Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Ao compasso do tempo…

O QUE FALTAVA NO DISCURSO

DO SENHOR DOS PASSOS…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana,blogspot.com

O Senhor dos Passos de Coelho, continuadamente perdido nos meandros da toca da desgovernação nacional e também não se dando por achado desta tenebrosa componente da vida comunitária da grei portuguesa, há dias, durante uma das suas habituais e desastradas incursões no campo minado da crise e da perversa austeridade, veio dar um ar da sua (des)graça.

A graça

(a dele)…

O ilustre Senhor dos Passos de Coelho que talvez se pudesse cognominar do Senhor dos Passos Perdidos (não só dos passos do vetusto casarão beneditino da alfacinha capital, mas dos seus próprios passos que se antevêem ser de rotundo fracasso a nível governativo), intrépido, ousado, diligente, venerador e obrigado quanto baste, proclamou urbi et orbi: “A senhora Angela Merkel não é culpada pela crise que o nosso país atravessa”.

Com bondade temos de admitir o óbvio: foi uma graça. Melhor dizendo: uma gracinha. Era a insignificante e descolorida pérola que faltava no estafado discurso do grande Senhor dos Passos. No entanto, teve o condão de nos divertir um pouco, face ao tom inocente e à circunstância de Sua Excelência ter dito aquilo com aparente convicção, levando-se muito a sério, porventura aflorando no gesto um quase imperceptível nervoso miudinho. Porém, as suas palavras inevitavelmente e de imediato suscitaram as maiores dúvidas a quem o tenha visto e ouvido; sobretudo, ao Zé-Povinho que, não sendo estúpido e com o seu proverbial discernimento, já está precavido quanto ao grau de credibilidade com que devem ser acolhidas as afirmações bombásticas da coelhal figura.

Daí que - não havendo registos de informações ou declarações prestadas pelos políticos portugueses e pelos grandes figurantes do cenário político europeu que identificassem a senhora Merkel como a responsável pela famigerada crise que dolorosamente nos atinge no corpo e na alma - gente desatenta tenha estranhado a extemporânea declaração do Senhor dos Passos.

Mas tal intervenção do Senhor Coelho dos desvairados passos governativos tem a indelével marca de quem se vai impondo ao público como fiel discípulo da dita política alemã e reflecte inequivocamente a habitual subserviência que ele manifesta face à autoritária Merkel. Na circunstância, o portuga Passos, por demais voluntarioso, quis antecipar-se às dores da sua tutora germânica - o que nem vai mal à sua específica qualidade de venerador e obrigado de tão antipática criatura…

Mas, atenção, sendo do conhecimento geral que as afirmações do Chefe Passos se assemelham ao voltear de um cata-vento da torre de igreja da sua paróquia, facilmente se inculca a ideia de que ele negando, ontem, a irresponsabilidade da seráfica cidadã germana que, sempre de semblante carregado e olhar distante perdido no vácuo das suas transitórias cogitações e desconexos enunciados políticos, mais parece uma pastora evangélica de lugar periférico de Berlim, do que a dama de plástico que impõe a sua vontade à comunidade europeia; está hoje, implicitamente, a insinuar o contrário: as efectivas responsabilidades da chanceler alemã e do seu dilecto parceiro Nicolas Sarkozy, uma e outro formando o anómalo ser Merkozy, do inquietante eixo franco-alemão.

A desgraça

(dos portugueses de segunda e terceira classes, em geral e dos funcionários e reformados da função pública, em particular).

É que em vez de vermos o chefe Coelho, dos maus passos que estão sendo prosseguidos com a maior desenvoltura, imensa falta de sensibilidade e enorme sobranceria, acolitado pelos seus directos colaboradores, ele e estes preocupados com a gravíssima degradação das condições de vida de milhões de portugueses (muitos deles passando fome e em risco de fatal colapso de vida; os quais, expressam o negro quadro posto em escandalosa contraposição com os milionários proventos de uma minoria ambiciosa e insaciável de riquezas); o que é que as mencionadas personagens do desgoverno nacional nos transmitem de informação e, ainda, de confiança nas hipotéticas e desconhecidas políticas de inversão do inexorável caminho para o abismo da bancarrota a que vamos chegando com displicência e irresponsabilidade pela mão de tais inexpressivos gestores? Nada! É facto: não nos dizem algo de concreto e substancial. E palrando como os papagaios, não ultrapassam os lugares-comuns e as trivialidades do género: “A senhora Merkel não é culpada pela crise que o nosso país atravessa”.

Isto é uma tremenda desgraça nacional! Ou seja: uma quase total inoperância no exercício da Política. Esta admitida como a ciência ou arte de governar um povo no sentido da criação das melhores condições de vida, com vista â formatação de uma sociedade mais igualitária, mais fraterna, mais livre e mais justa.

Em prol da vivencia harmoniosa da sociedade e a bem da higiene mental dos cidadãos desprotegidos de Portugal há que descobrir uma qualquer forma de evitar que os governantes e o grupo dos insolentes e desacreditados políticos do nosso circo político estejam todos os dias, a todas as horas, por tudo que é sítio, a chagar a paciência dos indígenas com as suas perorações incongruentes, absurdas, fastidiosas, obscenas e desprovidas de sentido objectivo ou de real conformidade com a moral, a imprescindível coerência e a necessária justiça. (Talvez que a solução seja meter-lhes uma rolha de cortiça na boca, fixada com adesivo. Resultaria um duplo benefício: a utilização de um excelente produto nacional e os portugueses libertarem-se da praga, sossegarem o espírito e recobrarem ânimo…).

É constituinte de um pungente drama a situação que decorre dos governantes e políticos estarem desacreditados e não serem capazes de dar um benéfico rumo ao País.

Simplesmente deplorável é o regabofe das deslocações avulsas dos governantes. Pois não se admite que estejam permanentemente em circulação pelo estrangeiro e pelos diversos círculos eleitorais, envolvidos em manifestações e actividades pouco reprodutivas ou úteis, ficando-nos a impressão de que sendo assim exercidas as funções ministeriais pouco tempo lhes resta para o estudo e reflexão dos candentes problemas da Administração Pública – dando de barato que estejam possuídos de alguma competência e de uma natural predisposição. O que poderemos sintetizar: mais aplicação ao estudo, à reflexão e ao trabalho e menos espectáculo ou mesmo supressão do folclore ministerial – é o que se exige do pessoal dirigente da desgovernação nacional. Não há engano na escrita: é mesmo desgovernação nacional o que existe em Portugal.