PELA DESCUIDADA BOCA MORRE O PEIXE…
TAMBÉM A GRANDE ILUSÃO MONÁRQUICA.
Brasilino Godinho
Duarte Pio de Bragança tem um
enorme fascínio por si próprio. Gosta sobremaneira de aparecer em público. E emitir
opiniões sobre os mais variados assuntos da sua vida pessoal, da sociedade e do
país. O que faz geralmente, nas televisões, nas rádios e para os jornalistas
recebidos nos seus ducais aposentos.
Entre os seus admiradores ou
seguidores conta-se um grupo de jornalistas que, por devoção ou por gáudio, apreciam
ouvi-lo e vê-lo radioso nas suas perorações. Por vezes, alguns elementos da
imprensa dão ideia de abusar da proverbial disposição do pretendente ao trono
de Portugal. Parece terem prazer, algo obsceno, em participar nessas jubilosas
manifestações do ego da criatura monárquica.
Hoje, houve sensacional novidade.
Duarte Pio falou aos microfones da Rádio Renascença. E das afirmações,
recolhidas pela Renascença, sobressaiu a notícia dada em primeira mão (Direita? Esquerda?) de Duarte Pio: “o povo aprecia o Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, pois este comporta-se como um rei.”
Esta fala engloba duas
componentes: a primeira, de apreciação repentista induzida pelo folclórico
espectáculo das aparições do Presidente da República – o que denota da parte de
Duarte Pio de Bragança a propensão para as conclusões apressadas; a segunda, de
desastrada conclusão sobre o comportamento de um rei e da facilidade com que,
afinal, qualquer cidadão o pode substituir nas reais funções, sem exibir o
estatuto de índole monárquico.
Além de que, segundo Duarte Pio,
Marcelo Rebelo de Sousa, deve sentir-se muito feliz por ser apreciado pelo povo;
e logo pelo excelente motivo: comportar-se
como um rei. Interrogamo-nos: O que seria Marcelo ou como ele seria
considerado se não se comportasse como um rei? Sorte dele? Especial habilidade?
Ou disparatada apreciação da pia criatura?
Impõe-se uma nossa observação:
Quem diria que o povo ainda se dava a estas comparações ou iria na conversa da
treta monárquica? Um incrível mistério pretensamente desvendado por Duarte Pio
de Bragança, que até é parte interessada no devaneio monárquico sobre Marcelo.
E realçando este aspecto da
facilidade e brilho com que um rei pode ser dispensado e substituído por um
qualquer Marcelo ou Marmelo que se limite a vir à praça
pública desempenhar os diversos papéis de pantomina que lhe estejam na real gana, Duarte Pio de Bragança meteu
o seu delicado pé na poça… do descrédito da suposta superioridade da realeza na
condução da representatividade da Nação.
É que Duarte Pio e seus
correligionários sempre apregoaram - e apregoam – que só o rei está à altura da
mais alta dignidade do Estado por que terá recebido instrução e preparação
educacional para o respectivo exercício.
Claro que Duarte Pio perante os
microfones da Renascença negou-se a si próprio ao admitir que temos em Marcelo Rebelo
de Sousa um figurado rei que ainda por cima
é apreciado pelo povo – o que nem sempre aconteceu com os reis de Portugal.
É uma pena que o ilustre
pretendente ao trono não se aperceba destes deslizes de linguagem e de como
pela boca também morrem as grandes e patéticas ilusões de monárquica natureza…
Não seria melhor que, no seu
magnífico estilo, Duarte Pio se mantivesse calado no seu palacete? Onde
previsivelmente não entram atrevidas moscas?...
Concluindo:
E pela boca saiu A INSANÁVEL CONTRADIÇÃO DE DUARTE PIO DE
BRAGANÇA.
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