INTERROGAÇÕES SOBRE

UM COMENTADOR DE TV

 

Brasilino Godinho

27/01/2022

 

Luís Marques Mendes, conhecido cidadão bracarense, há anos emigrado na capital alfacinha, Licenciado em Direito, ex-deputado do PSD, ex-delfim do Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto ele foi chefe do Partido PSD, é um cidadão há bastantes anos envolvido nas actividades da política colorida a tom alaranjado e vai, paulatinamente, somando tempos de antena televisiva como comentador da política caseira exercida segundo os moldes da partidocracia vigente em Portugal. Até um dia, de futuro incerto…

Mas, certamente, qualquer que seja a data finita da domingueira prestação do cidadão Luís Marques Mendes, que será termo do contrato da TV, é de crer que o facto dará azo a vistosa condecoração presidencial, galardoando os altos méritos das suas prestimosas conversas televisivas… O que se antevê já escrito nos astros que cobrem o Palácio de Belém.

Brasilino Godinho nem precisa de ser bruxo, para antever tão glorioso desfecho de vida televisionada duma figura estandarte da Partidocracia que temos em reserva obscura da deplorável cultura política que tem cativo espaço no caixote do lixo da história pátria.

Está pois, Marques Mendes, provido e beneficiando do estatuto de figura pública que se julgaria atenta ao que se vai sucedendo no capítulo das matérias, factos e processos de intenções equívocas, que o ocupam a divagar nas noites dos domingos, sentado à frente das câmaras da TV SIC; às vezes a perorar, muito convencido, sobre coisas e loisas de lana-caprina e noutras ocasiões ocupado a discutir, incansavelmente, sobre os sexos dos anjos demoníacos; os quais, ocasionalmente, lhe atormentam a alma ou em contraposição, em termos de cumplicidade e subserviência deplorável, lhe enaltecem o insaciável, fogoso, ego – só para chatear a malta que não vai à bola com as conversas da criatura emblemática da cultura partidocrata, que tem exposição nas noites domingueiras da SIC.

Seria previsível que, em oportuno tempo, licenciado Marques Mendes, qual suposto arguto observador, embora avençado comentador televisivo, se tivesse dado conta do que se passa de grave no Palácio de S. Bento, cujos corredores, salas, restaurantes, cafés, barbearia, ginásio, biblioteca, Passos Perdidos (e aqueloutros, bem achados…) recantos de jardim e hemiciclo, frequentou assiduamente.

É facto lamentável, frustrante, confrangedor, que sendo encomendada criatura para fazer comentações políticas tanto quanto possível coloridas com a cor do pomar das laranjas e laranjinhas, tenha esvaziado, ingloriamente, o seu acervo dos registos operacionais de uma matéria que, em princípio, lhe estava ao alcance (omito a palavra “completamente” para não parecer que o estou plagiando…à falsa fé e com segundas ou terceiras intenções).

Mais acrescento, situando-me no domínio da minha perplexidade: porventura, licenciado em Direito, Marques Mendes tem andado distraído e só agora se lhe abriram os olhos para a realidade que, durante décadas, a partir de 1975, tem sido apercebida por muitos portugueses, incluindo a minha pessoa que bastante tem escrito sobre o assunto.

Por outro lado, tal circunstancialismo parece denotar arrepiante miopia política que em Portugal está generalizada, parecendo ter carácter de endemia altamente virosa e sem remissão que se afigure exequível em sede de uma classe política que tanto hostiliza o cidadão comum.

Para além do atraso de Marques Mendes em se aperceber de matéria tão delicada e agora, finalmente, admitir a anomalia funcional da câmara dos repúblicos, no capítulo da incompetência, deu-se a insólita circunstância de lhe associar uma descoberta: existem “eleitos” deputados que, sendo incompetentes, “são uns completos incompetentes”. “São uns completos incompetentes”???... 

Ao ler tal afirmação tive a desagradável sensação de que se há deputados que “são uns completos incompetentes”, eu serei, com a complacência e generosidade do político Dr. Marques Mendes, um completo ignorante, por - repare-se na sentida vergonha! - não fazer mínima ideia do que é “ser completo incompetente”.

Todavia se eu, Doutor em Estudos Culturais, Brasilino Godinho, fico mal na fotografia; também Licenciado em Direito, Luís Marques Mendes não queda melhor, fotografado. Pois que ficam pairando nas cercanias dos estúdios da SIC ares de suspeição e as pessoas atentas ao circo político interrogar-se-ão: ele, Dr. Marques Mendes, alaranjado cidadão de fina estirpe sociodemocrata, nado e criado na cidade dos arcebispos, estará situado nos patamares de: “completo incompetente”? incompleto avençado, aparentando ser completo competente? completo convencionado personagem, comentador de televisão?...

Entretanto, haja simpática criatura que me explique o que é ser “completo incompetente”. E por natural extensiva divagação ou encadeamento linguístico, o que seja a inversa expressão: completo competente? Noutra vertente interpretativa: incompleto competente? Também que definição/explicação para: incompleto incompetente?

Aqui está descrito o avantajado e desconcertante imbróglio da autoria do português Luís Marques Mendes; o qual, afligirá as mentes mais susceptíveis, diligentes e apegadas ao desfrute do pomar onde, na “QUINTA LUSITANA”, se refugiam, contemplam, engrandecem e se vangloriam os companheiros e discípulos da Exm.ª Exc.ª avençada da SIC; de seu nome e “completa” identidade: Dr. Luís Marques Mendes.

Brasilino Godinho