PRECIOSIDADES DE LINGUAGEM
EM DESFAVOR DE PORTUGUESES
Brasilino Godinho
10/12/2021
Eu Brasilino Godinho, cidadão no pleno uso das faculdades de alma, nas actuais circunstâncias de desgraças sociopolíticas, que gravemente atingem Portugal e inúmeros portugueses, atento às preciosidades de linguagem do Presidente da República lançadas há quatro dias aos jornalistas, venho a público exprimir o que sobrenada de oportuna rejeição no meu espírito relativamente ao que disse o Supremo Magistrado da Nação.
Sua Excelência, que promulgou os diplomas que estabelecem o aumento do salário mínimo de 665 para 705 euros e o aumento de 0,9% nos vencimentos dos trabalhadores da Administração Pública, “entende”:
-1. “A solução encontrada pelo Governo, assumindo que os portugueses queiram um crescimento salarial maior em 2022”;
-2. que “respondeu-se a uma situação concreta da economia portuguesa”;
-3. que “alguns ambicionavam que se fosse mais longe, outros pensavam que não se devia ir tão longe”;
-4. “é evidente, todos nós gostaríamos que se fosse mais longe”;
-5. “há uma situação crítica pós pandémica que explica a solução"
-6. Implicitamente o Presidente da República outrossim entende a solução dos aumentos dos funcionários públicos numa incrível percentagem que nem chega a 1%.
Brasilino Godinho comenta:
Os itens que antecedem foram transcritos de vários sítios da Internet.
1. É interessante saber-se que o presidente Marcelo Rebelo de Sousa tenha a compreensão de o governo assumir “que os portugueses queiram um crescimento salarial maior em 2022” – o que são duas demonstrações: a da inteligência presidencial em ter a percepção da inteligência inserida em sede governamental… a qual, evidenciada no reconhecimento de “que os portugueses queiram um crescimento salarial maior em 2022” - o que parece ser um achado que me deixa encantado… (Tão encantado estou que ainda há instantes adquiri uma garrafa de gás por € 31,70 que a 28 de Junho p.p. custava € 28,40; e estou sabendo que as tarifas de circulação nas auto-estradas vão aumentar 50 %. Dir-se-ia que Portugal seria um país de rica população).
2. Situação concreta? Qual? A de miséria generalizada e empobrecimento acentuado de grande parte dos portugueses? A de, em contraposição, o enriquecimento contínuo dos poderosos “Donos Disto Tudo”, dos detentores de reformas e rendimentos milionários e dos políticos que lhes são adjacentes? Verdadeiramente o que se percebe é ser a “situação concreta” circunscrita ao sempre favorecido campo capitalista.
3. e 4. Os teores dos itens 3 e 4 carecem de sentido objectivo; anulam-se entre si.
Num diz-se que “alguns ambicionavam que se fosse mais longe, outros pensavam que não se devia ir tão longe”; no outro, é afirmado que “é evidente, todos nós gostaríamos que se fosse mais longe”. Como assim (a evidência de todos nós?): se outros não queriam ir mais longe, como não considerar abusivo que todos nós gostaríamos de ir mais longe. Ou então quem são os indivíduos incluídos no grupo dos “todos nós que gostaríamos que se fosse mais longe” ?
Ir mais longe? Porventura, ir até Bruxelas, com passagem por Madrid para a prática do beija-mão a Felipe VI? Quiçá dar a volta ao Mundo sem sair de Lisboa, como in illo tempore fizeram deputados mui habilidosos, mas sem vergonha que se visse ou pressentisse?
5. que há “uma situação crítica pós pandémica que explica a solução". Por sinal e pelo que é dito, ela não afecta as classes possidente e política de Portugal; as quais estão protegidas. As desgraças estão somente apontadas aos portugueses de segunda e terceira classes. E nessa vanglória se contemplam algo embevecidos os altos dirigentes do Estado. Nunca há mal que lhes chegue.
6. Incrível, desonesto, indecente, obsceno, altamente condenável, bastante agressivo da dignidade do cidadão, escandaloso a nível europeu, é o aumento de 0,9 % dos vencimentos dos funcionários públicos. Nem sequer chega a 1%.
Ainda não se concretizou a medida governamental e já sobem em catadupa os agravamentos das condições de vida dos portugueses mais carenciados.
Aumentam os custos dos bens alimentares, dos transportes, telefones, electricidade, gás, rendas de casa, medicamentos, tratamentos médicos, vestuário, calçado, ensino, etc..
Fica apontado um quadro horrível de enegrecimento, sofrimento, de desgraça existencial e de morte lenta, para cada português que vive na marginal vizinhança da “Quinta Lusitana”. Ela muitíssimo explorada pelo restrito grupo que a desfruta a seu bel- prazer e com exuberante ganância.
Importa assinalar que o pseudo aumento do salário mínimo de 665 para 705 euros é enaltecido por ministros e jornalistas como sendo o maior dos que já foram realizados. Outrossim, afirme-se que gratuita e detestável euforia tida em sede de interesseira vacuidade de espírito. Da parte dos governantes é de atender que eles estão abusivamente tecendo loas descabidas a uma política de falsos rendimentos que se traduz num continuado rumo de empobrecimento e de miséria da grei; e conforme a prática que lhes é corrente de agredirem, despudoradamente, a inteligência do vulgar cidadão.
Quanto aos jornalistas que fazem coro de exaltação do diploma governamental do famigerado salário mínimo de 705 euros, mostram não ter mínimo discernimento sobre a negativa incidência e as péssimas consequências que ele tem na vivência quotidiana da sociedade. O que sucede por malquista decorrência das nefastas políticas exercidas por gente medíocre que temos no circo político por fatídica sorte; as quais carreiam para o infortúnio da maioria dos portugueses.
Ou então jornalistas que bastante prezam as boas graças do governo. Se é que não se contemplam, com aprazimento, nas desgraças que a governança causa a muitos cidadãos. Em qualquer das hipóteses lamente-se tão anómalo procedimento jornalístico.
Diga-se que também aqui é manifesto informe do negro quadro repositório de deficiente Ensino e da falta de Educação Cívica que prevalece exposto no altar da Pátria.
Brasilino Godinho exprime agradecimento:
Tenho 90 anos de idade contados no transacto dia 25 de Outubro.
O que sendo vida de cidadão de provecta idade e talvez do conhecimento dos governantes deu azo a que os mesmos providenciassem no sentido de que a minha reforma de funcionário público não pesasse no meu bolso…
Eles têm tido o cuidado de ano após ano diminuírem-me a pensão numa cadência de impostos em crescendo ao compasso do tempo e de continuada subtracção de numerários; pelo que antevejo de, em data próxima, ela (pensão) ser inferior ao salário mínimo nacional.
Além de todos os anos crescerem as cobranças do IRS, as sobrecargas da inflação e os acrescidos gastos inerentes às condições de vida; os quais, o governo, certamente considera serem mais convenientes para desvalorizar e menorizar as importâncias das rendas vitalícias e as míseras actualizações anuais e assim, expeditamente, acelerar o meu passamento e devida colocação nalgum jardim de tabuletas.
Face ao que hei escrito e ao muito que se subentenderá o leitor fica compreendendo quanto Brasilino Godinho não está agradecido ao Presidente da República e aos governantes pelo (falso) desvelo com que eles zelam o seu bem-estar e lhe tratam da saúde…
Agradecimento brasiliano, qual saudação natalícia endereçada a Suas Excelências Hierárquicas do Estado.
Boas Festas! Melhor Ano Novo em que não abusem no desprezo para com os indígenas…
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