Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

domingo, novembro 14, 2021

 

PORTUGAL, PAÍS DO FAZ-DE CONTA

E ONDE PREVALECE A HIPOCRISIA

ASSOCIADA AO CINISMO E AO MAL

 

Brasilino Godinho

14/11/2021

 

Quem possuir um nível apreciável de conhecimento das ciências sociais e se disponha a analisar a sociedade portuguesa sob o prisma sociopolítico, facilmente se compenetra de que em Portugal se vive com uso e abuso da hipocrisia; sobrelevando o fingimento por tudo que é sítio, relacionamento entre pessoas, exercício de funções públicas, normas e legislação mais ou menos avulsa decretada por políticos incapazes e, muitos deles, corruptos.

Aliás a situação vigente impõe a necessidade de o colectivo dos cidadãos repudiar e bastante contrariar a orientação e correlativa, mui perniciosa, prática das abordagens superficiais sobre assuntos, factos e matérias de importância para a nação; como vai sucedendo até com recomendações, nesse sentido absurdo, apresentadas por parte de gente que tudo quer facilitar com repúdio do estudo aprofundado do que é verdadeiramente essencial.

Digo mais: urge em Portugal efectuar estudos qualitativos no domínio das ciências sociais com rejeição de generalidades, abordagens simplificadas e simplificadoras. Melhor dizendo: importa que pessoas capacitadas e perspicazes, no imediato, realizem estudos em profundidade, com abrangência, rigor, crítica, objectividade e vigilância atenta. De modo e com o alcance de inverter significativamente o estádio de hipocrisia, cinismo e fingimento que existe na sociedade portuguesa.

O fingimento mais em evidência está focado na classificação do regime dito e proclamado a todas as horas – de ser democrático.

Uma democracia é governo do povo, pelo povo e para o povo. Da antiguidade grega nos veio a designação e o ensinamento.

Em Portugal, infelizmente, o que subsiste é a partidocracia: governo dos partidos, pelos partidos e para os partidos. Ela instituída pelo articulado de uma Constituição concebida, “cozinhada” e aprovada pelos seus directos aproveitadores que são, especificamente, os partidos políticos com assento na Assembleia da República. Eles, quais clãs tribais arregimentados em sede de assembleia parlamentar, rotulam-se de democráticos mas constantemente apregoam necessidade de, através de eleições fantasiosas, adquirirem maiorias absolutas, que sem dúvida e notoriamente, são afinal ditaduras que se assemelham à do Estado Novo, só divergindo por não haver a PIDE; muito embora disponham de outros “discretos”, sofisticados, instrumentos de repressão e de muito agressiva censura. Disto Brasilino Godinho tem dado testemunhos expostos em várias crónicas publicadas em diversas ocasiões.

Na prática havida ao longo dos anos decorrentes pós 25 de Abril de 1974, tem sido feita demonstração de que maiorias absolutas servem para os seus detentores governarem em ditadura, sem estorvos ou impedimentos para imporem os seus desgovernos e arbitrariedades. Lá se vai para as profundezas do Inferno o verniz democrático com que continuamente se pretende embelezar a realidade compaginada nos procedimentos ditatoriais e na nojenta fachada da alcunhada “república democrática”.

Esta república colocada em contramão do curso da história pós-moderna é: Grande falsidade! Muitíssimo perversa! Absolutamente intolerável! Tem vindo a ser comprovado que ela, por exercício condenável dos seus dirigentes, arrasta continuadamente a decadência do País e inúmeras desgraças para o povo.

As eleições em Portugal são uma farsa que repugna a quem cultive os valores da seriedade e do Bem-Comum.

Os eleitores não têm alternativa de escolha. Apresentam-se nas assembleias de voto para depositar um papel que insere nomes de pessoas conectadas com os partidos que foram seleccionadas pela fidelidade mais ou menos fanática ao clã partidário em vez de escolhidas pela competência, seriedade e predisposição para bem representarem os interesses do povo e muito apropriadamente o servir.

Alargando a visão sobre o leque da enorme impostura em que Portugal está mergulhado, direi que é de reprovar com veemência e sem contemporizações a prevalecente orientação governamental de, perante o Mundo, fingir ser um país rico, que se permite ter um muito oneroso exército (que, imagine-se! tem no activo, na reserva e na reforma, 220 generais que custam à nação dos contribuintes a verba de 13,9 milhões de euros por ano) praticamente só existente para inglês, surpreso, ver encarregue de missões no estrangeiro. Incrível, um país falido, dar-se a um tão grande e irresponsável luxo de um enorme despesismo, com milhões de euros envolvidos e que tanta falta fazem no Serviço Nacional de Saúde, no Ensino, nos pagamentos de ordenados e reformas de miséria dos funcionários e aposentados da Função Pública.

Outro sector de gritante irregularidade que lhe subverte o seu funcionamento, o distorce e o desclassifica é o judicial. Neste país, finge-se que há Justiça. Precisamente Justiça onde devia radicar a reserva moral da Nação. Caso para dizer: estão abertas as vias da impunidade dos corruptos e dos criminosos de colarinho branco e do colapso de Portugal.

Outro sector que, em princípio, pela sua doutrina, se admitiria poder ser de reserva moral da sociedade, está arredado desse estatuto pelo elevado grau de fingimento que o desacredita e inviabiliza e que se expõe, condenavelmente, na conduta de muitos clérigos. Eles fazem juramento de celibato, de castidade, de cumprimento de boas acções e de exemplares práticas de virtudes. No entanto, têm amantes, alguns são pedófilos, praticam actos condenáveis. Ou seja: a toda a hora fingem aquilo que não são. Não se respeitam! Levam toda uma existência de permanente fingimento. São impostores contumazes!

Ainda com foco naquilo que poderei designar do português império do faz-de-conta, faço reparo no Ensino Superior. Desde logo na falcatrua/fingimento asqueroso das licenciaturas arrelvadas, socráticas e felicianas.

E como se não bastassem as disparatadas pragas das universidades seniores, das universidades de verão das jotas dos partidos (tinha que ser… os partidos e as suas malvadezas) e das universidades de vão de escada por aí dispersas sem rei, nem roque e porque ainda não se criaram as universidades juvenis e as universidades dos adolescentes; agora surgiu a novidade noticiada há poucos dias pelo JN-Jornal de Notícias de que em Portugal duas universidades inflacionam as notas de Direito – o que dá ideia de se estar procedendo à venda de licenciaturas a familiares dos Donos Disto Tudo.

Digo que não tive surpresa, visto que repito: Portugal é o país do faz-de-conta e vastíssima é a hipocrisia nele reinante: a começar pelos políticos e a acabar pelos clérigos. Com excepção de um ou outro que se constitui avis rara… 

Por assim tão mau ser o funcionamento da sociedade portuguesa, muito apreensivo estou quanto ao extremo perigo de sucumbir Portugal que vislumbro no horizonte próximo.