Ao compasso do tempo…
Ministro da Economia,
em grande estilo, disse…
O chefe do Governo não destoou…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana,blogspot.com
01. Hoje, dia 14 de Novembro de 2011, no templo de S. Bento, da Assembleia da República, o distinto “Álvaro”, ministro da Economia, economizando nas palavras, confundindo-se nos significados, baralhando-se nas interpretações, atrapalhando-se nos sentidos e com recurso à repartição económica de três tempos de intervenção oral, falou da crise e da sua hipotética resolução (certamente em 2012, talvez em 2013? quiçá em 2014?) e explicou-se em grande estilo.
Vejamos:
1.º tempo – Ele disse (2012)…
2.º tempo – Ele disse que não disse (2012)… Porém, disse que disse (fins de 2012)…
3.º tempo – Ele disse, que se disse que não disse(2012), é porque disse que disse algo que diferente disse (2013, 2014), do que julgaram que disse…
Conclusão:
- Pela nossa parte, assombrados com tanta embrulhada, ousamos concluir: Decerto que o ministro disse, ele que antes disse e depois disse que não disse e disse que disse, se é que disse enquanto disse…
Os leitores, mais espertos que nós, perceberam?...
02. Mas o ministro da Economia num alarde de inspiração foi mais além na sua desenvoltura oratória e empenhou-se afincadamente em demonstrar aos senhores deputados que o seu grande problema era, precisamente, essa coisa chata que ele designava (com todas as impropriedades inerentes ou subentendidas), por descompetividade da economia. E para que todos não tivessem dúvidas sobre a natureza, a aplicação e as consequências da descompetividade, repetiu várias vezes que ela era da economia. Mas seja lá o que for, represente ou signifique, essa misteriosa palavra, desconhecida do léxico português, reconheça-se - sem esforço - que foi uma hábil prevenção. Decerto, uma precaução de louvar… Porque algum Chico Esperto poder-se-ia dar ao desplante de pensar que a descompetividade, simplesmente, se concentrava no ministro da Economia – por mero acaso a sua augusta pessoa, ali no uso da palavra. O que desde logo poderia, eventualmente, causar alvoroço e preocupação nos colegas da bancada…
03. Verdade que alvoroço e preocupação iam crescendo por aquele lugar e à cadência do tempo da sessão parlamentar.
Tanto assim expostos e sofridos os membros do governo, não houve outra alternativa que não fosse o primeiro-ministro erguer-se e levantando a voz, dizer que: “Nós não fazemos malabarices com as cativações”. Também ele, Passos Coelho, provavelmente, receoso de nem ser compreendido, como quem dá passos em frente, insistiu:”Sim, senhor deputado. Nós não fazemos malabarices”.
Ao ouvirmos tais expressões ficamos perplexos e não atinamos com o entendimento que havemos de alcançar sobre tão desconhecida matéria.
É que os dicionários e as enciclopédias não mencionam o termo. Interrogamo-nos: O que serão malabarices?
Malabarices com as cativações? Então as malabarices fazem-se com as prisões, aliciamentos, conquistas, seduções, retenções? E não fazer malabarices é algo importante? Ou liminarmente, no calor da refrega, afastar a hipótese de as fazer teria sido por falta de jeito ou pelo receio de insucesso? Não ficou esclarecido como será o modus faciendi ou porque nem ousou fazê-lo. Presume-me que seja modo ou procedimento reprováveis… Todavia, com a falta de esclarecimento do governante, como sabê-lo?
Enfim, intrigantes essas coisas que o chefe do governo chama de malabarices.
04. Decididamente, com tanta confusão e face aos inúmeros maus tratos na língua portuguesa que são dados pelos governantes, urge incluir no Orçamento uma choruda quantia de euros para as imprescindíveis tarefas de reciclagem da ensinança da Língua Portuguesa, a que os jovens políticos da desgovernação nacional devem obrigação de cumprimento.
Claro que em tempo de crise, lá virá a malfadada desculpa de que “não há almofada”…
Aliás, talvez se tornasse necessário um travesseiro…
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