QUE GRANDE TRISTEZA
E QUANTO INACEITÁVEL
INVERSÃO DE VALORES
Brasilino Godinho
02/03/2022
“CULTURA SUPERA QUESTÃO DE SOBERANIA”
É este o título que encima o texto de reportagem da “visita do Tal & Qual a Olivença” inserido na página 12, da edição de hoje, desse semanário.
E como se isso fosse pouco redutor da importante questão da soberania, o “Repórter Tal&Qual” escreveu que “visitou a histórica vila espanhola” - condescendendo (di-lo Brasilino Godinho) em considerá-la “com alma portuguesa”.
Subscrevendo tal introdução o repórter Tal & Qual desvirtuou o real sentido da actual situação da portuguesa cidade de Olivença como colónia espanhola.
Desde logo importa considerar, inequivocamente, que a Cultura não supera a questão de soberania. Pois que a soberania indecentemente usurpada pela Monarquia de Espanha sobrepõe-se a todas as várias questões que se possam suscitar na isenta apreciação da pendência que persiste desde 1815; data do Tratado de Viena que obrigava a Espanha a devolver a Portugal, de imediato, a soberania sobre Olivença; esta, reconhecida como território português pelo referido Tratado.
Por outro prisma de contemplação do tema: a “alma portuguesa”. Se alma é espírito síncrono de vida inerente ao ser, dele não é em caso algum dissociada. Se na cidade de Olivença prevalece a alma portuguesa isso significa que até - por essa circunstância de objectiva configuração - lhe é conferida a sua condição identitária de genuína terra portuguesa, associada à sua história; aliás, bem expressa e documentada no seu magnífico património arquitectónico, invulgar acervo cultural e peculiares tradições religiosas.
Também há que ter bem presente que a ocupação de Olivença ocorreu por invasão de Portugal pelo exército castelhano, assim desencadeando a “guerra das laranjas”, que Portugal perdeu. Tal êxito bélico não conferiu legitimidade à ocupação de Olivença. E que o Tratado de Viena rejeitou de forma concludente e de harmonia com as normas do Direito.
Concluindo: é uma aberração sociopolítica e um desvario antipatriótico que, em Portugal e por parte de gente portuguesa, se designe Olivença como “vila espanhola”.
Do outro lado da fronteira haverá quem diga que em Olivença a maioria da população é espanhola. Há que lembrar-lhes que os espanhóis em Olivença são colonos e que quando a Monarquia de Espanha se apoderou dessa parcela de território português a maioria dos seus habitantes era portuguesa. E tiveram que submeter-se ao domínio castelhano. Portanto, nunca será de aceitar a realização de um referendo, pois que os colonos espanhóis optariam sempre pela manutenção do actual e abusivo vínculo territorial.
Verdadeiro mapa de Portugal (continental)
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