Em Lisboa, nos ministérios e
empresas de regalo,
passam-se os processos pelas portas dos fundos...
Mas, em Portugal, não se passa nada...
passam-se os processos pelas portas dos fundos...
Mas, em Portugal, não se passa nada...
Brasilino Godinho
Em tempo não muito dilatado, no ministério da Defesa, Paulo Portas,
esteve uma noite e madrugada ocupado a extrair milhares fotocópias, segundo o
que veio publicado nos jornais. Mais tarde, descobriu-se que faltam, no
referido ministério, documentos (por acaso) relacionados com o famigerado contrato
de aquisição de dois submarinos.
Agora, noutros locais afamados, deu-se pela falta de recibos e
documentos (por acaso) referentes a negócios em que esteve envolvido Passos
Coelho antes de ser chefe do governo.
Que conclusão se extrai destes factos? A de que
está acontecendo algo misterioso... Sempre, perdas de documentos
correlacionadas com específicas actividades de gente graúda com pouso, cama,
mesa, nos palácios da governação nacional.
Vaticino: anda bruxedo nestas trapalhadas dos
desaparecimentos de documentos...
E, grande, insólita e emblemática circunstância
temporal: no meio ambiente da alfacinha capital prevalece o silêncio das
catacumbas do Estado a que chegámos.
Pois o ruído que, por vezes, se ouve é o da chuva a
cair e a inundar as avenidas da urbe lisboeta...
Certamente por tudo isso... em Portugal não se
passa nada.
Nota: Entenda-se «regalo» como significando vida tranquila para os
administradores.
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