topógrafo em várias autarquias e foi em Aveiro que terminou a carreira. Em
2008, a companheira de uma vida morreu, e Brasilino assumiu que era a hora de
retomar o sonho.
"Desde sempre estudei, mas em casa. Nesse ano
decidi ir para a universidade estudar sobre o que me fazia feliz",
revelou. Terminou a licenciatura em Línguas e Cultura com 15 valores.
Brasilino foi o homem com mais idade a entrar no
ensino superior em Portugal. Consciente disso, na primeira aula pediu para
falar aos colegas. "Disse-lhes que ali não me considerava nem mais nem
menos do que ninguém", recordou. Hoje, é um homem realizado.
Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/portugal/cidades/detalhe/defende-tese-de-doutoramento-aos-88-anos?ref=HP_Outros
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Nota
de Brasilino Godinho:
Tenho
85 anos de idade.
A
minha licenciatura é em Línguas, Literaturas e Culturas, obtida em Dezembro de
2012.
O casamento
realizou-se em Fátima com uma micaelense.
Quanto
à profissão: nos primeiros 16 anos, ela foi exercida como desenhador e nos
restantes anos, de exercício profissional, como topógrafo e topógrafo-chefe, na
Função Pública.
Último
e importante esclarecimento:
Com
bastantes dezenas de anos de prática profissional como projectista em
engenharia rodoviária, com centenas de projectos concretizados em obras nos
mais diversos lugares deste país, nunca me apresentei como “engenheiro “ ou
“engenheiro sem canudo”. No entanto, várias vezes ao longo dos anos, comentando
ocasionalmente essa minha específica faceta profissional, acentuei que
projectava em engenharia rodoviária mas sem ter frequentado uma instituição de
ensinos médio e superior; tendo mesmo por vezes dito em tom jocoso: sou um
engenheiro sem canudo, para bem vincar que não pretendia induzir em erro as
pessoas e passar por aquilo que não era.
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