PASSOS
COELHO, ‘condenado’
EM
TRIBUNAL DE ‘segunda instância’
Brasilino
Godinho
Rezam
as crónicas de maldizer e por bem julgar, conservadas em memórias de muitos
portugueses, que Passos Coelho - precedendo um laborioso processo de popular instrução
e divulgação (não condicionada, nem sujeita a segredos de justiça mal
administrada) de graves irregularidades de âmbito pessoal e de mui desastrosos
Passos de sua perdição individual associados a avantajados danos colectivos (da
sociedade portuguesa), dados no decurso do transviado desempenho das
funcionalidades governativas – tem sido, ao compasso do tempo, inapelavelmente condenado
no tribunal de primeira instância: o tribunal da opinião pública.
Há
dias, deputados socialistas requereram na Assembleia da República a abertura de
um inquérito para apuramento das responsabilidades de Passos Coelho
concernentes aos denunciados ilícitos ou irregularidades, ultimamente
noticiados nos jornais e televisões.
Imediatamente
se constituiu um pequeno e seleccionado tribunal, no seio da Assembleia,
maioritariamente constituído por membros da maioria parlamentar. E sem ter
havido qualquer instrução processual este improvisado tribunal, de mal-amanhada
segunda instância, deliberou indeferir o requerimento, não permitindo a realização
de qualquer inquérito sobre os estranhos procedimentos de Passos Coelho.
Pelos
vistos e por suprema reserva de precaução quanto a eventuais efeitos
devastadores do inquérito em sede da governança vigente, impôs-se aos deputados
do clã PSD/CDS a necessidade de esconder as coelhais matérias incriminatórias
de que o doutro tribunal parlamentar, talvez por portas travessas, se tornara
conhecedor.
De
uma expedita assentada os arregimentados juízes de paz coelhal acabaram com a
presunção de inocência de Passos Coelho.
Dir-se-ia
que os jovens juízes decidiram em causa própria, preocupados em pôr a salvo o
seu mentor Passos Coelho e assim facilitar a prossecução da campanha eleitoral com
vista à reeleição do grande chefe e às correspondentes continuidades das suas
airadas vidas na Assembleia da República - república à qual chamaram-lhe um figo;
e que, num mundo português de miséria moral e de penúria material, consideram a
sua próspera “Quinta Lusitana”…
Também
numa reacção imediatista (confessamo-la, sem qualquer constrangimento), acudiram-nos
ao espírito propósitos de classificar com adequados adjectivos o acontecimento,
de modo que ficassem bem evidenciados perante o público os seguintes dados: o escândalo da decisão, a desvergonha do intento
e a grosseira manipulação traduzida na obscura, patética, encenação de
branqueamento da imagem da coelhal figura.
Porém,
discernindo melhor a nebulosa que se nos deparava, concluímos que, afinal, o
referido tribunal de segunda instância não se dando conta do verdadeiro alcance
da imperativa negação do inquérito estava, de facto, a proferir uma sentença de
inequívoca confirmação das acusações a Passos Coelho que se vêm sucedendo
continuamente nos últimos anos.
Passos
Coelho e seus comandados julgavam atribuírem-se um apetecível presente (embora
envenenado) e acabaram por exarar uma sentença definitivamente condenatória. Saiu-lhes o tiro pela culatra!
Visto
que todos sabemos que “quem não deve,
não teme”.
Os
deputados da maioria acabaram com as ilusões que ainda subsistiam nalgumas
pessoas que lhes são mais próximas. Sem margens para dúvidas, vieram demonstrar
que muito graves são as matérias factuais já denunciadas em público e que,
eventualmente, outras não menos graves, ainda estão no segredo dos deuses da
devoção de Passos Coelho.
Fica
a impressão que o mencionado tribunal de segunda instância, instalado na
Assembleia da República, liquidou o governante e político que há nome de Pedro
Passos Coelho.
Afirme-se
que: A BEM DA NAÇÃO1
(Como
diria o falecido ditador Oliveira Salazar. Que, por sinal, não era um político
anão, nem jamais foi confrontado com falcatruas fiscais… nem acumulou proventos
com arrelvadas licenciaturas próprias ou alheias por si promovidas; sequer,
angariou fortuna com numerosos e esquisitos, negócios e pouco transparentes administrações
de empresas. Outrossim, nunca se comprometendo com suspeitosos relacionamentos
com gente mafiosa ou pouco recomendável).
P.S.
Hoje o gabinete do chefe do governo publicou uma nota que… “garante que está
tudo regularizado”.
Como
não haveria de estar? Se a sentença, a que aludimos, ainda não transitou em
julgado.
Entretanto,
por que num adulterado Estado sem vinculação efectiva ao Direito e à Justiça, a
sentenciada criatura ainda não foi ‘dentro’…
e vai folgando.
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