O 'DIÁRIO DE NOTÍCIAS', SUBTILMENTE CRITICADO...
O BAPTISTA'MAGOADO' E BASTANTE ELOGIOSO...
O MARCELINO QUE NEM DEVE TOCAR O HINO...
Brasilino Godinho
Hoje, quarta-feira, 8 de Outubro de 2014, o 'Diário de Notícias' publica a crónica 'Ponto final', de Baptista Bastos.
Nela, o conhecido jornalista dá-nos a conhecer que lhe aconteceram duas desgraças:
- que foi afastado do quadro de colaboradores do 'Diário de Notícias';
- que meteu (não o pé... como seria previsível) a mão na poça... imunda da censura que existe em Portugal.
Em referência ao afastamento não nos compete ajuizar.
Já no que concerne à segunda desgraça temos a obrigação cívica de tecer breves considerações; também por respeito para com o público e para que se realce a ligeireza com que em Portugal se elevam aos altares indivíduos que são grandes pecadores e que devido a essa condição nem são merecedores da admiração dos seus concidadãos.
Baptista Bastos, no artigo em causa, põe ênfase em duas componentes que muito sobressaem no contexto do mesmo: os lamentos que expressa com certa amargura; e os rasgados elogios ao anterior director do jornal, João Marcelino; que, acintosa e desmedidamente, inscreve em contraposição com o tratamento que agora lhe foi dispensado pelo Diário de Notícias – anote-se que a actual direcção do jornal não lhe censurou o texto.
É sobre esta parte elogiosa referente a João Marcelino, do artigo de Baptista Bastos, que recai a nossa atenção e a que se vão cingir os comentários que se seguem.
Escreve Baptista Bastos que o seu amigo João Marcelino tem grandeza, possui rectidão de carácter e pratica a cortesia.
Sobre a grandeza do jornalista João Marcelino diremos, simplesmente, que de facto muito imperfeita e primária ela é. Por isso, ninguém se dá conta dos seus resquícios; exceptuando os amigos, como Baptista Bastos.
Rectidão de carácter? Cortesia? Decerto que andam pelas ruas da amargura. Estamos conversados sobre esta matéria.
Mediante prova concreta acessível ao público, patente no livro 'A QUINTA LUSITANA', explicitamos:
Bem nos lembramos que João Marcelino, nome que fixámos ad perpetuam, e que aparece frequentemente na Televisão a lançar de si opiniões sobre futurologia política, era director do diário 'Correio da Manhã' na noite de 7 de Abril de 2004. Nessa noite, pelas 23h:30', precedendo aceitação do texto por parte do consultor jurídico do jornal, executada a 'maquete' (temos fotocópia) pelas 17 horas e quando a respectiva grelha ia ser metida na máquina impressora, o director João Marcelino, inopinadamente, através do telefone interno, deu ordem peremptória a proibir a publicação da minha 'Carta Aberta' a José Saramago, como anúncio pago (Publicidade) - a 'Carta Aberta' a Saramago veio, na mesma altura, a ser publicada no 'Diário de Aveiro', de 16 de Abril de 2004 e no semanário 'Tal & Qual', de 23 de Abril de 2004.
Sobre esta inqualificável atitude do jornalista João Marcelino não vamos poupar nas palavras: Ela foi um ignóbil acto de censura.
E afirmamos que quem assim procede à sorrelfa, pela calada da noite, director de jornal com responsabilidades de integral cumprimento dos deveres deontológicos, não tem grandeza moral, nem maturidade ética, tão-pouco virtude cívica. Menos ainda que se lhe possa atribuir rectidão de carácter e nele aperceber hábitos comportamentais de cortesia.
O facto relatado teve uma utilidade: ser demonstração inequívoca da prática da censura que é feita, sub-repticiamente, nos órgãos de comunicação social em Portugal.
Finalmente, uma última observação: este episódio de elogios excessivos a um jornalista com telhados de vidro é, também, exemplo de como funcionam em Lisboa certas sociedades, mais ou menos afamadas, de elogios mútuos fraternalmente repartidos.
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