Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

segunda-feira, dezembro 29, 2014


O apuramento que urge fazer
em balanço deste fim-de-ano


Brasilino Godinho

Está chegando o termo do ano de 2014.
É altura de se fazer o balanço do que foram as despesas efectuadas pelos órgãos do poder e pelos titulares dos altos cargos do Estado.
Isto porque num ano em que se acentuou o agravamento das condições de vida, foram impostos grandes cortes de vencimentos e de pensões aos trabalhadores e aposentados e se desencadearam mecanismos que gravemente afectaram os factores de produção e a economia, se decretaram medidas que agravaram os índices de desemprego e fomentaram a emigração de jovens licenciados - assim delapidando o património da massa cinzenta do país - se deteriorou o funcionamento do Ensino e se acentuou a desregulação do sistema hospitalar; tudo sempre com justificação no estado de pelintrice das finanças públicas, é importante os contribuintes e o povo saberem os montantes gastos com esbanjamentos na mansão presidencial, no Palácio de S. Bento, nos ministérios e com as passeatas ao estrangeiro do presidente Cavaco Silva, do chefe do governo Passos Coelho, do infatigável viajante que tem sido o ministro Paulo Portas e dos deputados.
Num tempo e modo em que os governantes e deputados estão sempre a apregoar que querem transparência na sociedade, no exercício da governação e na vida política (e dizendo que são sérios... quando não se riem do Zé-Povinho), é pois necessário haver conhecimento público dessas despesas. Até para se fazer ideia do enorme montante do Erário a esmo desbaratado e ficarmos cientes do descaminho que é dado às contribuições e aos indecentes cortes monetários que tão gravemente têm complicado as vidas de milhões de portugueses.
Igualmente imprescindíveis são os relatórios das viagens ao estrangeiro efectuadas pelos presidente, chefe do governo, ministros e parlamentares para se conhecerem os resultados/benefícios de tão dispendiosas actividades turísticas (como serão na maioria das ocorrências). A propósito: os leitores lembram-se das viagens a vários países realizadas por alguns deputados que, com arte e engenho, as fizeram sem saírem do território nacional?
Não é admissível que enquanto milhões de portugueses passam inúmeras dificuldades e sofrimentos por carência de meios materiais, haja individualidades que assobiam para o lado e se permitem gastar fortunas sem dar cavaco aos concidadãos.
O que configura uma situação própria de uma república das bananas. E a negação de um Estado de Direito, atento aos interesses da grei e zelando direitos dos cidadãos.

Adenda pertinente
Os leitores reparem nas tristes palavras, que dão pena, proferidas pelo cidadão Anibal Cavaco Silva em data relativamente recente: “A minha reforma quase de certeza que não vai chegar para pagar as minhas despesas”. (As ditas dão pena? A bem ver, por bom entendedor, se pode descortinar que quem disser o contrário não mente...).
Presume-se que, da quase certeza a cavacal figura tenha rapidamente chegado à certeza absoluta da temida impossibilidade de pagar as suas despesas. O que, de situação penosa, passou a situação de aflição para quantos se revêm na condição de dedicados, amorosos, subditos do venerando Chefe do Estado (que temos – e que não é aquele que maioria dos indígenas desejaríamos que fosse). A propósito, faz-se um parêntesis (qual seja, para inserir o registo de que ninguém se tenha lembrado de providenciar uma colecta nacional em socorro de sua excelência. Caso para se dizer que há por aí espalhados muitos amigos da onça, que se ficam pelas meias-tintas, embora ostensivamente albergados no seio da família cavaquista...).
Logo, face à angústia instalada na sua distinta pessoa, é de presumir que sua exclência ter-se-á sentido muito limitada nas mui pessoais boas intenções de viajar, conhecer o país de lés-a-lés e visitar vários países de sua especial afeição turística, devidamente acompanhado pela dedicada esposa, veneranda Senhora D. Maria e por numerosas comitivas de apoio e convívio fraterno.
Por isso considerando, põe-se a hipótese, não despicienda, do cidadão Aníbal Cavaco Silva ter decidido tirar a barriga de misérias e aproveitar - enquanto é tempo de mandato presidencial - para realizar agradáveis roteiros turísticos dispersos por esse mundo de Cristo.
Também de assinalar que tal expediente de superar dificuldades embaraçosas não impedirira, de todo, que sua excelencia, venerando Chefe do Estado, num festivo alarde de generosidade, se permitisse a atenção para com os contribuintes da Fazenda Nacional de lhes fazer os relatos das actividades que o ocuparam nos vários tempos de ócio e de pretencioso trabalho oficial nas próximas paisagens e (ou) nas longínquas paragens além-fonteiras. Outrossim, a descrição das impressões recolhidas pelo seu peculiar olhar aquilino de longo alcance ou pela sua indesmentível e perspicaz intuição analítica e, ainda, pela, sobremodo, fecunda e muito distinta percepção intelectual que é de seu singular apanágio. Igualmente, o gesto simpático, cúmplice, de lhes facultar todas as fotografias tiradas nas várias expedições e... já agora, de lhes relatar o que de relevante se obteve com tamanhos esforços de abnegação turística, dados a crédito de real aproveitamento da grei portuguesa. Mas, sempre sucedendo por malfadado acaso dramático - anote-se! - à custa do sacrificado Zé-Povinho e sem resultados à vista (expostos a olho nu ou mesmo vistos com recurso a binóculos de pequeno, médio ou longo alcance).
Visto, amplamente sentido, suficientemente respigado e por devidamente concluso: Tudo isto, num tempo de pelintrice nacional, existe! Tudo isto, num espaço pantanoso e repelente, é absurdo! Tudo isto, numa dramática configuração patética, é detestável fado nacional...
Fim